Quando se treina uma
cadela Pastora Alemã e importa mantê-la com as orelhas erectas e em porte
majestoso, é de todo conveniente que se dê primazia às acções que lhe solicitam
a atenção, já que o seu impulso à defesa tende a ocupar o fraco impulso à luta
de que é portadora, porque doutro modo depressa abaterá as orelhas, mímica
própria de quem é submisso e acusa o stress, postura pouco intimidatória que
denuncia o particular do seu género. Esta postura indesejável resulta
geralmente das quebras de estímulo para a obtenção dos comandos básicos de
obediência, quando, por exemplo, se esconde o brinquedo do animal e lhe é
exigido o cumprimento duma figura, acusando a cadela o reforço da correcção
pela ocultação do brinquedo e pela postura corporal do seu treinador, peso que
somado leva à humilhação. Também as festas exageradas, massificadas em abraços
constantes, induzem à mesma postura, conforme já se comprovou cientificamente.
Por outro lado, as cadelas demasiado protegidas e a coabitar com os seus donos,
adquirem a mesma mímica pela inexistência de um serviço protector que as
obrigue a um estado de alerta.
Para resolver o problema
importa tirar partido dos comandos de obediência à distância, designadamente da
ordem de “quieto” com o animal de pé e com os donos entregues aos seus
afazeres, o que dotará a cadela de maior autonomia pelo reforço de carácter e a
fará estar atenta a tudo ao seu redor, mercê da observação a que se vê obrigada. Ao
invés de constantemente a andarmos a afagar, devemos esperar que seja ela a
solicitar os nossos mimos e não lhe endereçar diminutivos labiais que são
próprios para os cães mais frágeis, tal qual debicar de periquitos. Esta postura contraída pode também resultar
da variação na entoação dos comandos de obediência, que deverão ser dados numa
dicção calma e segundo a sua divisão silábica, porque só assim poderemos evitar
a contrariedade que gera o stress. Para além da atribuição de novas missões e
também por causa delas, convém que as cadelas sejam convidadas para a captura e
para o exercício da pistagem, exercícios que deverão ter lugar preferencialmente
à noite pelo reforço de sons e odores que esta oferece, obrigando-as por isso a
ser mais cuidadosas e menos relaxadas, até porque só anda de orelhas abatidas quem
não encontra razão para as arrebitar.
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