segunda-feira, 14 de novembro de 2016

HÁ QUE CONSIDERAR O PESO E ALTURA

Visando a harmonia binomial, o conforto dos donos, o bem-estar canino, o seu robustecimento e uso (acção e inacção, prontidão e travamento), há que considerar a altura e peso dos dois membros que constituem um binómio, para que nenhum deles entre em esforço ou seja desaproveitado isoladamente pela impropriedade do outro. Existe de facto uma relação óptima entre o peso do dono e o do cão, devendo o primeiro pesar mais metade do peso encontrado no animal (ex: o cão pesa 38kg, o dono deverá pesar no mínimo 38+19 = 57kg), porque doutro modo o líder binomial não poderá dar um palmo de trela ao seu companheiro e dificilmente conseguirá suster os seus arranques quando instintivos ou provocados, restando-lhe apenas como hipótese, para a salvaguarda de terceiros, não largar a trela e jogar-se ao solo tal qual uma âncora (estamos a falar de cães de trabalho, acima dos 22kg e de uso convencional). É evidente que não estamos a tratar de cães previamente condicionados e de condutores com esmerada técnica, nem tão pouco do uso de acessórios que, sacrificando os animais, facilitam a sua condução e controlo, muito menos da energia excepcional que alguns “peso-mosca” demonstram, mas de gente comum e sem experiência prévia que decide iniciar e dar continuidade ao treino do seu cão, que dispensa ali andar aos trancos e barrancos (vale a pena começar o treino dos cachorros aos 4 meses de idade).
Existe também uma relação óptima entre a altura do dono e a do cão, devendo o primeiro medir mais 115cm sobre a altura ao garrote do animal (ex: o cão mede 65cm, o dono deverá medir 65 + 115 = 180cm (1.8m). É sabido que essa diferença de altura pode remeter-se somente a 100cm, particularmente se os condutores forem jovens, objecto de selecção, activos e atletas, boa forma que não atingirão sem esforço. Abaixo dos 100cm de diferença, os condutores ver-se-ão obrigados a dar mais do que uma passada para manterem a capacidade de marcha dos cães trotadores, o que inevitavelmente induzirá a maioria ao estoiro, nomeadamente nas aulas colectivas de progressão alinhada, quer elas sejam lineares ou circulares, onde o atraso binomial não pode ser consentido por prejudicar o bom andamento das classes e obrigar à perca da cadência de marcha que se deseja colectiva. Esclarece-se que o andamento natural canino que mais muscula é a marcha, mais-valia que o treino não dispensa em abono do bem-estar e capacitação dos cães, andamento que exige o acompanhamento lado-a-lado dos seus donos (existem excepções (raras) que contradizem a fábula “A RÃ QUE QUERIA SER BOI” de Jean de La Fontaine, condutores minúsculos cujas pernas parecem asas).
Se o défice de peso dificulta os condutores, a sua pouca altura acaba por prejudicar os cães, pelo que uns e outros, apesar de ninguém o querer dizer, são considerados impróprios, a menos que sejam excepcionais e donos de uma vontade que ultrapasse as suas limitações físicas, o que esporadicamente acontece para espanto dos demais (já assistimos a vários casos). Assim, os deslumbrados pelos cães gigantes, que pensam trabalhá-los e procuram quem os faça crescer artificialmente, devem vir para o treino ataviados de “botas das 7 léguas” (sempre haverá gente que intentará dar um passo maior que a perna).


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