Trinta e um anos depois da catastrófica explosão ocorrida na central
nuclear ucraniana de Chernobil, ao tempo debaixo da alçada e supervisão da
extinta URSS, que é feito dos cães que foram abandonados pelos seus donos e
ficaram para trás, daqueles que conseguiram escapar às balas dos soldados
mandados para os abater? Sobreviveram e deixaram descendência, descendência que
até hoje perdura apesar da sua esperança de vida ter sido bastante reduzida pela
radioactividade que a afecta.
A existência destes cães foi comprovada e saltou para a ribalta através
de um pequeno documentário intitulado “Puppies of Chernobyl”, lançado no YouTube
pelo cineasta Drew Scanlon, onde se podem ver várias matilhas de cães na área
de exclusão daquela central nuclear abandonada, numa extensão que abrange uma
área total de mil milhas quadradas e cujo acesso é estritamente limitado.
O governo, mediante apertado controlo, apenas permite que ali entrem
trabalhadores da fábrica, uns poucos turistas e um número restrito de pessoas
credenciadas, o que não tem impedido que antigos moradores, principalmente
idosos, ao desrespeitarem essas ordens, continuem a retornar às suas aldeias.
Apesar dos possíveis riscos para a sua saúde, tanto trabalhadores como aldeões,
têm-se aproximado daqueles cães movidos pela sua desprotecção, nem sempre
resistindo a acariciá-los, apesar de tal acção ser proibida por lei e aqueles
animais carregarem no seu manto partículas radioactivas.
A “Clean Futures Fund”, uma organização não governativa norte-americana
criada para aumentar a consciencialização e fornecer apoio às comunidades
afectadas por acidentes industriais de longo prazo, está a liderar no terreno
um plano de cinco anos para valer aos animais domésticos que sobreviveram ao
fim daquela central nuclear, visando a neutralização e a esterilização de cães
e gatos, assim como proceder à sua vacinação anti-rábica, já que estão em
permanente contacto com os animais silvestres da região.
Em paralelo e dando cumprimento ao mesmo plano, estão a ser levantadas
estações de água descontaminadas e uma clínica veterinária para valer a estes
desafortunados animais a quem o auxílio chegou tão tarde. O plano de fundo
iniciado este Verão, conta com a participação de veterinários ucranianos e
outros voluntários, bem como de várias organizações da Ucrânia, Estados Unidos,
Reino Unido e Alemanha.
Esta acção e este plano meus amigos, não é um mero gostar de cães, é a humanidade
no seu melhor. Quisera eu, porque todos estamos necessitados disso, que
houvesse muita gente assim para valer não só aos cães mas ao seu semelhante!
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