quinta-feira, 13 de outubro de 2016

DEPOIS DE TUDO TER FEITO, O QUE HÁ A FAZER?

Como introdução importa dizer que todos os rafeiros são de fácil controlo e que nem todos os cães com pedigree o são, disparidade que se deve à intromissão humana no processo de selecção dos últimos, que muitas vezes na procura da excelência, acaba por produzir cães rufias de índole assassina, por desconsideração dos impulsos herdados caninos que possibilitam a cumplicidade por detrás do trabalho de equipa. Apesar de cada vez mais raros, os cães rijos exigem donos ainda mais rijos (experientes) porque não se conformam com a recompensa, não acusam ou fingem acusar o castigo, são manhosos e sempre aguardam ocasião para as suas arremetidas, mormente quando robustos. E quando são assim é difícil arranjar-lhes donos capazes de submetê-los e condicioná-los, porque a adopção da “lei do mais forte” não está ao alcance de todos e estes cães tendem a subornar psicologicamente os seus donos, comportando-se como “meninos de coro” nos intervalos dos seus disparates, reclamando por protecção e meiguice entre as suas arremetidas, dando a sensação que nunca mais voltam a fazer o mesmo, o que não sucederá, já que os seus ataques, por força da repetição, serão cada vez mais dissimulados, inesperados e violentos. Os ataques a que nos referimos são contra outros cães, por isso mesmo fratricidas, desprezíveis e sem préstimo algum.
A experiência tem-nos ensinado que cães assim descendem de progenitores com características particulares, potenciação que concorre para este comportamento indesejável e condenável, alicerçado num superior impulso à luta e sustentado num impulso ao conhecimento de igual monta. Apesar da manha não ser de origem genética, há uma predisposição hereditária que a adopta facilmente e que obsta à autonomia condicionada procurada, devolvendo para estes cães dominantes outra quase atávica e instintiva que dificulta de sobremaneira a sua liderança e que obriga a cuidados redobrados, porque persistem em iludir os seus condutores ou donos e dificilmente desistem dos seus intentos. O comum dos proprietários, temendo o disparate, quando não os castra por desejo próprio ou por conselho, acaba por arredá-los da disciplina de guarda, receando a confrontação e o agravamento do seu desnorte, optando por cativá-los para outras áreas de ensino e fazendo uso de métodos onde a coerção e a repressão não têm lugar, sendo substituídos pela recompensa que ratifica a sua aprovação, opção dissuasora de todo inválida diante da sua natureza, esforço que apenas retarda o inevitável.
Como liderar estes cães não é tarefa fácil, quando os donos não primam pela liderança e não necessitam dum cão de guarda, o melhor que há a fazer é castrá-los e quanto mais cedo melhor! Mas caso haja a necessidade dum cão guardião, a melhor opção é entregá-lo aos bons ofícios dum adestrador profissional, que entre outras tarefas o disciplinará irrepreensivelmente e trocar-lhe-á os alvos dos seus ataques, opção nem sempre fiável atendendo ao medo anterior dos seus proprietários, medo inúmeras vezes percursor e indutor de ataques não-ordenados (geralmente o cão acaba por ser oferecido ao adestrador que não se faz rogado por saber o que tem em mãos ou a um corpo policial agradecido como sempre tem sucedido).
É importante não esquecer que cães com este comportamento são considerados perigosos à luz da lei, sujeitando-se e sujeitando os seus proprietários às pesadas punições por ela estipuladas. Sempre que existe um sério conflito de vontades entre donos e cães ou se assiste ao domínio dos últimos sobre os primeiros, estamos na presença de uma escolha de trágicas consequências. Assim, quando desejar adquirir um cachorro, não o faça arbitrariamente e valha-se do parecer dum expert para não se vir a lamentar, porque é melhor ter um companheiro que um inimigo dentro de portas (a lei prevê a reeducação destes cães).   

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