quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

BENDITO PRIMEIRO MUNDO!

 

As pessoas do “primeiro mundo” cometem os mesmos disparates das do mundo em ascensão e daquele que se encontra irremediavelmente atrasado. Contudo, as consequências dos seus erros são bem menores do que as dos outros, porque as suas sociedades já contam com os disparates e encontram-se prontas para resolvê-los ou minimizá-los. Na Alemanha, na livre e hanseática cidade de Hamburgo, segunda maior do país, no bairro de Alsterdorf, junto da Wilhelm-Metzger-Strasse e perto do rio Alster, um afluente directo do rio Elba, uma senhora pouco previdente passeava hoje o seu cão solto por volta do meio-dia.

“Inesperadamente”, o animal afastou-se da dona e correu para cima das águas do rio que se encontravam cobertas por uma camada de gelo fino, gelo que ao ceder impossibilitou o animal de voltar para a sua incauta dona, uma vez que tinha avançado 30 metros para dentro do rio, adiantamento que imediatamente pôs em causa a sua vida. A brigada de incêndio (Feuerwehr) foi chamada, rapidamente entrou em acção e resgatou o infeliz cão, que se encontrava em grave hipotermia. O animal teve que ser reanimado, foi ligado a um ventilador de oxigénio e transportado num carro da polícia até uma clínica veterinária.

Volker Juergensen, chefe de operações do corpo de bombeiros disse acerca deste salvamento: “Felizmente tínhamos um assistente veterinário connosco que cuidou do cão imediatamente." Numa altura em que os cães já excedem o número de crianças nos lares, só restam duas soluções: ou alguns bombeiros formar-se-ão em enfermeiros veterinários ou alguns destes virão a incorporar-se nos bombeiros, como já sucede com os soldados da paz de alguns dos nossos parceiros europeus… da linha da frente.

No resgate deste cão, a brigada de incêndio que acorreu ao local valeu-se de dois barcos salva-vidas e era uma das quinze equipas que se encontrava de plantão em Hamburgo (sem dúvida uma Pet-friendly City). 

Se porventura isto se passasse no dito terceiro mundo, à falta doutros meios, uma destas hipóteses poderia acontecer: o cão acabaria por morrer de hipotermia; alguém iria parar ao hospital ou morreria a tentar salvá-lo ou alguém morreria afogado por ter entrado na água e não saber nadar! Enquanto isso, a dona do animal acabaria vituperada e dificilmente se escaparia à ira popular. É evidente que há dias em que a sorte é mais mãe do que madrasta, em que acontecem felizes coincidências e tudo corre bem, mas nunca por causa de milagres idênticos aos adiantados pelo nosso Presidente da República, aquando da primeira vaga da pandemia. Diante disto, facilmente se concluiu que as consequências de erros idênticos são mais avultadas entre os mais pobres, ignorantes e atrasados, que geralmente nem têm como valer-se a si próprios.

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