Este fim-de-semana optámos
por visitar o Minho e pernoitámos no Distrito de Viana do Castelo. Visitámos 5
concelhos, 4 nacionais e 1 galego, respectivamente Paredes de Coura, Ponte de
Lima, Valença, Vila Nova de Cerveira e Tui, para além de nos determos nas
freguesias de Cossourado, Rubiães e Sapardos e de termos assentado arraial no
lugar de Antas. Em termos de beleza natural o Minho continua inigualável pelo
verde que mantém e pelos rios que o adornam. Do ponto de vista arquitectónico
são visíveis algumas diferenças, muito embora não sejam de hoje, já que
os solares dos “brasileiros” de outrora (gente que regressava endinheirada do
Brasil), cederam lugar às casas dos emigrantes vindos maioritariamente de
França, rompendo assim com o desenho e materiais tradicionais, mesmo nos
lugares mais recônditos.
Ponte de Lima continua
única e linda, agora a braços com as “Feiras Novas”; Paredes de Coura parece
perdida no tempo (bem que precisa de mais festivais de verão); Valença fervilha
de gente de cá para lá e a luz solar empresta-lhe um carácter idílico à beira
de água, o que torna o Rio Minho majestoso; Vila Nova de Cerveira lembra a
“Costa do Sol” mas para melhor, porque é ao mesmo tempo paradisíaca e
intimista, plena de recantos e de segredos. E quanto a Tui nada a acrescentar,
a não ser que é a continuação do Minho no lado galego (espanhol) e que as
gentes de um lado e do outro do rio são exactamente as mesmas, gozando entre si
de grande amizade e contribuindo ambas para o enriquecimento uma da outra.
Quanto aos minhotos que
nos foram dados a observar ali, mais visíveis nas cidades e vilas que nas
aldeias, as últimas encontram-se quase desertas a maior parte do ano, sobressai
a sua sobriedade e humildade, um carácter por vezes comedido e ao mesmo tempo
irreverente que casa na perfeição o sacro com o profano, coisa visível nas
romarias que começam graves e solenes e acabam geralmente nos adros das igrejas
com bailarinas sensuais e desinibidas bem ao gosto popular (o que é bom é para
se ver!). A “reza do terço” é coisa para velhos e os demais são iguais à
maioria dos restantes portugueses, que só vão à missa por ocasião de
baptizados, casamentos e funerais e também às ditas por alma de alguém, ainda
que com menor assiduidade.
Pese embora a sua
humildade, esta gente gosta de comer e vestir-se bem (nas feiras encontram-se
números grandes, calças até aos 60 cm de cintura), serve quem a visita
magnificamente e atende com rara disponibilidade quem a procura, predicados nem
sempre visíveis noutros cantos do País e que levam os turistas a regressar ao
Minho logo que possam. Antigamente os turistas que se viam nas ruas e
restaurantes eram quase todos galegos, agora já se vêem outros e entre eles
contámos alemães e franceses, que vermelhos que nem pimentos, alegres tudo depenicavam.
Nas terras onde os celtas
acolheram os suevos, contrastando com o passado, o número de gente loura de
olhos azuis está a diminuir drasticamente, o que nos parece resultar da extrema
mobilidade da população portuguesa, de muitos minhotos residirem e trabalharem noutras áreas do País, no estrangeiro e também devido ao reduzido número de crianças (as escolas da época
salazarista encontram-se hoje quase todas encerradas, permanecendo como
mausoléu às muitas reguadas que por lá se ouviam). Não obstante, para além dos
“Caminhos para Santiago” que são percorridos religiosamente, as tradições
continuam vivas e o folclore minhoto continua a dar mostras disso.
E como para nós é um
fracasso fazer turismo sem interesse histórico, acabámos por deslocar-nos à
freguesia de Cossourado, pertencente ao Concelho de Paredes de Coura, mais
propriamente à dita “Cividade de Cossourado”, povoado fortificado (castrejo)
construído durante a Idade do Ferro, próprio de uma população que se dedicava à
recolecção, à agricultura e à pastorícia e que erigiu distintas edificações,
nomeadamente habitações, locais de trabalho, de armazenamento e de recolha para gado. Segundo informações presentes no local, a população que ali viveu
dedicava-se também à fiação, à tecelagem, à olaria, à moagem, à pesca e à metalurgia,
tudo isto entre os séculos V e II A.C., antes da tomada da região pelas tropas
romanas.
Estes nossos antepassados
não seriam muito altos a avaliar pela altura das portas das suas habitações,
legado que parecem ter perpetuado nos minhotos, em cujo seio se pode ainda ver
muita gente baixa, senhoras de 155 a 160 cm e homens de 160 a 165 cm, muito
embora as novas gerações sejam bem mais altas e alguns indivíduos ultrapassem
largamente os 180 cm. Independentemente do seu tamanho, até porque há quem diga
que os homens não se medem aos palmos e tudo leva a crer que tenha razão, não
falta aos minhotos força, ambição e destemor, um caminhar alegre e seguro rumo
ao futuro, próprio de quem não se contenta e que sempre procura mais. Assim
vimos parte do Distrito de Viana do Castelo e haveremos de ir a Viana.
Daqui muito agradecemos a quem
nos acompanhou, orientou e serviu de guia turístico.
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