terça-feira, 21 de maio de 2019

O MEU BARCO NÃO IRÁ NAVEGAR EM MARES DE PLÁSTICO

Para combater a desesperança e procurar evitar pesadelos com o que virá depois, num frémito aparentemente sem explicação, um homem decide fazer uma escuna à escala e em fósforos, trabalheira para vários meses que só acaba quando a embarcação estiver pronta. A partir daí começam os sonhos, a imaginar-se como seria o barco em tamanho real e os desafios que enfrentaria, uma amálgama de conjecturas que nos liga à vida e que nos mantém salutarmente entretidos.
Daí a pouco, a realidade sufoca o sonho e o mundo podre que nos cerca toma conta de nós – o mar já não é o que era e cada barco que por ele passa ainda lhe traz maior desgraça. Longe vai o tempo em que era desconhecido e respeitado, em que era cristalino e generoso em peixe, tempos que não voltam mais e que auguram um triste fim. Não, o meu barco não irá navegar em mares de plástico, ficará em casa quietinho, de velas desfraldadas sem ir a lugar nenhum!

Sem comentários:

Enviar um comentário