CORONAVÍRUS: UM NEGÓCIO DA CHINA

 

Há sempre quem enriqueça com a miséria alheia e com as calamidades que assolam a humanidade, ocasiões que para alguns são verdadeiros negócios da China, tão vantajosos como foram para os ingleses os monopólios resultantes das Guerras do Ópio (1839-1842 e 1856-1860). Também o coronavírus está a tornar-se num “negócio da China”, não só porque o vírus veio de lá, mas porque toda a casta de usurários e ladrões insiste em aproveitar-se dele, tornando-o num negócio de um milhão de euros. E não só a indústria farmacêutica que se aproveita, porque a ocasião é excelente para vários tipos de ladrões, inclusive os de cães, que assolam o Reino Unido e a Irlanda. Nestes países, o comércio ilegal de cães proveniente do seu roubo está em franca ascensão, a alimentar gangues criminosos que estão a transitar do narcotráfico para o rapto destes animais de estimação. De acordo com a “Pets 4 Homes”, uma plataforma online de comercialização de animais de estimação, o preço dos cachorros já ultrapassou o dobro do verificado no ano passado. Por causa disso, os cães estão cada vez mais na mira dos criminosos. A organização Doglost, que opera um banco de dados de cães desaparecidos, registou 465 cães roubados no Reino Unido e na Irlanda no ano transacto - mais de duas vezes e meia do verificado em 2019. A maioria dos cães foi sequestrada no sudeste de Inglaterra. Os Cocker Spaniels encabeçam a lista dos mais procurados, seguidos pelos English Springer Spaniels e Jack Russell Terriers.

Apesar de ser um crime menos frequente quando comparado com os demais, o negócio dos cães roubados já atinge milhões de euros, conforme vez saber um agente policial infiltrado à BBC. De acordo com o mesmo testemunho, não são só os cachorros que são roubados os únicos a ser vendidos, também os cães adultos são raptados para reprodução, muitas vezes tratados e alojados em condições impróprias, aviltantes e altamente lesivas – de arrepiar o cabelo! Com o tratamento hormonal, as cadelas são levadas a ter três a quatro ninhadas por ano, disse o oficial infiltrado e as autoridades têm conhecimento de dois gangues que transitaram do tráfico de drogas para o comércio ilegal de cães. “A criação de cães é um grande negócio. Descobrimos grandes gangues de criminosos que ganham milhões de libras assim”, disse um porta-voz da organização de bem-estar animal RSPCA (Sociedade Real para a Prevenção da Crueldade contra os Animais), afirmação corroborada pela Subchefe de Polícia Amanda Blakeman do Conselho Nacional de Chefes de Polícia. 

Wayne May, voluntário da Doglost, explica como é vantajoso para os criminosos transitar do tráfico de droga para o roubo de cães: “ Se você criar cinco cachorros de um anima roubado, poderá esperar um lucro até 25.000 libras (28.500€) e enfrentar uma pena bem menor do que a aplicada aos traficantes de droga, que se forem apanhados com 25.000 libras de cocaína vão parar à prisão.” Ao invés, qualquer pessoa que for apanhada a roubar um cão poderá somente ser condenada a uma multa de 250 libras. Apesar da lei britânica afirmar que o furto de animais de estimação pode ser punido com até 7 anos de prisão efectiva, tal não tem acontecido nem constado das estatísticas. Entretanto, a abordagem dos ladrões é cada vez mais ousada, ao assalto nocturno a criadores veio juntar-se a ameaça diurna no meio da rua e o sacar dos cães dos jardins por cima das cercas. A RSPCA denunciou recentemente que há criminosos a dirigir veículos automóveis com o seu logótipo que abordam proprietários caninos. “Peça sempre a identidade a alguém que alegar ser funcionário da RSPCA e peça o seu crachá”, aconselhou esta organização de e pró bem-estar animal. A investigadora Blakeman alerta os donos dos cães para não postarem fotos dos seus cachorrinhos nas redes sociais, porque tal pode atrair a atenção de criminosos. Para se ter uma ideia mais tangente do problema, de acordo com Doglost, 200 cães roubados foram devolvidos aos seus legítimos proprietários no ano passado. O “vírus chinês”, como o alcunhou Donald Trump, está a aumentar e a especializar novos criminosos no Reino Unido, a revelar-se para lá do Canal num inesperado “negócio da China”.