Na
tropa que eu conheci, farta em tarimbeiros, dizia-se que ali não se podia ser “nem
bom cavalo, nem bom cavaleiro”, porque ambos, por serem muito solicitados,
jamais teriam descanso. Pelos vistos, desde que os cães se tornaram militares,
também não se pode ser bom cão, conforme atesta a história de vida do Gesko que
vamos já contar, um Pastor Belga Tervueren (na foto seguinte) recentemente aposentado
da polícia de Essonne, departamento francês localizado na região da
Île-de-France, nome proveniente do rio que o atravessa (Essonne) e cuja capital
é Évry.
Os
cães policiais e militares são por norma dispensados do serviço aos 8 anos de
idade, caso não manifestem precocemente qualquer incapacidade que impeça o seu
uso ou comprometa o seu bem-estar, mas o Tervueren Gesko da polícia de Essonne
prestou mais 18 meses de serviço para além dos usuais 8, graças à sua
disponibilidade e talento. Durante a sua carreira como cão policial participou
em 2.500 operações que levaram à descoberta de 850 kg de drogas e 845.000€ em
notas.
No mês passado, o seu tratador, com quem
constituiu binómio desde novembro de 2016, decidiu reformá-lo e adoptá-lo por
temer que se lesionasse em serviço. O Gesko foi rendido por um Malinois e
aguarda agora avidamente o seu dono em casa para poder jogar com ele. Oxalá
tenha ainda alguns anos saudáveis pela frente, já que dedicou os melhores ao
serviço da comunidade. Tomámos conhecimento do histórico deste cão policial
através do “Le Parisien”, jornal regional francês, fundado em 1943, ligado à
Resistência Francesa (1), distribuído na Île-de-France e em Oise,
tendo também uma edição nacional com o nome de “Aujourd'hui en France”.
(1)Originalmente chamada de “La Résistance”, os membros desta organização nacionalista, então conhecidos como “partisans,” (partidários) lutaram clandestinamente contra a ocupação nazi da França e contra os seus colaboradores desde o armistício de 20 de Junho de 1940 até à Libertação que ocorreu em 1944.
Sem comentários:
Enviar um comentário