A BBC, na sua edição
on-line do passado dia 24 do corrente mês, alertou os proprietários caninos
para não enrolarem as trelas no pulso ou nos dedos devido ao perigo de
ferimentos graves, isto de acordo com a Sociedade Britânica de Cirurgia da Mão
(British Society of Hand Surgery), que adianta que tais procedimentos podem
produzir lacerações, queimaduras por atrito e lesões nos ligamentos. A mesma Sociedade
informou que só no Condado da Cornualha aconteceram no ano transacto 30 lesões
graves causadas por cães.
Quem se vê obrigado a
enrolar trelas no pulso ou nos dedos fá-lo para se proteger e para segurar
melhor o seu cão, por temer ir de rojo, cair, espatifar-se ou ver-se envolvido
numa indesejável embrulhada. O exagerado aumento do número de cães urbanos,
lamentavelmente, não gerou uma maior procura pelos centros caninos, lugares
onde os donos aprenderiam a controlar eficazmente os seus cães e alcançariam a
sua sociabilização, mais-valia indispensável diante da actual lei sobre os cães
perigosos.
Facilmente se percebe qual
o comando em falta nesta gente – o “junto”, código que permite a condução
cómoda e alinhada do cão pelo dono ou ao lado daquilo que ele conduz ou
transporta e que é uma das pedras basilares da obediência (ver o artigo “CADERNO DE ENSINO: III. O “JUNTO” (O
CÃO SEMPRE À MÃO)”, editado em 19/03/2010). Assim, indigna
desse nome será a Escola que não consiga proceder à instalação deste comando a
todos os seus instruendos, pois do “junto” parte-se para tudo e sem ele pouco
ou nada se alcança. Ir para um centro canino e não alcançar o “junto” é sair
dali pior do que se entrou!
O que terá contribuído em
maior escala para o afastamento generalizado do adestramento? Basicamente duas
coisas: a ignorância e a irresponsabilidade. A ignorância que despreza o
conhecimento, que leva muitos a considerar a esterilização como uma panaceia, que
aceita serem todos os cãezinhos bons e que só os donos os fazem maus, que entende
o adestramento como uma fábrica de autómatos e que induz à troca da experiência
por verdades subjectivas, estabelecendo assim uma “dogmática canina” tantas
vezes afastada dos mais elementares direitos animais.
A irresponsabilidade dos
donos acontece quando não têm tempo para os seus cães, quando delegam noutros
obrigações que são suas e não acompanham as fases de crescimento dos animais,
condenando assim os vínculos afectivos e a cumplicidade que melhor os
aproximaria dos seus companheiros de quatro patas, que por força das
circunstâncias não passarão de ilustres desconhecidos e uma tremenda maçada.
Está na hora de cada um aprender a conduzir o seu cão, a bem da sua saúde,
bem-estar e viver social. E, quando isso suceder, também os cães serão mais
felizes, saudáveis e respeitados.
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