terça-feira, 11 de outubro de 2016

MÃOS DIVERGENTES (ATIRADAS PARA FORA): UM TREMENDO HANDICAP

Porque será que muitos criadores de Pastor Alemão optam por tirar fotografias aos seus cães num piso de relva (grama)? Será essa escolha aleatória, procurarão dar às fotografias um cunho romântico ou tentarão encobrir algo? Estaremos perante mais um caso de publicidade enganosa? No mínimo, estamos perante uma trapaça que normalmente entendemos como “gato escondido com o rabo de fora”, diante dum desaprumo ortopédico de funestas consequências que diminuirá a qualidade de vida e comprometerá o desempenho laboral dos cães seus portadores, sujeitando-os a vários tipos de lesões, mais ou menos dolorosas e inibitórias que transmitirão à sua descendência, tornando-se assim numa praga que leva os cães a ziguezaguear de anteriores, no que lembram “ceifeiras-debulhadoras” em movimento ou patos a nadar calmamente em lagoas, defeito que induz ao seu estoiro precoce.
Esta impropriedade é visível quando os cães atiram as mãos para fora, mesmo quando parados, em relação ao alinhamento dos seus membros anteriores, no que lembram a locomoção da celebérrima personagem da cinemateca mundial “Charlot”, representada pelo defunto actor britânico Charlie Chaplin. Este mau assentamento ortopédico que nunca é inconsequente, porque os cães não têm clavículas, maioritariamente de origem genética mas que pode também ser provocado por razões ambientais, quando os animais são votados à inércia constante e impossibilitados do uso natural dos seus dedos em pavimentos duros e escorregadios, também quando desde pequenos vêem o seu prato da comida colocado no solo e não à altura recomendável (num comedouro regulável), concorre para as seguintes lesões nos cães sujeitos ao exercício diário regular ou destinados ao trabalho: Luxação do ombro, entorses, inflamação das mãos, desgaste anómalo das almofadas, fractura de dedos, crescimento irregular das unhas e libertação de líquido sinovial nos codilhos, afecções que normalmente os impedem de trabalhar e que obrigam a constantes períodos de convalescença. Os cães portadores desta incapacidade, quando deitados correctamente, permanecem com os seus joelhos levantados e não conseguem encostar totalmente os membros anteriores no solo.
Há casos em que a divergência de mãos, associada ou não ao exagerado abatimento de metacarpos (só por si um problema sério), pressagia as diferentes displasias do cotovelo e/ou induz a um crescimento anómalo de um dos ossos dos braços, sendo tanto razão quanto consequência de má formação esquelética. Um cão com as mãos divergentes, cuja apresentação frontal é côncava e não convexa como seria desejável, tende a estreitar o peito, morfologia normalmente tratada como “peito invertido”, e a longo prazo a selar o seu dorso, impropriedades e defeitos que A priori lhe causarão problemas articulares dolorosos diversos e que o obrigarão a claudicar. Pôr à venda cães com este tipo de problema é uma desonestidade contra quem os compra, uma safadeza tantas e tantas vezes ornamentada com pedigrees de campeões. Antes de comprar um cachorro, para não ser vítima de um ignoto e auto intitulado “Conde de Abranhos”, peça para ver os pais e repare qual a disposição dos seus membros anteriores, para não vir a ser surpreendido por um infante periclitante, cliente assíduo dos clínicos e farto em inibições. Apesar dos cachorros nascerem bem ou mal aprumados, alguns deles na fase de crescimento que antecede a maturidade sexual, particularmente os maiores, apresentam uma disposição de membros assim, vindo depois dos 6 meses de idade a compor-se. Mas quem é filho de pais tortos só se endireitará por cirurgia ou por aplicação de cocktails injectáveis plenos de contra-indicações e de composição inconfessa.   
Como auxílio prà correcção dos aprumos dianteiros dos cachorros, ajuda que só será possível depois de haverem completados os 4 meses de idade, altura em que despertam e necessitam da excursão e que ainda gozam de alguma plasticidade anatómica, aconselhamos a subida moderada de percursos com 15º de inclinação, o convite para a natação, o caminhar na areia húmida e o concurso do “Extensor de Solo”. O Extensor de Solo (na imagem abaixo) é um aparelho corrector constituído por 20 varas circulares transversais, com 4 cm de diâmetro e 2 m de comprimento, elevadas do solo de 10 a 15 cm e com 25 cm de distância entre si, onde condicionaremos os cachorros a marchar e a melhoria dos seus aprumos mais depressa acontecerá.
Um Pastor Alemão para ser bom não necessita de andar de chinelos e com as mãos “a chutar para canto”!       

Sem comentários:

Enviar um comentário