segunda-feira, 14 de novembro de 2016

NA VÉSPERA LAMBEU-LHE A CARA E NO DIA SEGUINTE MANDOU-O PARA O HOSPITAL

Depois de uma noite mal dormida, por conta de um gato que se deitou na minha almofada a ronronar e que não tive coragem de escorraçar, sou interpelado na rua por um homem maduro, que ao saber-me treinador de cães e querendo ouvir a minha opinião, insiste em contar-me um episódio passado com um cão que outrora teve, próprio para guarda e que apenas queria para animal de companhia.
Segundo me fez saber, o cão era do mais dócil e meigo que havia, não vendo por isso necessidade de o treinar ou mandar treinar, apesar de ser teimoso e de só fazer aquilo que lhe apetecia. Na véspera de um fatídico dia, o cão saltou para o sofá e fartou-se de lamber-lhe a cara, enroscando-se nele como se fosse o melhor dos seus bens.
No dia seguinte, depois de lhe ter dado um comprimido de antibiótico envolto em fiambre e de lhe ter virado as costas, o cão jogou-se ao dono furiosamente, rasgando-lhe em vários pontos as costas e o braço esquerdo, ferimentos que obrigaram o homem a urgente tratamento hospitalar, acabando o cão recambiado para abate. Não obstante, passados alguns anos, decidiu comprar um cão da mesma raça para o mesmo fim, tão parecido com o anterior que parecia seu irmão, manifestando inclusive os mesmos comportamentos abusivos.
Assustado com o ocorrido no passado e temendo a sua repetição, o desfortunado homem perguntou-me se o novo cão lhe poderia fazer o mesmo e se era conveniente treiná-lo. Obrigado a pensar nos mistérios do rosário de Fátima para não ser extemporâneo e indelicado, depois de breve e retemperante pausa, apercebendo-me de imediato que o problema não residia nos cães mas na impropriedade do dono, pormenor que não lhe manifestei, disse-lhe que todos os cães carecem de algum tipo de treino e que ele torna-se obrigatório para os mais robustos e valentes para se evitarem acidentes escusados. Subordinar cães nunca foi difícil, difícil é promover donos, libertá-los da insanidade e revesti-los da liderança que alguns cães não dispensam! Para que quererá aquela alminha, cujo físico já mal responde, um cão fortemente territorial e bélico? Só porque aprecia a raça ou será que pretende livrar-se precocemente das agruras desta vida?

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