A
grosso modo e de uma forma poética (o acto de ensinar cães é próprio para gente
sensível), o adestramento divide-se em duas partes: a oficinal e a gloriosa. Na
oficinal homens e cães aprendem a comunicar objectivamente entre si e na
gloriosa obsequeiam o mundo com a singularidade e virtude do seu entendimento.
Em termos de metas escolares, a transição de um momento para o outro acontece na
passagem da condução à trela para a condução em liberdade, sabendo-se que
quanto mais rica e perfeita for à condução à trela, melhor será o desempenho
dos cães em liberdade (o contrário infelizmente também é verdade). O Pedro está
a alcançar a condução em liberdade da Luna e com isso está a ligar-se aos
históricos e gloriosos binómios que o antecederam, homens e cães que foram uma
referência para muitos. No GIF acima vemos a Luna a saltar um arco formado
pelos braços do seu condutor e no seguinte a saltar-lhe sobre a perna,
inovações que alcançaram no treino de ontem.
Se tudo correr conforme o esperado, os dias de glória deste binómio não tardarão, altura em que as palavras poderão ser dispensadas e dar lugar à linguagem gestual como sinónimo do perfeito entendimento que se espraia pelo silêncio, o que ocasionalmente parece resultar de percepção extra-sensorial. Como noutras artes, a transcendência também é possível no adestramento.
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