domingo, 19 de março de 2023

SOCIABILIZAÇÃO, MÚSICA E TRABALHO DE EQUIPA

 

A aula colectiva de ontem, sábado, iniciou-se com exercícios de obediência e de sociabilização, tendo sido dada maior ênfase aos cruzamentos frontais e à troca de condutores no círculo de 36 metros. Na foto acima vemos um cruzamento frontal e na seguinte um dos momentos da troca de condutores com a Catarina a conduzir o CPA Bohr.

No âmbito de melhorar as performances físicas da SRD Titã, esta foi convidada para o “caracol”, construção artística circular de estreita largura que visa melhorar o equilíbrio dos cães para tarefas específicas, como são os casos do resgate e da prestação de ajuda. Para facilitar o trabalho dos cães e induzi-los ao êxito, os condutores deverão circular na sua frente.

Como o uivar dos cães é na maioria dos casos uma reacção a determinados sons ou à sua combinação, por vezes também associado à ansiedade da separação, aproveitámos a presença de uma pequena banda de rua para lá colocarmos a SRD Titã, com o intuito de não reagir aos sons, não estranhar a música e se acostumar aos músicos. Numa primeira fase foi colocada a seu lado e depois de aprovada na sua frente.

Mais adiante fomos surpreendidos por dois jovens baianos, nada chegados a orixás, mas de manifesta “fé evangélica”, estando um deles a tocar viola e a cantar inéditos. Perguntámos se podíamos pôr os nossos cães ao seu lado e explicámos o porquê do nosso pedido. Os brasileiros acederam imediatamente e acabaram fãs dos animais. Como o CPA Bohr nunca se agradou de músicos, foi também colocado com o Paulo ao redor daqueles, Paulo que retornou com os seus shorts da ordem a que há muito nos acostumou.

 

No caminho para outro lugar de desafios, o binómio Catarina/Titã cruzou-se com um tocador de gaita-de-foles de rua, indivíduo esganiçado que surge disfarçado de escocês e que invariavelmente toca sempre as mesmas melodias ao cair da noite. Quando o frio invade o breu, este “escocês” de cabeleira pintada socorre-se de uns collants pretos que usa debaixo do kilt.

Entretanto, a Catarina apanhou uma boleia na bicicleta de bronze de uma senhora bastante bojuda, ficando a Titã na expectativa de ver a sua dona cair. Este momento de descontracção serviu para aliviar a possível tensão provocada pelos trabalhos anteriores e ajudar na abordagem dos seguintes.

Finalmente chegou a hora do trabalho em equipa. O primeiro trabalho consistiu em fazer evoluir em simultâneo dois binómios em direcções diferentes, para que os cães se acostumem a atentar para as ordens dos seus donos e não obedeçam às de estranhos, mesmo que elas sejam iguais e tenham idêntica entoação e sinalética.

A segunda tarefa nesta área procurou o controlo absoluto dos cães, no sentido de tornar o comando de “quieto” pronto e inabalável, para mais tarde poder ser válido nas mais diversas situações, inclusive naquelas que envolvem a sobrevivência dos animais. Como estávamos também apostados na sociabilização, juntámos os dois propósitos e pusemos um cão a saltar sobre outro escondido, exactamente aquele a quem importava fortalecer o “quieto” (Titã).

Concluímos o trabalho de equipa com os cães a andar em paralelo sobre um banco circular de alvenaria. O cão mais adiantado (CPA Bohr) pela superfície mais estreita (10 cm) e a SRD sobre o assento. Escolhemos este trabalho para desenferrujar o Pastor Alemão e para vencer os atritos que a SRD tende em manter com os Pastores Alemães em particular. Devido à desconfiança, a Titã atrasava-se e o Bohr, por impropriedade posicional do Paulo, terminava o percurso antes de tal lhe ser ordenado. Por estas e outras razões, o acerto demorou a chegar.

Sempre que possível, na sua própria defesa e por requerida lisura de comportamento, irei pôr a Titã a trabalhar em conjunto com os Pastores Alemães, quiçá até que se julgue um deles. Como o cão fila-guia de uma escola é também um importante agente de ensino para os outros cães e o nosso é o CPA Bohr, é mais do que desejável que a Titã crie laços afectivos com ele. Debaixo desta preocupação juntei-os o mais possível num canteiro de jardim, soltos e a alguma distância dos donos.

Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: Catarina/Titã; Clarinda/Luna; Paulo/Bohr e Pedro/Kaila. As fotos e a sua edição são da autoria do Adestrador; a Família Rodrigues viu-se obrigada a sair mais cedo e o sol não nos abandonou. O Jorge Filipe ficou mais uma vez preso à bancada; o Plano de Aula foi cumprido e sentimos saudades da Maria, que naquela hora estava a dar formação na cidade do Porto (será que levou consigo o Dobby?). O tempo voa e já se ouve o esvoaçar de regresso do bando da Pomba Mansa. 

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