segunda-feira, 27 de maio de 2019

ACROBACIAS URBANAS

A temperatura no Sábado ultrapassou os 30º graus celsius durante o dia. Diante de tanto calor e importunados pelo sol, decidimos treinar à sombra, num parque urbano repleto de desafios para os binómios em instrução. Na foto acima podemos ver a Pétia a conduzir o CPA Bjorn sobre uma superfície estreita e redonda, para aumentar a autonomia condicionada do cachorro, melhorar-lhe o equilíbrio, tirar-lhe o medo das alturas e levá-lo a segui-la por toda a parte sem oferecer resistência. Neste parque, por exigência técnica ou estética, viemos a descobrir algo parecido com uma passerelle de linhas. Na foto seguinte vemos a Maria a vencê-la com o CPA Blaze, onde vale a pena reparar no carinho e no acerto das indicações da condutora para o cão (esta é a nossa Maria!).
Das duas cadelas Doberman oriundas da Federação Russa, a “Russa” é que necessita de mais apoio e amparo, porque nasceu diferente da sua irmã e mostra-se sempre mais receosa. Pouco a pouco, com a paciência e a constância necessárias, a Svetlana está a conseguir elevar a cachorra para patamares mais elevados do que aqueles que alcançaria naturalmente, verdade que é testemunhada pela foto que se segue.
O Aníbal tem um grande cão e o cão necessita de um grande dono, porque o CPA é um atleta de mão-cheia, voluntarioso e valente que espera o despertar do dono para evidenciar todas as suas mais-valias. Na foto seguinte é possível vê-los a vencer o topo do muro com a maior descontracção deste mundo.
Como todos sabemos a manha não tem origem genética, tende a afectar com maior frequência os cães mimados logo na adolescência e manifesta-se invariavelmente através do ensurdecimento e da desobediência, manifestações que tanto podem ser explícitas como dissimuladas, dependendo isso do perfil psicológico de cada cachorro. No caso do cachorro CPA Bjorn, a dissimulação deu lugar à resistência física desde que atingiu a maturidade sexual, tirando partido do seu peso e robustez. Como os cães manhosos são de pouco préstimo, está a ser exigido ao Bjorn maior disponibilidade e acerto – uma obediência inequívoca e incondicional dentro dos limites considerados razoáveis. O que acabámos de dizer pode ser compreendido através da comparação da 1ª foto deste artigo e a seguinte.
Por enquanto e entre nós, quando um exercício é mais exigente do ponto de vista técnico-atlético, a escolha sempre recai sobre o CPA Bohr, um lobeiro que avança para os desafios sem pestanejar, resolvendo-os com acerto independentemente do seu grau de dificuldade (um reprodutor que aconselhamos). Ao Afonso exigimos muito porque é jovem, elástico e um condutor inato. Passámos-lhe o Bohr para as mãos e convidámo-los a saltar uma vala.
Vencidos o muro, a passerelle de linhas e a vala, passámos para a aplicação dos comandos de “à frente” e “atrás” valendo-nos dos parapeitos de uma escadaria íngreme, onde mais uma vez a juventude do Afonso deu cartas, conduzindo agora a Doberman Lupa.
Em matéria de força a Doberman Russa não apresenta nenhum deficit, mais-valia que a leva a executar os dois comandos com alegria, decisão e confiança, pormenores que muito agradam à Svetlana.
O CPA Bjorn, um colosso de força e agilidade, por tudo o que atrás se disse, precisa de fazer muitas vezes o “à frente” para aumentar a sua determinação e velocidade de execução.
Fez o “atrás” de modo irrepreensível, muito embora não seja difícil travar quem não é dado a grandes explosões.
A Doberman Lupa é um verdadeiro furacão, porque nada teme e tudo enfrenta, arrancando determinada para o que der e vier sem medir as consequências, pelo que o seu controlo tem que ser levado a sério, considerando a sua salvaguarda e o dolo que possa causar. O Afonso entendeu-se bem com ela e conseguiu extrair-lhe o “atrás” sem maiores dificuldades.
Também o Aníbal conseguiu condicionar o CPA Max no “atrás”, muito embora o cachorro necessite mais de aceleração do que de travamento, mercê da sua idade, comportamento e propensão – o Max nasceu para ser campeão!
Quem tem a sorte de conduzir o CPA Blaze sabe o que é “passear na avenida” durante o treino, porque o pastor negro é extraordinariamente concentrado e obediente, zeloso de quem o conduz e sempre pronto a agradar. No Sábado o "passeio" calhou à Maria.
Atrasado como é seu apanágio e com o cabelo a indiciar noites alvoraçadas, o Zé Maria entrou com a CPA Mel já no período do trabalho específico, quando importava fazer “atrás” e “à frente” numa escada em caracol. Desenrascou-se do jeito que pôde e desta vez já trouxe a Mel mais ou menos escovada (a CPA está na muda do pêlo).
O CPA Max portou-se à altura na escada em caracol, subindo-a e descendo-a descontraído e confiante como se evoluísse em terreno liso. O seu condutor ouviu as explicações técnicas, compreendeu-as e executou-as irrepreensivelmente. 
A imagem seguinte solicita uma pergunta: quanto vale um cão que induz o dono ao exercício físico? Desta vez o CPA arrancou e a condutora viu-se obrigada a recuperar do seu atraso em relação ao cão.
Na iniciação às verticais cruas (as que apresentam apenas uma vara horizontal de transposição), devido à confusão que causam nos cães, à possibilidade de insucesso e as possíveis lesões dele resultantes, é de todo conveniente melhorar a sinalização da área a transpor. Geralmente usamos um pano, uma t-shirt ou um casaco para o efeito e foi isso que fizemos (o casaco do fato de treino é do Aníbal). Fez a introdução do CPA Max quem se encontrava mais habilitado para o fazer.
Depois chegou a vez do dono, ainda com o tecido posto para sinalizar a área de transposição e tudo correu conforme o esperado, saltando o cão com relativa folga.
Finalmente o cão foi convidado a fazer o salto limpo nas mãos do seu condutor habitual e não houve qualquer atropelo ou dificuldade. No nosso entender, como já atrás dissemos os saltos das verticais cruas, na sua iniciação e para maior segurança e sucesso, devem obedecer a 3 etapas: 1ª _ O adestrador leva o cão a saltar a vertical parcialmente coberta por um pano; 2ª _ O condutor habitual do cão é convidado a fazer o mesmo; 3ª _ O cão é convidado para saltar a vertical crua a mando do seu condutor.
Todos os cães em classe saltaram a vertical crua de 80 cm de forma satisfatória, incluindo os mais novos, como foi o caso do CPA Bjorn.
A Doberman Russa, ao fazer a chamada correcta e ter ganho a elevação necessária, passou folgada aquela vertical crua, sucesso que ficou também a dever-se ao acerto da sua condutora habitual.
Também a CPA Mel logrou ultrapassar esta barreira, apesar de isenta muitas vezes do período destinado ao aquecimento e à recapitulação, responsabilidade do seu dono que é pródigo em se atrasar. Daqui apelamos ao José Maria que seja mais pontual para melhor poder valer à sua fiel amiga.
Considerando que a maioria destes cães é urbana, importa que se acostumem a andar sobre grades de ferro, muitas vezes presentes nas nossas calçadas e jardins. Aproveitando a cobertura de um poço com este material, convidámos os binómios a passar por cima dele.
O Luis Carvalho sempre está de piquete e é chamado, quando necessário, para conduzir o CPA Bjorn em substituição da Pétia.
Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: Afonso/Bohr; Afonso/Lupa; Aníbal/Max; José Maria/Mel; Luis Carvalho/Bjorn; Maria/Blaze; Paulo/Bohr; Pétia/Bjorn e Svetlana/Russa. O Fotógrafo de serviço foi o Paulinho Jorge, sentimos a ausência da Carla e lembrámo-nos do Tomás e do seu excelente Rottweiler.
Para a semana estaremos de volta com novos exercícios e desafios, num ecossistema diferente e com outras exigências. Boa semana de trabalho!

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