O segundo milénio não tem
sido generoso nem para os homens nem para o mundo, porque tem sido farto em
ataques terroristas, em conflitos armados por toda a parte e em calamidades
naturais. Diante deste cenário radicalizam-se posições e os lobos do passado
voltam ao povoado, políticos extremistas chegam ao poder e o tribalismo ganha
novo alento e expressão. Dirigentes como Donald Trump, Kim Jong-un e Nicolás
Maduro emprestam à actualidade muitos fantasmas e receios, tanto para os seus
como para os restantes povos do Planeta, pelos seus discursos inflamados onde a
palavra “luta” é a mais usada e pressupõe a possibilidade de uma ou várias
guerras. A meu ver o mais tolo dos três é o coreano e não é preciso ser-se
psiquiatra ou psicólogo para se constatar da sua grave patologia, pois traz escrito
no rosto o alienado que é e nas acções a loucura que não o larga (ainda é capaz
de lançar o mundo numa guerra nuclear).
As trampas do Trump são
próprias de uma política de extrema-direita como as de Maduro são de
extrema-esquerda, ambos são rebentos fora de estação e caso a paz vença depressa
secarão. O Trump tem quem olhe por ele e não o deixe abusar – quem o meta na
linha, o Maduro, infelizmente para os venezuelanos, parece não ter oposição à
altura, apesar de condenar o seu próprio povo à fome. Que país ou governo
florescente lhe servirá de modelo? A Rússia não é, a China está “a virar o bico
ao prego” e Cuba não tem como mandar cantar um cego, valendo-se agora das
envergonhadas indulgências papais. É evidente que os problemas da Venezuela
dizem respeito aos venezuelanos, mas também nos dizem a nós quando um sem
número de emigrantes se vê obrigado a regressar à Ilha da Madeira para escapar
à guerra e à fome, apanhando aquela Região Autónoma de surpresa e sem ter como
os receber condignamente. Até quando suportarão os venezuelanos as madurezas de
Maduro?
Neste momento ainda há alguns
animais nos jardins zoológicos e nas reservas naturais, assim como cães e gatos
nas ruas mas já não são muitos e compreende-se porquê. Quando eles acabarem que
carne comerão 21 milhões de venezuelanos, uma vez que só 1/3 da sua população
pode pagar a carne, os ovos e a margarina? A foto abaixo, que pertence a um
total de três, correu mundo e foi difundida por um representante da oposição
venezuelana. Nela podemos ver dois homens, alegadamente fotografados em Caracas
neste fim-de-semana, depois de haverem matado um cão para comer, prática que a
oposição diz recorrente e que nem os flamingos tem poupado.
Em Yulin, na China, continua-se
a comer carne de cão, como de resto noutros países asiáticos; alguns suíços
mais conservadores não dispensam a mesma carne na “Noite da Consoada” e os
venezuelanos consomem-na por necessidade, porque ali “tudo o que vier à rede é
peixe”, neste caso carne. No mundo em que vivemos, tão cheio de assimetrias, os
cães oscilam entre filhos idolatrados e animais para abate, tratamentos extremados
que reflectem a insanidade presente no quotidiano das nossas sociedades.
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