Sempre que avisto um
choupo (Popolus Alba), sinto um nó na garganta, invade-me um sentimento de
gratidão e presto-lhe sentida homenagem. Quem me vir ali, compenetrado, firme e
hirto, julgar-me-á louco ou a braços com uma grave patologia por me comportar assim
diante da árvore, a quem trato como irmã e filha do solo pátrio. Nas minhas
andanças numa cidade entre o Equador e o Trópico de Capricórnio, quando só, carente
de identificação, saudoso da Pátria e necessitado de carregar as baterias,
descobri um enorme choupo junto a uma estação ferroviária que se erguia
majestoso sobre as árvores menos nobres que o rodeavam.
Ao vê-lo ali, senti-me
aliviado e acompanhado, identifiquei-me com ele e senti-me de novo em casa,
onde junto aos rios os choupos se perfilam. Depois de o haver descoberto e
quando me encontrava abatido, por ser peregrino em terra estranha, apanhava um
autocarro e ia para junto dele, um confidente mudo mas que me dizia muito por
ser tão português quanto eu! A sua visão consolou-me e fez-me ir para diante,
porque não estava mais só, tinha a sua companhia! Ainda hoje, quando treino
cães num jardim e há algum choupo por perto, é à sua sombra que dou aulas e
tenho boas razões para isso. Eu descobri uma árvore, outros agarrar-se-ão a
outra coisa qualquer para matar saudades da Terra que amamos e que nos viu
nascer. Não é fácil estar fora quando temos o coração preso aqui dentro, pelo
que enviamos votos de sucesso para todos os portugueses espalhados pelo Mundo -
este blogue é também vosso!
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