sábado, 22 de outubro de 2016

COMIDA FRESCA PARA COMBATER O PERNALTISMO E A APATIA

Quando importa combater o pernaltismo nos cachorros (ausência de envergadura) e libertá-los da apatia, a administração de comida fresca surge como o nosso melhor aliado. O pernaltismo, quando não resulta de dietas pobres, é sempre de origem genética, independentemente dessa origem ser física ou psicológica, por serem os progenitores dos cachorros também assim ou por lhes haverem transmitido um fraco impulso ao alimento. Pernaltismo e pouca apetência andam quase sempre de mãos dadas, concorrendo um para o outro, o que reforça a apatia canina, condiciona o crescimento dos cachorros, fragiliza-os e virá a condenar o seu uso. Como se depreende, as alterações fisionómicas fornecidas pela alteração das dietas não se estenderão à sua descendência (muito menos as adiantadas por várias drogas), pelo que os exemplares nascidos pernaltas não deverão ser usados para reprodução por mais excelentes que sejam os seus pretensos companheiros de cópula.
As causas do pernaltismo sempre assentam sobre a má escolha dos progenitores (por perpetuarem o pior que há em si, por ser grande a disparidade da altura entre eles, pelo recurso a exemplares acima do estalão, por serem portadores de fraco impulso ao alimento, por provirem de linhas de criação saturadas, pelo uso abusivo de variedades recessivas e pela vã tentativa de se produzir numa ninhada aquilo que se desprezou para trás).
Como pode a comida fresca combater o pernaltismo e a apatia dele resultante, quando animais assim não primam pela gula e normalmente têm estômagos apertados? Comecemos pelo fim. É sabido que existe uma relação entre o volume do crânio e tamanho do estômago nos cães, facto também comprovado nos animais pernaltos, que invariavelmente apresentam pouco crânios leves. Sabemos também que a comida fresca é mais apelativa que a ração e que um cachorro ao comer mais na sua fase de crescimento virá também a aumentar o seu crânio, devido à plasticidade anatómica que o acompanha nessa fase da vida. Por outro lado, a avidez pela comida fresca levá-lo-á à sua procura e defesa, tornando-se mais atento para o mundo que o rodeia e para quem lhe dá de comer, estabelecendo assim vínculos afectivos mais sólidos com o seu grupo, o que irá facilitar a sua coabitação e uso (o que defenderá um cão mais depressa: um punhado de ração ou um naco de carne?). Sim, a comida fresca suscita a gula nos cães, promove o crescimento equilibrado dos cachorros (a correlação entre o seu tamanho e envergadura) e ainda fortalece o seu carácter.
A que cachorros e em que idade deveremos dar comida fresca? Como prevenção ou debaixo de suspeita, logo após do desmame (obrigação do criador) e sempre que os cachorros se encontrem com um défice de peso igual ou superior a 25% do valor indicado pela curva de crescimento da sua raça. Como a maioria dos criadores não atenta para este pormenor, o que dá muito jeito atendendo à despesa, normalmente a distribuição da comida fresca irá ser feita pelos seus proprietários, o que não causa maiores atrasos, porque o maior pique de crescimento dos cachorros acontece dos 2 para os 4 meses de idade (distribuir comida fresca não implica em desprezar a ração, porque a primeira presta-se como reforço da comida seca).
Até quando daremos comida fresca? Para quem se poder dar ao trabalho e suportar a despesa sempre! Dependendo das raças e das suas diferentes curvas de crescimento, sabendo-se que há umas mais precoces do que outras, passaremos para a distribuição exclusiva da ração entre os 12 e os 18 meses, quando o seu crescimento vertical cessa. Deverão todos os cachorros comer comida fresca? Não. Os cachorros mal aprumados tendentes ou portadores de problemas articulares não deverão consumi-la, porque o aumento de peso só iria agravar os seus defeitos e impropriedades, sucedendo o mesmo aos desarticulados e demasiado côncavos. É evidente que a sua distribuição também se encontra vetada aos obesos, aos cães muito agressivos e aos afectados por várias enfermidades das quais destacamos a insuficiência pancreática exócrina (IPE).
Como tanto a quantidade quanto a qualidade da comida fresca a distribuir se encontram cativas ao particular etário dos indivíduos e à curva de crescimento da sua raça, não podemos aqui adiantar receitas balanceadas universais, o que não nos dispensa, depois de conhecedores dos casos, de adiantarmos a mais conveniente para quem a solicitar. Como a conversa sobre a distribuição da comida fresca tem “pano para mangas”, voltaremos ao assunto quando tal se justificar ou assim entendermos.

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