Tanto a cadeia de
televisão Fox News como outras agências noticiosas norte-americanas deram
especial enfoque à trágica morte de um adolescente de 14 anos, pretensamente
perpetrada por 4 cães de quem cuidava, na noite do passado dia 10, em Rehoboth,
no Condado de Bristol, Estado do Massachusetts/US. Os cães, num total de 11, são
propriedade de um indivíduo que regularmente se ausenta de casa e que precisa
de alguém que trate deles regularmente. O finado adolescente já prestava este
serviço há um ano e até então nada de anormal se havia passado.
No fatídico dia 10, quando
o proprietário dos cães se encontrava fora, em Boston, a avó do adolescente
levou-o de automóvel, por volta das 18 horas locais, àquela propriedade para
tratar dos cães. Diante do atraso do adolescente, que já levava uma hora de
ausente, quando por norma demorava de 30 a 35 minutos a executar as suas
tarefas, a avó ligou aos pais do adolescente e comunicou-lhes a sua estranheza.
Estes, por sua vez, ligaram a um vizinho para que desse uma vista de olhos e
informasse acerca do que se estava a passar. O vizinho viria a encontrar o
rapaz ainda vivo, mas com ferimentos traumáticos em várias áreas do corpo,
encontrando-se soltos 3 Pastores Holandeses e 1 Pastor Belga Malinois, que o
vizinho acabou por encerrar numa cave (os 7 cães restantes já haviam sido encerrados).
Para Thomas Quinn III (na foto abaixo em primeiro plano), promotor público do condado
de Bristol, os cães parecem ter sido os únicos responsáveis por aquela escusada
morte, animais ilegais que foram depois detidos pelas autoridades para
observação e posterior reencaminhamento.
Partindo deste
pressuposto, na impossibilidade de qualquer esclarecimento por parte da vítima,
que poderá ter ou não contribuído voluntária ou involuntariamente para o fatal
desfecho e baseados apenas no que foi noticiado, tentaremos encontrar razões
suficientes para o despoletar deste letal ataque canino, para que outros não
concorram ou incorram na mesma pena, aprendam a evitá-la e preservem assim a
sua vida.
Para além de ser difícil
encontrar hoje um teenager com o grau de amadurecimento e responsabilidade para
um serviço destes, por maior que seja a sua vontade e gosto de aprender, nenhum
deles tem a experiência necessária para lidar sozinho com uma matilha tão
extensa, composta por cães territoriais que lhe são alheios e que têm sido
altamente aprovados como cães policiais e de guerra (por alguma razão foram
adquiridos pelo dono invariavelmente ausente). Claro que há excepções, mas como
alguém já disse, servem apenas para confirmar a regra. Por outro lado, é uma
tremenda insanidade entregar uma matilha de cães ilegais (não licenciados) aos
cuidados de um jovem, ainda que um adulto não estaria em melhores lençóis,
sabendo-se do possível descontrolo e agressividade desses animais. E como se
isto não bastasse, a juventude não costuma atentar muito para a prudência,
preferindo ao invés “andar na corda bamba” e ultrapassar os limites comummente
estabelecidos.
De qualquer modo, o jovem
cometeu algum erro de segurança. Por que razão não conseguiu encerrar os
últimos 4 cães, os 3 Pastores Holandeses e o Pastor Belga Malinois? Teriam
oferecido maior resistência? Sentiram-se ameaçados ou provocados? Aperceberam-se
do temor do jovem, entenderam-no como presa ou ele temeu tratá-los dentro das
suas boxes? Não sabemos! Mas se foram estes cães que o mataram, estamos perante
um ataque em matilha, o que não é difícil entre pastores Holandeses e Malinois
atendendo principalmente a quatro razões: pertencerem ao mesmo grupo social, dividirem
o mesmo território, as raças terem uma origem comum e ao facto dos actuais
Pastores Holandeses serem Malinois tigrados, considerando a repetida infusão de
sangue Malinois de que têm sido alvo. Perante o ataque de uma matilha animal
destas é muito difícil escapar.
Cães com este grau de
periculosidade exigem condições próprias ou especiais de tratamento e
alojamento, porquanto são cães de guarda tipo, que não se agradam de estranhos,
estão sempre atentos a possíveis intrusos e prontos para os escorraçar, mesmo
que não tenham sido alvo de algum tipo de treino para isso. Na impossibilidade
de ser o seu dono a tratá-los, há que primeiro salvaguardar a integridade
física de quem o irá fazer, reduzindo a zero os riscos de confrontação entre o
tratador e os cães. Em síntese, o garoto morto ingloriamente foi vítima da
ignorância que desconsiderou o seu despreparo, a agressividade daqueles cães e
a necessidade de condições de segurança, ignorância que grassa na sociedade
norte-americana e que a leva a venerar encantadores de cães. Procederemos nós
do mesmo modo? Só se formos tolos e não aprendermos com os erros dos outros. A
morte de Ryan Hazel, assim se chamava o garoto, é uma tremenda lição para evitar que outros pereçam na mesma situação.
Sem comentários:
Enviar um comentário