sexta-feira, 21 de outubro de 2016

A TERAPIA DO CHOUPO (POPOLUS ALBA)

Sempre que avisto um choupo (Popolus Alba), sinto um nó na garganta, invade-me um sentimento de gratidão e presto-lhe sentida homenagem. Quem me vir ali, compenetrado, firme e hirto, julgar-me-á louco ou a braços com uma grave patologia por me comportar assim diante da árvore, a quem trato como irmã e filha do solo pátrio. Nas minhas andanças numa cidade entre o Equador e o Trópico de Capricórnio, quando só, carente de identificação, saudoso da Pátria e necessitado de carregar as baterias, descobri um enorme choupo junto a uma estação ferroviária que se erguia majestoso sobre as árvores menos nobres que o rodeavam.
Ao vê-lo ali, senti-me aliviado e acompanhado, identifiquei-me com ele e senti-me de novo em casa, onde junto aos rios os choupos se perfilam. Depois de o haver descoberto e quando me encontrava abatido, por ser peregrino em terra estranha, apanhava um autocarro e ia para junto dele, um confidente mudo mas que me dizia muito por ser tão português quanto eu! A sua visão consolou-me e fez-me ir para diante, porque não estava mais só, tinha a sua companhia! Ainda hoje, quando treino cães num jardim e há algum choupo por perto, é à sua sombra que dou aulas e tenho boas razões para isso. Eu descobri uma árvore, outros agarrar-se-ão a outra coisa qualquer para matar saudades da Terra que amamos e que nos viu nascer. Não é fácil estar fora quando temos o coração preso aqui dentro, pelo que enviamos votos de sucesso para todos os portugueses espalhados pelo Mundo - este blogue é também vosso!

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