Meßkirch ou Messkirch é
uma cidade da Alemanha localizada no distrito de Sigmaringen, região
administrativa de Tübingen, estado de Baden-Württemberg, onde anteontem (Terça-feira)
se passou o episódio que vamos agora narrar-vos. Quando uma actriz de 30 anos passeava
numa estrada com os seus dois filhos, um com 3 e o outro com 1 ano de idade (o
primeiro seguia a matriarca na sua própria bicicleta e o segundo circulava no
reboque da bicicleta da mãe), saiu-lhe ao caminho um Rottweiler com 5 meses de
idade, que depois de ter saltado a cerca de uma casa adjacente, começou a
abocanhar aquelas crianças.
Ao socorrer de imediato os
filhos, a mãe foi mordida num braço pelo cachorro Rottweiler, agressão que não
a impediu de escapar com os seus para cima de um tractor que se encontrava
estacionado 500 metros mais à frente. O cachorro só desistiu das vítimas quando
alguns transeuntes vieram resgatá-las, as crianças sofreram apenas feridas
superficiais e hematomas na cabeça, vindo a ser tratados numa ambulância
enviada para o local. A mãe, devido à natureza dos seus ferimentos, foi tratada
num hospital, onde terá de voltar por mais 2 ou 3 dias. Os donos do cão não se
encontravam em casa quando o incidente ocorreu e o seu proprietário incorre no
crime de agressão negligente.
Dito isto, parece que o
diabo andou à solta em Meßkirch e que aquele cachorro Rottweiler deu
precocemente provas da sua propensão assassina, o que pode não corresponder à
realidade, uma vez que a perseguição que encetou poderia ser motivada por
outras razões para além da captura propriamente dita e esta ser despoletada
pelo pânico da sua chegada. A resposta a esta questão passa por se saber se o
cão tem vindo a ser treinado ou não, porque são muitos os cachorros que aos 4
meses se penduram em churros ou pneus e não os largam, permanecendo neles suspensos.
A mãe das crianças, que
não pediu o bilhete de identidade do cão para saber a sua idade, agiu muito
bem, porque colocou a vida e integridade dos seus filhos antes da sua (mãe é
mãe) e ajuizou bem a viabilidade da fuga. Contudo, considerando o número
crescente de cães entre nós (em Portugal as famílias têm mais cães do que
filhos) importa que crianças e adultos saibam como minimizar os danos em
encontros como este, coisa que só a imobilização pode oferecer perante cães de
ataque frontal, como é o caso do Rottweiler que, exceptuando quando persegue,
sempre procura a frente dos indivíduos.
Nestes casos o melhor que
há a fazer é permanecer imóvel e dar-lhe sempre as costas. Havendo tempo para
isso, é de todo conveniente deitarmo-nos no chão imóveis e na posição de decúbito
ventral, tendo o cuidado de proteger o rosto, os olhos e as orelhas com as mãos
entrelaçadas atrás da cabeça. Para além disto, temos que aguentar em silêncio os
beliscões que os cães nos darão para tentar virar-nos e abrandar o nosso ritmo
respiratório, pois temos que convencer os cães que já não damos luta e fomos
desta para melhor! Estas manobras não são fáceis e carecem de treino continuado
até passarem a automatismos. Quanto ao incidente em Meßkirch, acho que o diabo
não andou por lá à solta, que o cachorro Rottweiler foi simplesmente seduzido
pela alegria e movimento daquela família, motivos mais do que suficientes para
espevitar a sua curiosidade e o desejo de segui-la. O resto vem da má fama que
acompanha a raça que tampouco corresponde à realidade.
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