Existirão certamente
muitas razões históricas e antropológicas que justifiquem a candura, a brandura
e a memória curta da maioria dos portugueses, mas nenhuma que os leve a aceitar
conformados os grandes ladrões que os endividam cada vez mais, sanguessugas insatisfeitas
de lugar cativo, que aqui sempre proliferaram sem dar contas a ninguém, marginais
tornados heróis que o sistema protege e a justiça não apanha. Em simultâneo, o
cidadão comum pode ver a sua casa penhorada pela mísera quantia de 14 cêntimos
(0,62273 Reais Brasileiros) resultante do atraso no pagamento do imposto de
selo, como aconteceu em Fevereiro do ano passado a uma senhora na Maia.
Nesta república que nos
desgoverna e despreza, erigida por acautelados advogados e recheada de implacáveis
publicanos que se orientam muito bem, badalam-se e levam-se a cabo comissões de
inquérito parlamentares para a averiguação de factos susceptíveis de terem
lesado Portugal e os portugueses, mas que na prática são apenas um pretexto
para os criminosos lavarem a cara e gozarem com o pagode. Desta vez foi “chamado
à pedra” o Garimpeiro Joe da África do Sul, um homem que deve a módica quantia
de 1.000 milhões de euros aos bancos e que diz não dever nada a ninguém, um
madeirense nunca visto, de ignoto ar plenipotenciário, que se diz filantropo e
frágil de memória, particularmente quando lhe interessa, mas que na verdade tem-se
revelado um mestre nas golpadas.
O cidadão funchalense José
Manuel Rodrigues Berardo não deve nada a ninguém, nós e os bancos é que somos
seus devedores e pagaremos a dívida até ao último cêntimo, mesmo que tenhamos de
endividar as gerações futuras, como hoje já acontece. Perante este fado, é caso
para se dizer “perdido por um, perdido por mil” e o garimpeiro Joe tem todas as
razões para sorrir.
Não terá esta espécie de agiotas
e usurários um predador natural algures? Não importa que esteja esfomeado (até convém),
porque bem depressa sairá daqui gordo e anafado
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