quarta-feira, 30 de novembro de 2016

O PART-TIME DE COLIN BUTCHER

Colin Butcher, um polícia aposentado britânico, decidiu abrir uma agência de detectives (até aqui nada de novo). Em paralelo, desde 2004, dedica-se também ao resgate de cães roubados, no que lembra a personagem “Ace Ventura”, o Pet Detective interpretado pelo actor cinematográfico canadiano Jim Carrey. Como o roubo de cães não pára de aumentar em Inglaterra e no País de Gales, desde 2013 até agora já foram roubados 5.000, o Sr. Butcher não tem mãos a medir, sendo capaz de devolver um cão aos seus proprietários em menos de 24 horas, façanha que o notabiliza e que diariamente lhe aumenta o leque de clientes. Figura incontornável neste ofício pelo seu préstimo cativou o interesse da imprensa inglesa e tem vindo a ser entrevistado por vários dos seus tablóides.
Os clientes do Sr. Butcher são maioritariamente pessoas cujos cães desapareceram ou foram roubados e que não hesitam a dar chorudas recompensas a quem lhos entregar. Diariamente recebe em média 12 chamadas telefónicas, sendo 2/3 delas relativas ao desaparecimento de cães. A novidade no roubo destes animais aponta para o ataque sobre “dog-walkers”, quer estes sejam os seus donos ou pessoal contratado para efeito. Butcher diz que a sua taxa de sucesso ronda os 80%, se o desaparecimento dos animais lhe for comunicado até 24 horas depois. Ao invés de se valer de cães farejadores para rastrear os animais em falta, este cidadão britânico vale-se das novas tecnologias que se têm revelado mais eficazes.
Com tanto polícia reformado e tantos jovens desempregados, a ocupação deste inglês seria igualmente útil e rentável em Portugal, não tanto pelos cães roubados mas por aqueles que diariamente desaparecem sem deixar rasto. Pet Detective, why not?  

terça-feira, 29 de novembro de 2016

ELES DIRIAM: É PRECISO TER SORTE!

Por todos os lugares por onde que passo, oiço gente a sobrevalorizar os animais em detrimento das pessoas, indivíduos que chegam a lamentar mais a morte do seu animal que a dos seus parentes mais próximos, realçando nos primeiros a fidelidade e o companheirismo que contrastam com a falsidade e indiferença dos humanos. E nesta toada antropomórfica, todos dizem que trataram ou tratam os seus cães como ninguém. Se porventura os cães falassem e lhes fosse dada a palavra, quando questionados acerca da sua vida ao lado dos donos, eles certamente diriam: “É preciso ter sorte!”.
E é preciso ter sorte porquê? – Questioná-los-iam. “ Porque nem todos iremos ver respeitados os nossos elementares direitos, quando somos impedidos de sair à rua, votados ao isolamento por horas infindas, condenados a rações de má qualidade e sujeitos à castração (não será a castração um acto de descarado especismo?). E como se isto nas bastasse, muitos de nós seremos dominados pela ansiedade, arredados da limpeza diária e sujeitos a banhos dispensáveis, vulneráveis a um sem número de doenças, privados do nosso viver social, induzidos a taras que podem chegar à automutilação e ver comprometida a nossa longevidade, apesar de dizerem que nos estimam convenientemente!” – Diriam.
Mas como os cães não falam (“comem e calam”), perguntamos nós: Se eventualmente estes donos tratassem os seus iguais assim (familiares, amigos e colegas), quantos permaneceriam ao seu lado satisfeitos e felizes? É evidente que cães não são pessoas. Mas gente assim não gostará mais deles porque se contentam com pouco e não se queixam? Não será a sua insanidade que os remete para um relacionamento antropomórfico com os animais? Se não consegue amar os seus iguais, como poderá respeitar os cães? Amar não será uma permuta? A minha felicidade justificará a infelicidade dos outros? Há por aí muita gente que espera receber sem ter nada para dar! 

sábado, 26 de novembro de 2016

RANKING SEMANAL DOS TEXTOS MAIS LIDOS

O RANKING semanal dos textos mais lidos ficou assim ordenado:
1º _ OS FALSOS PASTORES ALEMÃES, editado em 24/02/2015
2º _ AOS 10 TUDO MUDA !, editado em 23/11/2016
3º _ PASTOR ALEMÃO X MALINOIS: VANTAGENS E DESVANTAGENS, editado em 15/06/2011
4º _ ORELHAS TOMBADAS E MENTIRA, CÃES DE LABORATÓRIO E ENGANO, editado em 01/0472015
5º _ O PESO DOS 4 MESES NO CÃO DO AMANHÃ, editado em 28/10/2010
6º _ DE CASA PARA A TOCA NA IDADE DE SAIR, editado em 21711/2016
7º _ SERÁ O BOERBOEL UMA BESTA APOCALÍPTICA?, EDITADO EM 02/05/2015
8º _ A CURVA DE CRESCIMENTO DAS DIVERSAS LINHAS DO PASTOR ALEMÃO, editado em 29/08/2013
9º _ CONVERSAS SOBRE PASTORES ALEMÃES À MESA DO CAFÉ, editado em 09/08/2014
10º _ DOBERMANN: O CÃO QUE É MENOS DO QUE SE SUPÕE E MAIS DO QUE SE IMAGINA, editado em 06/03/2016 

TOP 10 SEMANAL DE LEITORES POR PAÍS

O TOP 10 semanal de leitores por país ficou assim escalonado:
1º Portugal, 2º Brasil, 3º Reino Unido, 4º Estados Unidos, 5º Alemanha, 6º França, 7º Angola, 8º Ucrânia, 9º Itália e 10º Espanha.

O MUNDO À NOSSA VOLTA: A MORTE DE FIDEL CASTRO

Fidel Castro, líder da Revolução Cubana e responsável pela “ditadura do proletariado” que ali instituiu, morreu. Personagem controversa da política do Século XX, idolatrado por muitos e odiado por tantos outros, estabeleceu em Cuba uma política de partido único sustentado pela polícia política. Durante mais de 50 anos resistiu ao embargo económico dos Estados Unidos contra a sua terra natal. Internamente, em paralelo com a miséria a que votou o seu povo, estendeu a todos o ensino, o acesso à saúde e promoveu políticas que favoreceram a investigação científica. Externamente, depois de alinhado com a extinta União Soviética, aquando da “Guerra Fria”, treinou, armou, apoiou e fomentou grupos e acções terroristas em vários continentes, apoiando também (com homens e armas) os diversos movimentos de libertação nas extintas colónias portuguesas do ultramar. A queda do comunismo cubano, que se encontra preso por arames, por ausência de modelo, apoio e referência, acabará por desalojar do poder os líderes latino-americanos de idêntica e ultrapassada ideologia, que apenas se aguentam de pé por força da repressão. Fidel marcou o seu tempo, caberá à história, que todos sabemos ser escrita pelos vencedores, valorizar ou desvalorizar o que fez, o que não conseguiu fazer e o que não deveria ter feito.

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

SE PENSAR EM MASCARAR-SE, AVISE O SEU CÃO PRIMEIRO!

Os portugueses adultos não são muito dados as máscaras para além daquela que carregam no seu quotidiano. Já as crianças e os jovens não são assim, uns movidos pela fantasia e outros pela irreverência, mascaram-se no Carnaval, adoram vestir-se com as roupas dos pais ou de acordo com os seus ídolos, apreciam os Pais Natal e aderem em força às máscaras e rituais do recém-chegado Halloween. Porém, para quem tem cão e adora mascarar-se, é de todo conveniente alertar o animal para o facto, que vendo o dono com outra apresentação e comportamento, ao surpreender-se, poderá atacá-lo como faria a qualquer intruso ou invasor, independentemente de haver sido treinado ou não para guarda, como aconteceu recentemente no Reino Unido.
Duas jovens amigas britânicas decidiram fazer um vídeo com uma delas disfarçada com “olhos de camaleão”, exactamente a mesma que era dona de um cão que a tudo assistia. “Inesperadamente”, estranhando aquela apresentação grotesca, o animal lançou-se sobre a cara da dona, não resultando do incidente qualquer dano, porque a jovem conseguiu proteger a cara a tempo. Este episódio rocambolesco repete-se vezes sem conta por toda a parte, designadamente entre cães que ao invés de fazerem a abordagem pelo faro, a fazem usando outros sentidos (visão e audição).
Como prevenção, aconselham-se os proprietários caninos que gostam de se mascarar, que falem com os cães antes que eles sejam surpreendidos com a farpela ou que os convidem para assistir à sua transformação, cuidado que poderá evitar-lhes graves dissabores. Do mesmo modo, aqueles que possuem cães de guarda e que por algum motivo são obrigados a alterar os seus hábitos de entrar em casa, só deverão fazê-lo depois de se anunciarem aos cães, caso contrário poderão ser confundidos e maltratados. Nesta matéria exige-se especial cuidado com as crianças que gostam de disfarçar-se e pregar sustos aos cães. Como diz o povo: “à primeira todos caiem, à segunda só cai quem quer”. Fica o aviso!

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

“À ESQUERDA” E À “DIREITA UP”

Há coisas que usamos no agility que nos fazem falta noutras áreas do adestramento. Uma delas é ensinar os cães a saltar tanto à esquerda quanto à direita, consoante a mão que utilizarmos para indicar a transposição ao animal, mais-valia indispensável quando temos pela frente dois obstáculos paralelos e somos obrigados a conduzir o cão pela retaguarda. Estamos a falar dos comandos “à esquerda” e “à direita, up”, cujo treino e fixação acontecem sobre dois obstáculos paralelos entre si de altura igual ou diferente. Como se depreende, todos os cães que apenas têm uma mão de condução, não podem considerar-se devidamente adestrados, porque a ausência de condução a duas mãos irá limitar e dificultar o seu uso.

A IMPORTÂNCIA DO SALTO DE MOCHILA

Um dos saltos que ensinamos extraordinariamente é o “Salto de Mochila”, que consiste no salto do cão para as costas do dono, tirado a partir do comando direccional “Up”. Para que o salto seja bem-sucedido e o cão aprenda a colocar as mãos à volta do pescoço do dono, que posteriormente lhe segurará os quartos traseiros, treinamo-lo com a ajuda de outro condutor que apenas garante a direcção certa ao animal, cabendo ao seu proprietário ordenar-lhe a execução pretendida.
Mais que uma mera brincadeira ou habilidade circense, o “Salto de Mochila” possibilita o derrube de um intruso, quer esteja armado ou não, porque é feito pelas costas e de surpresa. Para além disso, ele é um precioso auxiliar para os cães que se dedicam ao mundo do espectáculo e da ficção, onde muitas vezes o ataque propriamente dito não se justifica, razões mais que suficientes para continuarmos a ensiná-lo aos cães dos nossos alunos.

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

AOS 10 TUDO MUDA !

Os cachorros com 10 meses de idade são considerados pelos cães adultos como iguais e concorrentes, sendo com eles mais duros e menos tolerantes por razões sociais. Um cão com esta idade lembra um jovem humano de 17 anos que tudo contesta e desafia até encontrar o seu lugar na sociedade, irreverência que põe em causa o grupo e a continuidade da ordem estabelecida. E como ninguém abdica gratuitamente dos seus direitos conquistados e adquiridos, cães maduros e jovens envolvem-se em disputas encarniçadas por tudo e por nada, uns movidos pela conservação do seu lugar hierárquico e outros pelo assalto ao poder (as lutas entre fêmeas são igualmente duras), ainda que meses antes se dessem todos bem e brincassem entre si.
Nesta idade (10 meses), os cachorros são cada vez mais ousados e tendem a “esticar a corda”, embalados pela maior força física e pelo contributo da maturidade sexual, factores que lhes dão maior autonomia, tornando-os mais desafiadores e atentos para a novidade de interesses, podendo ensurdecer-se mais amiúde para aquilo que lhes é solicitado. Praticamente formados fisicamente e dominados pelas competitividade, resistem ao travamento que possibilita o seu controlo, o que de imediato nos lança para a importância da disciplina da obediência, que neste estado etário deverá merecer maior ênfase nas suas vertentes estática e dinâmica, particularmente quando desaproveitaram os benefícios do ciclo infantil que decorre dos 4 aos 6 meses.
Quando um cachorro inicia o seu treino aos 4 meses é natural que aos 10 já ande em liberdade ao lado do dono, que venha sempre quando ele o chamar, saiba aquilo que dele se espera e nisso já se encontre capacitado e investido. Mesmo assim, a recapitulação e o aprimoramento dos comandos instalados devem acontecer, para que sejam soberanos e não circunstanciais, não sejam esquecidos e garantam a unidade binomial que suporta as diversas utilidades fornecidas pelo adestramento. Exige-se aos cachorros com 10 meses de idade o cumprimento imediato das ordens, nomeadamente aos mais activos e robustos que já tenham participado em acções de defesa ou em ataques lançados, para que o doce cachorrinho doutrora não se venha a transformar num amargo dissabor.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

O ANIVERSARIANTE E O CÃO QUE SÓ LADRAVA A GATOS

Fico com a sensação que os cães são poliglotas, por força de tanto ouvir ensiná-los em diferentes línguas, que sendo tão maltratadas pelos donos, lembram-me o actual treinador do Sporting, Jorge Jesus, quando intenta explicar-se na língua-mãe ou dar entrevistas em “portuñol”. Mais importante do que a língua é a técnica utilizada e esta por ser universal, pode até dispensá-la, facto que nos projecta para a importância da linguagem gestual no adestramento, requisito indispensável para os binómios que querem evoluir em silêncio, comunicar à distância ou que se dedicam às disciplinas de guarda e resgate. O assunto transporta-nos para um inesperado dia de aniversário de um septuagenário nosso amigo já falecido, homem que incorporou as nossas fileiras com os seus Pastores Alemães. Vamos à história:
Estávamos no Outono do último ano do século passado, em meados de Outubro, numa noite húmida e coberta de neblina, quando decidimos fazer uma surpresa a um amigo nosso, morador num vilarejo perto de Bucelas. Decididos a cantar-lhe os parabéns, invadimos a sua propriedade com vinte binómios sem que ele se apercebesse, apesar do seu CPA ter sinalizado a intrusão, aviso que o dono não considerou e que o levou a repreendê-lo por julgá-lo a ladrar a gatos. “Cala-te tonto e deixa os gatos em paz”, disse-lhe ao abrir a porta do quintal. Ainda não tinha virado as costas, quanto para surpresa sua ouviu um coro a cantar-lhe os parabéns e se apercebeu que os gatos eram outros!
Esta surpresa jamais seria possível sem o contributo da linguagem gestual transmitida e assimilada pelos cães, que evoluindo e estacando em silêncio, “tomaram de assalto” aquele quintal e surpreenderam o seu proprietário. Cada um que tire as suas conclusões acerca deste relato verídico.   

SUBSÍDIOS PARA ALCANÇAR O “À FRENTE”

Ensinamos o “À FRENTE” aos cães para o usarmos nas seguintes circunstâncias: para robustecimento do carácter canino; como modo de supercompensação; nas subidas íngremes como subsídio de tracção; nas passagens estreitas sem risco de confrontação; nas ruas mal iluminadas para protecção e varrimento e nas acções de busca e salvamento, tanto em terra como dentro de água. Temos por hábito ensiná-lo primeiro à trela e depois em liberdade, como subsídio importante para a liberdade condicionada que procuramos nos cães. Sabendo-se que os mais frágeis de carácter têm dificuldade em fazê-lo, preferindo circular atrás dos donos, este comando direccional é-lhes indispensável, porque sem ele jamais alcançarão a segurança e o conforto fornecidos pelo adestramento.
Apesar da tarefa não ser fácil nalguns casos, por força de resistência oferecida, há que aproveitar as circunstâncias em que os cães puxam por nós à trela, acção que todos fazem quando pretendem chegar a um lugar da sua eleição, alcançar algo do seu interesse ou satisfazer alguma necessidade, juntando ao ceder da trela o comando verbal a instalar, instalação que acontecerá sem delongas pela memória afectiva por conta da experiência feliz. Como é impossível discriminar todos os momentos em que os cães procedem assim, porque cada um é um indivíduo, vive da experiência que tem e mostra diferentes interesses, adiantaremos apenas as situações mais comuns que nos parecem universais.
Nas esperadas e desejadas saídas à rua, no apetecível regresso a casa, na perseguição e captura dum brinquedo, perante a proximidade de um local de evasão e supercompensação, no avistar de pessoas do agrado dos animais e no alcance de uma iguaria predilecta, podemos alcançar sólidos e eficazes subsídios para alcançar o “À FRENTE”, que será obtido sem o reparo e a coerção responsáveis pela sua delonga nos cachorros e nos cães mais sensíveis. Fica a sugestão.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

UMA SOLUÇÃO INTELIGENTE

A foto acima mostra uma opção inteligente para quem pretende alimentar o seu cão e conservar a casa limpa e arrumada, livrar o penso do animal da excessiva exposição, manter a sua água fresca e longe dos olhares das crianças. Há que dar os parabéns a quem criou tal móvel, cuja praticidade e utilidade são de louvar.

DE CASA PARA A TOCA NA IDADE DE SAIR

O melhor cachorro do mundo poderá tornar-se medíocre quando entregue em más mãos, porque é dependente e encontra-se cativo às suas experiências de vida, que sendo pobres desaproveitarão o seu potencial e levá-lo-ão a um desempenho menor, o que realça o peso ambiental na formação dos cachorros. Esta alteração poderá afectá-los aos níveis físico, psicológico, cognitivo e social como iremos ver. Todos sabemos que os cachorros aos 4 meses de idade, quando a viver em matilha, seguem os cães adultos e partem em excursão, iniciando assim as suas lições de vida que influirão no seu futuro comportamento e desempenho, razões mais que suficientes para iniciar o treino canino nesta idade.
Um amigo nosso, inexperiente nestas andanças, adquiriu recentemente um cachorro CPA. Como é mais contemplativo que dinâmico, porque a vida lhe permite, sai de casa para o café e de café para casa, sendo acompanhado nesse trajecto melancólico e rotineiro pelo cachorro que, quando não está em casa, passa horas infindas deitado debaixo da mesa duma esplanada, invariavelmente a ser importunado por quem passa, sem o dono se aperceber disso, por se encontrar enleado em conversas de circunstância com outros. O cachorro que a princípio se mostrava curioso, de um momento para outro, começou a temer tudo e todos, escondendo-se sempre que possível debaixo da mesa, resistindo também no treino a permanecer no “quieto”, figura que a princípio respeitava e que aprendeu com relativa facilidade.
Como os amigos são para as ocasiões e não vale a pena zangarmo-nos com outros, chamámos aquele dono inexperiente e descuidado à atenção, alertando-o para o mal que estava a causar ao seu cachorro, indicando-lhe em simultâneo como proceder. Para além de o incentivarmos a andar mais tempo com o cachorro atrelado, porque o treino canino é dinâmico, sugerimos-lhe que, ao invés de o manter a seus pés, o colocasse uns metros mais à frente sentado e mais próximo de quem por ali passasse, ainda que debaixo do seu consolo e protecção, para o animal ganhar maior autonomia, se familiarizar com as pessoas e desenvolver a sua curiosidade, ao ponto de se aperceber dos hábitos e intenções das gentes à sua volta. Dois ou três dias depois do dono haver procedido assim, o cachorro voltou a respeitar o “quieto” na escola, confiante, fixo na pessoa do seu mestre e indiferente às movimentações ao seu redor.
A superprotecção e o desapego são atitudes extremadas que só servem para rebentar cachorros, que tanto podem torná-los rufias como piegas. Adquirir um cachorro é assumir o compromisso de o criar saudável, forte e confiante, apto para os desafios que irá encontrar no seu quotidiano, considerando a sua salvaguarda e préstimo. Andar com um infante de toca em toca (de casa para debaixo da mesa do café), é atentar contra o seu salutar desenvolvimento físico, cognitivo e social, estoirar com a sua autonomia, comprometer o seu equilíbrio e uso, alimentar-lhe medos e inadequá-lo para o mundo ao seu redor. Depois desta lição, todos sabemos como proceder e percebemos que vale a pena chamar os amigos à atenção.

domingo, 20 de novembro de 2016

LEITORES DO IÉMEN

Não sabemos muito sobre o longínquo Iémen, um país árabe e muçulmano situado na extremidade sudoeste da Península Arábica, que confina a Norte com a Arábia Saudita, a Este com Omã, a Sul com o Mar da Arábia e o Golfo de Áden e a Oeste com o Mar Vermelho. País montanhoso de planícies áridas, o Iémen é governado por um regime presidencialista. Para além da sua afabilidade, simplicidade e cozinha, os iemenitas são conhecidos por mascar folhas de “Khat”, tanto homens como mulheres, estendendo esta planta angiosperma a quem os vista, que contém um alcalóide denominado de “catinona”, responsável por estados de excitação e euforia (a Organização Mundial de Saúde considerou o Khat como droga por produzir de leve a moderada dependência psicológica).
Esta semana tivemos leitores de países pouco afectos  à canicultura e à cinotecnia por razões económicas ou religiosas, nomeadamente dois do Iémen, o que muito nos surpreendeu, contrariamente ao aumento significativo de leitores árabes e muçulmanos, que já não nos causa espanto algum. Todos são bem-vindos, venham donde vierem, desde que apreciem cães como nós os apreciamos. E já agora, para quem gosta de mares coralinos e de conhecer países longínquos e curiosos, o Iémen é um destino turístico que preenche esses requisitos, desde que não se encontre em guerra, o que nem sempre acontece.

sábado, 19 de novembro de 2016

RANKING SEMANAL DOS TEXTOS MAIS LIDOS

O RANKING semanal dos textos mais lidos ficou assim ordenado:
1º _ OS FALSOS PASTORES ALEMÃES, editado em 24/02/2015
2º _ PASTOR DE SHILOH: SUPER-CÃO OU DECEPÇÃO?, editado em 23/01/2014
3º _ PASTOR ALEMÃO X MALINOIS: VANTAGENS E DESVANTAGENS, editado em 15/06/2011
4º _ ACESSÓRIOS NECESSÁRIOS PARA O TREINO, editado em 13/11/2016
5º _ UMA COISA É SER SOCIÁVEL, OUTRA COMUNITÁRIO E OUTRA AINDA TERAPEUTA, editado em 14/11/2016
6º _ O CÃO LOBEIRO: UM SILVESTRE ENTRE NÓS, editado em 26/10/2009
7º _ SERÁ O BOERBOEL UMA BESTA APOCALÍPTICA?, editado em 02/05/2015
8º _ -7.692%, O FADO DAS DUAS TABELAS DE CRESCIMENTO NOS CACHORROS CPA DE PÊLO COMPRIDO, editado em 13/11/2016
9º _ O DESPERTAR DA ATENÇÃO E A GUARDA DO LAR, editado em 17/11/2016
10º _ CÃES DO OLX E EM 2ª MÃO, editado em 31/05/2015

TOP 10 SEMANAL DE LEITORES POR PAÍS

O TOP 10 semanal de leitores por país ficou assim escalonado:
1º Portugal, 2º Brasil, 3º Reino Unido, 4º Estados Unidos, 5º Alemanha, 6º Angola, 7º Espanha, 8º França, 9º Moçambique e 10º Quénia.

AGARRA QUE É LADRA!

Há quem nasça ladra sem nunca ter roubado, quem faça de ladrão e sempre tenha sido honrado, como é o caso da Mª Beatriz, que trabalhando honradamente, acaba por desempenhar o papel de “amiga do alheio” aos fins-de-semana, fugindo aos dentes do Tyson que a seguem por toda a parte, um cachorro CPA talhado e agora a ser preparado para guardar a casa do dono. Ser ladra na nossa freguesia é ser trapezista sem rede de protecção, pois exige-se valentia, decisão, precisão e pé ligeiro (alguma juventude também). Virá o tempo em que a Beatriz olhará para esta foto com saudade, como marca de uma época plena de histórias para contar. Obrigado Bia por fazeres a história do nosso dia-a-dia!

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

O DESPERTAR DA ATENÇÃO E A GUARDA DO LAR

Um bom cão de guarda deverá impedir a entrada de um intruso pela surpresa ou deverá deixá-lo entrar para depois o capturar? Deverá mostrar-se ou avançar dissimulado? Quando só, deverá primeiro avisar da presença do invasor ou barrar-lhe de imediato a entrada sem pré-aviso? Onde deverá ser o animal treinado: num centro próprio para o efeito ou no perímetro que irá defender? Quem deverá conhecer os seus comandos de acção e travamento? Na sua capacitação que tipo de protecções deverão usar as cobaias: mangas e fatos de ataque ou protecções ocultas? A ênfase a dar no seu treino deverá recair sobre a captura dos invasores ou na sua debandada? Na potenciação e localização da mordedura ou nos ataques a vários golpes?
Sabemos que as opiniões dividem-se na resposta a estas questões, que o parecer dos adeptos da guarda desportiva será diametralmente oposto ao daqueles que se dedicam à guarda efectiva, divergência que se compreende pelos seus díspares propósitos. Nós, que nesta matéria não nos dedicamos ao show business e temos como prioridade a salvaguarda dos cães, entendemos que um bom cão de guarda deverá impedir pela surpresa a entrada de um intruso, que deverá avançar para ele dissimulado prontamente e sem aviso. E porquê? Porque a captura é uma luta que o cão pode perder e só o efeito surpresa lhe dará vantagem. Convém não esquecer que os assaltos são agora também perpetrados por indivíduos armados, notoriamente mais violentos e com um conhecimento razoável do modo de actuação canino.
Visando a excelência na capacitação do cão guardião, potenciar o seu sentimento territorial e evitar a delonga entre as fases indutoras e a de instalação, entendemos também que o animal deverá ser, sempre que possível, treinado no perímetro que lhe irá ser confiado, independentemente das fases em que se encontra, porque doutro modo os seus comandos de acção e travamento poderão chegar ao conhecimento de gente indevida (os ladrões também frequentam as escolas caninas e a troco de meia-dúzia de tostões aprendem ali a ludibriar cães). O ataque a mangas e a fatos de ataque, antecedidos pelo concurso dos churros, mal tenham alcançado o seu propósito, deverão ser de imediato trocados por protecções ocultas a colocar nas cobaias, para que os animais não se fixem neles e venham a desinteressar-se dos ladrões, para quem não dá muito jeito assaltar casas com uma manga a tiracolo ou vestir fatos de ataque. À parte disto, é possível desde logo treinar cães com protecções ocultas. 
Se na guarda desportiva a ênfase recai sobre a captura, na guarda real ela deverá privilegiar a expulsão do invasor, para se evitar sempre que possível a confrontação homem-cão, que poderá acontecer pela persistência do primeiro ou pela vantagem do animal experimentada no treino. Nas situações reais mais convém o ataque a vários golpes, que ferem o intruso e não prendem o cão, que fixá-lo num só ponto de mordedura já esperado. E para que tal aconteça, a perseguição que antecede a captura não deve ser desprezada, porque o cão cai sobre o que mexe e não sobre o que lhe é dado a morder.
Uma vez explicadas as diferentes perspectivas sobre a disciplina de guarda, é altura de nos debruçarmos sobre o despertar da atenção nos cães, período da sua vida que antecede a guarda propriamente dita e que acontece nos cachorros em idades diferentes consoante a sua curva de crescimento e grau de maturidade. Como prelúdio ao assunto, adiantamos que não existem cães de guarda sem nada para guardar, apesar de haver alguns que, há falta de melhor, guardam a própria comida e atacam os donos. Todos os cães, quer se destinem à guarda ou não, carecem de um espólio e de bens próprios, dum conjunto de coisas de que se apropriaram e de alguns brinquedos que consideram seus, acessórios normalmente utilizados como percursores e indutores ao trabalho que virão a desenvolver, isto se os seus proprietários souberem usá-los convenientemente, já que importa desenvolver-lhes os sentimentos gregário e territorial e por vezes até alguns instintos.
Nada começa do nada e tudo tem algum princípio. A guarda dos bens do dono, da sua pessoa, do seu agregado familiar, carro e casa, começam pela protecção canina aos seus brinquedos de eleição (os cães são como certos homens, nem a feijões querem perder). A simulação ou tentativa do roubo dos brinquedos, quando repetida e constituída em provocação, é instigação quando baste para despertar no cão a defesa do seu grupo e património. É sabido que se usam outras instigações territoriais e gregárias, normalmente encetadas pelas escolas caninas a partir dos cães ao seu dispor, que constituídos em matilha mais ou menos espontânea, despertam os cães mais novos pelo exemplo dos mais velhos. A tentativa do roubo da comida ou de um osso por um estranho, também se tem mostrado eficaz, muito embora tal estratégia possa virar-se indevidamente contra os donos do animal, pelo que deve se desprezada, mormente se no seu agregado familiar houver crianças.
A partir deste despertar e debaixo de comandos específicos, os cães poderão vigiar, guardar e defender um sem número de objectos, acessórios, máquinas, viaturas, propriedades e pessoas, tanto no seu território como fora dele, e se forem treinados para isso, fá-lo-ão quando aerotransportados para diferentes ecossistemas com igual desempenho, dentro e fora de água. Atempadamente voltaremos a este assunto.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

NÃO SEI SE ME LAVE, SE ME PERFUME

Exceptuando raras excepções, que somos obrigados a honrar, o tratamento dado pelos jornalistas às notícias que nos chegam é superficial e sensacionalista, trabalho que lembra alguém que só lava a ponta do nariz ou que prefere perfumar-se a lavar-se, ausência de rigor também extensivo aos documentários que nos apresentam. A propósito, alguém me saberá dizer em que pé é que ficou o celebérrimo e mui badalado caso do “Panama Papers”, que prometia revelações surpreendentes?
Ontem, ao ligar o meu televisor, deparei-me com uma reportagem feita para um telejornal acerca dos maus-tratos e abandono dos animais, onde fiquei a saber que mais pessoas têm sido multadas e incriminadas pela prática desses crimes. Para além das sucintas declarações de um elemento da GNR a propósito, nada mais foi adiantado. Não será a morte destes animais também crime? Será que não se matam e mandam matar cães em Portugal sem se denunciarem os seus homicidas e motivos? Não merecerá o assunto uma investigação séria?
É tudo para inglês ler, ver e ouvir, tapa-se o sol com a peneira e ficamos todos às escuras!

A SOCIABILIZAÇÃO COM OS HUMANOS

NOTA INTRODUTÓRIA: Sempre será mais fácil sociabilizar um cão valente que um cobarde (há quem diga que nos homens também).
A sociabilização de um cão com outros cães e demais animais domésticos, quando operada desde tenra idade, acontece naturalmente e sem maiores atropelos, contrariamente à requerida com os humanos que nem sempre é fácil, por exigir estratégias próprias, tempo e paciência, particularmente quando os cachorros são pouco seguros, demonstram alguns medos e os seus donos não sabem como valer-lhes, caso que iremos tratar a seguir.
Convém esclarecer primeiro o que é a sociabilização canina, porque há por aí muito boa gente que ignora o que seja, entendendo-a indevidamente como sinónimo de interacção com tudo e todos, tarefa só ao alcance dos cães de terapia que são arduamente treinados para isso, já que os restantes, devido ao seu particular social, resistem à satisfação dos desejos alheios (um cão não é um burro que se albarda para qualquer um montar ou uma máquina que a troco duma moeda a todos satisfaz). A sociabilização canina é um processo educacional a empreender desde tenra idade que visa a adaptação e integração harmoniosa dos cães na sociedade, para que nela vivam pelo respeito aos seus valores e possam usufruir dos meios e privilégios colocados ao seu dispor, que sendo colectivos, obrigam ao respeito pela salvaguarda de pessoas, animais e bens.
Quando deveremos iniciar o processo de sociabilização de um cão com pessoas alheias à sua família de adopção e em ecossistemas distintos do seu lar? A idade ideal para esta necessidade e capacitação aponta para os 4 meses dos cachorros, altura em que já se encontram vacinados e estão mais despertos para o mundo à sua volta, tendem a ser excursionistas, carecem de liderança, começam a compreender a hierarquia e procuram o seu lugar social, muito embora a sua primeira experiência de sociabilização com humanos já tenha ocorrido antes, primeiro com a pessoa do seu criador (imprinting) e depois com os seus proprietários (experiência directa). Por outro lado, torna-se evidente que a selecção dos seus progenitores (carga genética) facilitará ou dificultará o seu processo de sociabilização.
Como deveremos operar essa sociabilização? Gradualmente, segundo as respostas positivas que os cães nos vão dando, o que pode obrigar a trabalho aturado. Para que a sociabilização de um cão não se torne desgastante e traumática para o animal, importa que ela evolua da observação para a reunião com as pessoas, porque doutro modo poderá ser surpreendido e querer fugir delas, por não se encontrar familiarizado com as suas rotinas e ignorar as suas intenções. Como os cães são animais de afectos, vivem pela experiência que vão tendo e partem naturalmente do conhecido para o desconhecido obrigados pela sobrevivência, a sociabilização não dispensa a prévia familiarização, que deverá acontecer das pessoas que conhece para aquelas que virá a conhecer, das que lhe são familiares para as desconhecidas, primeiro com pessoas isoladas, depois com pequenos grupos e finalmente entre multidões.
Onde deveremos operar a sociabilização? Em todos os locais onde o cão possa ir pelo seu próprio pé ou transportado e houver pessoas nas suas múltiplas actividades. Como sociabilizar cães com humanos implica em viver no seu mundo, torna-se necessário que o animal se habitue às suas distintas tarefas e actividades, máquinas usadas, diferentes meios de transporte e díspares manifestações colectivas, pelo que deve acostumar-se a todo o tipo de veículos, áreas muito frequentadas (mercados, estações e aeroportos), ao buliço das crianças e tornar-se indiferente aos seus brinquedos, assim como aos seus espontâneos e desconsertados estados de ânimo.
Sobre que pessoas deverá a sociabilização mais incidir? Para além das crianças, sobre pessoas com dificuldades de locomoção, deficientes físicos, invisuais, minorias raciais, polícias, indigentes, pedintes, andrajosos, artistas de rua, atletas, motociclistas, ciclistas e carteiros, sobre todos aqueles que pela sua apresentação ou comportamento se destacam dos demais e que poderão ser objecto da sua desconfiança ou constituir-se num desafio.
Os cães de guarda poderão ser sociabilizados sem prejuízo para o seu serviço? Poderão e deverão ser sociabilizados para minimizar ao máximo a sua margem de erro, desde que a sociabilização efectuada não os induza à troca de alvos ou à apatia generalizada, menos valias advindas do excessivo comunitarismo. A sociabilização canina, pela observação e familiarização que oferece, dota os cães guardiões de mais informação acerca das pessoas e do seu comportamento, auxiliando-os a identificar com mais acerto as intenções de cada um. Todas as armas fiáveis têm segurança, o cão ao ser uma arma também não a poderá dispensar.
A que se deverão as dificuldades na sociabilização canina com os humanos? As dificuldades experimentadas por alguns cães nesta sociabilização reportam-se a si mesmos, à pessoa dos seus donos e também à soma da impropriedade de ambos. Cães medrosos que nunca saem à rua, os muito-dominantes por carga genética, os tornados agressivos pela privação sistemática do contacto com outrem e os carentes de apoio ou liderança, também os entregues a gente que detesta abandonar a sua área de conforto, são os que mais resistem à sociabilização pretendida. Em síntese, os cobardes, os valentes, os desprovidos de interacção, os privados da liderança, os votados ao isolamento e os rufias sem controlo. Todos os cães precisam de sair à rua, não só por causa da sua exigida sociabilização, mas também para o seu bem-estar, saúde e longevidade.
Quando deveremos dar por concluído o processo de sociabilização? Qualquer ensino é um acto continuado e os cães carecem de recapitular as suas respostas artificiais. No entanto, um cão encontra-se verdadeiramente sociabilizado com os humanos, quando na ausência do dono e por tempo indeterminado, permanece no seu meio sem lhes causar qualquer tipo de dolo, infortúnio e incómodo, desinteressando-se em simultâneo dos díspares comportamentos à sua volta. Se sabemos que o desempenho dos cães melhora com o tempo e o treino, bem depressa nos apercebemos que a sociabilização sempre carece de recapitulação e aprimoramento.