As
pessoas do “primeiro mundo” cometem os mesmos disparates das do mundo em ascensão
e daquele que se encontra irremediavelmente atrasado. Contudo, as consequências
dos seus erros são bem menores do que as dos outros, porque as suas sociedades
já contam com os disparates e encontram-se prontas para resolvê-los ou
minimizá-los. Na Alemanha, na livre e hanseática cidade de Hamburgo, segunda
maior do país, no bairro de Alsterdorf, junto da Wilhelm-Metzger-Strasse e perto
do rio Alster, um afluente directo do rio Elba, uma senhora pouco previdente
passeava hoje o seu cão solto por volta do meio-dia.
“Inesperadamente”,
o animal afastou-se da dona e correu para cima das águas do rio que se
encontravam cobertas por uma camada de gelo fino, gelo que ao ceder
impossibilitou o animal de voltar para a sua incauta dona, uma vez que tinha avançado
30 metros para dentro do rio, adiantamento que imediatamente pôs em causa a sua
vida. A brigada de incêndio (Feuerwehr) foi chamada, rapidamente entrou em
acção e resgatou o infeliz cão, que se encontrava em grave hipotermia. O animal
teve que ser reanimado, foi ligado a um ventilador de oxigénio e transportado num
carro da polícia até uma clínica veterinária.
Volker
Juergensen, chefe de operações do corpo de bombeiros disse acerca deste
salvamento: “Felizmente tínhamos um assistente veterinário connosco que cuidou
do cão imediatamente." Numa altura em que os cães já excedem o número de
crianças nos lares, só restam duas soluções: ou alguns bombeiros formar-se-ão
em enfermeiros veterinários ou alguns destes virão a incorporar-se nos
bombeiros, como já sucede com os soldados da paz de alguns dos nossos parceiros
europeus… da linha da frente.
No
resgate deste cão, a brigada de incêndio que acorreu ao local valeu-se de dois
barcos salva-vidas e era uma das quinze equipas que se encontrava de plantão em
Hamburgo (sem dúvida uma Pet-friendly City).
Se porventura isto se passasse no dito terceiro mundo, à falta doutros meios, uma destas hipóteses poderia acontecer: o cão acabaria por morrer de hipotermia; alguém iria parar ao hospital ou morreria a tentar salvá-lo ou alguém morreria afogado por ter entrado na água e não saber nadar! Enquanto isso, a dona do animal acabaria vituperada e dificilmente se escaparia à ira popular. É evidente que há dias em que a sorte é mais mãe do que madrasta, em que acontecem felizes coincidências e tudo corre bem, mas nunca por causa de milagres idênticos aos adiantados pelo nosso Presidente da República, aquando da primeira vaga da pandemia. Diante disto, facilmente se concluiu que as consequências de erros idênticos são mais avultadas entre os mais pobres, ignorantes e atrasados, que geralmente nem têm como valer-se a si próprios.
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