Visando
a harmonia binomial, o conforto dos donos, o bem-estar canino, o seu
robustecimento e uso (acção e inacção, prontidão e travamento), há que
considerar a altura e peso dos dois membros que constituem um binómio, para que
nenhum deles entre em esforço ou seja desaproveitado isoladamente pela
impropriedade do outro. Existe de facto uma relação óptima entre o peso do dono
e o do cão, devendo o primeiro pesar mais metade do peso encontrado no animal
(ex: o cão pesa 38kg, o dono deverá pesar no mínimo 38+19 = 57kg), porque
doutro modo o líder binomial não poderá dar um palmo de trela ao seu
companheiro e dificilmente conseguirá suster os seus arranques quando
instintivos ou provocados, restando-lhe apenas como hipótese, para a
salvaguarda de terceiros, não largar a trela e jogar-se ao solo tal qual uma
âncora (estamos a falar de cães de trabalho, acima dos 22kg e de uso
convencional). É evidente que não estamos a tratar de cães previamente
condicionados e de condutores com esmerada técnica, nem tão pouco do uso de
acessórios que, sacrificando os animais, facilitam a sua condução e controlo,
muito menos da energia excepcional que alguns “peso-mosca” demonstram, mas de
gente comum e sem experiência prévia que decide iniciar e dar continuidade ao
treino do seu cão, que dispensa ali andar aos trancos e barrancos (vale a pena
começar o treino dos cachorros aos 4 meses de idade).
Existe
também uma relação óptima entre a altura do dono e a do cão, devendo o primeiro
medir mais 115cm sobre a altura ao garrote do animal (ex: o cão mede 65cm, o
dono deverá medir 65 + 115 = 180cm (1.8m). É sabido que essa diferença de
altura pode remeter-se somente a 100cm, particularmente se os condutores forem
jovens, objecto de selecção, activos e atletas, boa forma que não atingirão sem
esforço. Abaixo dos 100cm de diferença, os condutores ver-se-ão obrigados a dar
mais do que uma passada para manterem a capacidade de marcha dos cães
trotadores, o que inevitavelmente induzirá a maioria ao estoiro, nomeadamente
nas aulas colectivas de progressão alinhada, quer elas sejam lineares ou
circulares, onde o atraso binomial não pode ser consentido por prejudicar o bom
andamento das classes e obrigar à perca da cadência de marcha que se deseja
colectiva. Esclarece-se que o andamento natural canino que mais muscula é a
marcha, mais-valia que o treino não dispensa em abono do bem-estar e
capacitação dos cães, andamento que exige o acompanhamento lado-a-lado dos seus
donos (existem excepções (raras) que contradizem a fábula “A RÃ QUE QUERIA SER BOI”
de Jean de La Fontaine, condutores minúsculos cujas pernas parecem asas).
Se
o défice de peso dificulta os condutores, a sua pouca altura acaba por
prejudicar os cães, pelo que uns e outros, apesar de ninguém o querer dizer,
são considerados impróprios, a menos que sejam excepcionais e donos de uma
vontade que ultrapasse as suas limitações físicas, o que esporadicamente
acontece para espanto dos demais (já assistimos a vários casos). Assim, os
deslumbrados pelos cães gigantes, que pensam trabalhá-los e procuram quem os
faça crescer artificialmente, devem vir para o treino ataviados de “botas das 7
léguas” (sempre haverá gente que intentará dar um passo maior que a perna).
Sem comentários:
Enviar um comentário