Por estranho que pareça,
não estamos a falar de animais castrados, é muito mais fácil sociabilizar cães
entre si do que cadelas, porque as fêmeas são por norma mais impiedosas umas
com as outras. Por causa disso, temendo que o seu guardião venha a ser
ludibriado por uma fêmea com o cio, há quem opte e bem por um casal de cães
para guardar os seus bens, já que a cadela residente bem depressa escorraçará a
intrusa, incentivando o macho a seguir-lhe os propósitos. Na constituição de
uma matilha funcional de ambos os sexos, a haver problemas de sociabilização,
eles certamente eclodirão entre as fêmeas. Quando duas fêmeas entram em cio em
datas diferentes, a que tardar em alcançá-lo, mesmo que até ali tenha sido
subordinada pela outra, sentindo-a mais vulnerável, procurará inverter a
situação e alcançar a primazia.
Se numa casa já houver uma
cadela residente e o seu dono optar por adoptar ou hospedar outra já adulta, a
primeira tudo fará para “meter na ordem” a recém-chegada, que ao sentir-se
também aconchegada e sendo rija, breve ripostará. Em casos como estes exige-se que
o dono faça saber quem ali manda, não permitindo a nenhuma delas o despoletar
de picardias. Se os machos lutam pela conquista de novos territórios, as fêmeas
lutam desalmadamente pela defesa do território que lhes foi atribuído, resistindo
à sua divisão com outras. Naturalmente submissas a quem lhes provém o sustento,
lutam também pela atenção e carinho dos donos, pormenor geralmente entendido
como uma manifestação de ciúme.
Uma cadela mais nova quando
confrontada com uma mais velha e frágil, sendo ambas territoriais, não hesitará
em tomar o seu lugar, pelo que importa proteger a mais idosa, que vendo-se
assim acossada, cada vez mais se afastará dos seus donos temendo as represálias
da sua rival. Com mais facilidade se sociabilizarão cães com cadelas, duas
cadelas castradas entre si e outras de raça diferente. Sim, as cadelas lutam
pela predilecção dos donos e pelo domínio sobre as outras.
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