quinta-feira, 16 de maio de 2019

O DIABO ANDOU À SOLTA EM MEßKIRCH?

Meßkirch ou Messkirch é uma cidade da Alemanha localizada no distrito de Sigmaringen, região administrativa de Tübingen, estado de Baden-Württemberg, onde anteontem (Terça-feira) se passou o episódio que vamos agora narrar-vos. Quando uma actriz de 30 anos passeava numa estrada com os seus dois filhos, um com 3 e o outro com 1 ano de idade (o primeiro seguia a matriarca na sua própria bicicleta e o segundo circulava no reboque da bicicleta da mãe), saiu-lhe ao caminho um Rottweiler com 5 meses de idade, que depois de ter saltado a cerca de uma casa adjacente, começou a abocanhar aquelas crianças.
Ao socorrer de imediato os filhos, a mãe foi mordida num braço pelo cachorro Rottweiler, agressão que não a impediu de escapar com os seus para cima de um tractor que se encontrava estacionado 500 metros mais à frente. O cachorro só desistiu das vítimas quando alguns transeuntes vieram resgatá-las, as crianças sofreram apenas feridas superficiais e hematomas na cabeça, vindo a ser tratados numa ambulância enviada para o local. A mãe, devido à natureza dos seus ferimentos, foi tratada num hospital, onde terá de voltar por mais 2 ou 3 dias. Os donos do cão não se encontravam em casa quando o incidente ocorreu e o seu proprietário incorre no crime de agressão negligente.
Dito isto, parece que o diabo andou à solta em Meßkirch e que aquele cachorro Rottweiler deu precocemente provas da sua propensão assassina, o que pode não corresponder à realidade, uma vez que a perseguição que encetou poderia ser motivada por outras razões para além da captura propriamente dita e esta ser despoletada pelo pânico da sua chegada. A resposta a esta questão passa por se saber se o cão tem vindo a ser treinado ou não, porque são muitos os cachorros que aos 4 meses se penduram em churros ou pneus e não os largam, permanecendo neles suspensos.
A mãe das crianças, que não pediu o bilhete de identidade do cão para saber a sua idade, agiu muito bem, porque colocou a vida e integridade dos seus filhos antes da sua (mãe é mãe) e ajuizou bem a viabilidade da fuga. Contudo, considerando o número crescente de cães entre nós (em Portugal as famílias têm mais cães do que filhos) importa que crianças e adultos saibam como minimizar os danos em encontros como este, coisa que só a imobilização pode oferecer perante cães de ataque frontal, como é o caso do Rottweiler que, exceptuando quando persegue, sempre procura a frente dos indivíduos.
Nestes casos o melhor que há a fazer é permanecer imóvel e dar-lhe sempre as costas. Havendo tempo para isso, é de todo conveniente deitarmo-nos no chão imóveis e na posição de decúbito ventral, tendo o cuidado de proteger o rosto, os olhos e as orelhas com as mãos entrelaçadas atrás da cabeça. Para além disto, temos que aguentar em silêncio os beliscões que os cães nos darão para tentar virar-nos e abrandar o nosso ritmo respiratório, pois temos que convencer os cães que já não damos luta e fomos desta para melhor! Estas manobras não são fáceis e carecem de treino continuado até passarem a automatismos. Quanto ao incidente em Meßkirch, acho que o diabo não andou por lá à solta, que o cachorro Rottweiler foi simplesmente seduzido pela alegria e movimento daquela família, motivos mais do que suficientes para espevitar a sua curiosidade e o desejo de segui-la. O resto vem da má fama que acompanha a raça que tampouco corresponde à realidade. 

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