domingo, 9 de abril de 2017

NO EXTERIOR DEVERÃO EVOLUIR SEMPRE DEBAIXO DE ORDENS

Por uma soturna viela duma velha cidade medieval que nos é grata, apinhada de gente nos dois sentidos à da luz da lua, uma senhora circulava com a sua pequena cadela à trela e aos ziguezagues, com o animal na sua frente a bater os dois lados daquele estreito caminho, progressão que incomodava a dona e que a fazia avançar como se tivesse ultrapassado a taxa de alcoolemia permitida por lei, embaraçando também os restantes transeuntes, que não sabiam para que lado haviam de se virar com medo de pisarem o pobre animal. Perante o caricato da situação e por descargo de consciência, aquela proprietária canina dizia em voz alta: “Niquita, quantas vezes já te disse que quando vais à frente é a direito e não às curvas”, reparo que a cadelita não ouviu e continuou na mesma, quiçá pela senhora não se ter feito entender ou por ter pouca prática com a trela. Assistimos à cena consternados e com pena do pequeno animal esganado.
O despreparo daquela inocente senhora, sem dúvida uma pessoa sensível e bem-intencionada, reavivou-nos a memória acerca de um procedimento a ter no exterior quando saímos com os nossos cães à rua, que deverão evoluir invariavelmente debaixo de ordem e não a seu belo prazer, considerando os riscos existentes, a possibilidade de desafios dispensáveis, a protecção da sua salvaguarda e de terceiros, a ocorrência de surpresas e a segurança dos seus condutores, que consoante as suas intenções e particular dos trajectos deverão dar-lhes os comandos certos para que essa excursão corra sem atropelos, direccionais e de imobilização segundo as necessidades encontradas.
Não terão os cães direito a ser quem são? Claro que sim! Eles necessitam e não dispensam de momentos de evasão diários para o seu bem-estar, o que não significa que transformemos as ruas por onde passamos com eles em pistas de corrida, num Carnaval canino ou numa barafunda onde ninguém se entende, incomodando quem não tem que os aturar ou causando dolo a alguém, cuidados que à partida poucos donos têm e que normalmente dão azo a dispensáveis, acaloradas e menos decorosas discussões. É evidente que no aconchego do lar, por terem já assimilado as suas rotinas, os cães não necessitam de comandos. Os cães de serviço que trabalham isoladamente fazem-no por condicionamento prévio e também debaixo de ordem, cumprimento que invariavelmente dispensa a presença física dos donos. 

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