A
aula colectiva de ontem, sábado, iniciou-se com exercícios de obediência e de
sociabilização, tendo sido dada maior ênfase aos cruzamentos frontais e à troca
de condutores no círculo de 36 metros. Na foto acima vemos um cruzamento
frontal e na seguinte um dos momentos da troca de condutores com a Catarina a
conduzir o CPA Bohr.
No
âmbito de melhorar as performances físicas da SRD Titã, esta foi convidada para
o “caracol”, construção artística circular de estreita largura que visa
melhorar o equilíbrio dos cães para tarefas específicas, como são os casos do
resgate e da prestação de ajuda. Para facilitar o trabalho dos cães e
induzi-los ao êxito, os condutores deverão circular na sua frente.
Como
o uivar dos cães é na maioria dos casos uma reacção a determinados sons ou à
sua combinação, por vezes também associado à ansiedade da separação,
aproveitámos a presença de uma pequena banda de rua para lá colocarmos a SRD
Titã, com o intuito de não reagir aos sons, não estranhar a música e se
acostumar aos músicos. Numa primeira fase foi colocada a seu lado e depois de
aprovada na sua frente.
Mais adiante fomos surpreendidos por dois jovens baianos, nada chegados a orixás, mas de manifesta “fé evangélica”, estando um deles a tocar viola e a cantar inéditos. Perguntámos se podíamos pôr os nossos cães ao seu lado e explicámos o porquê do nosso pedido. Os brasileiros acederam imediatamente e acabaram fãs dos animais. Como o CPA Bohr nunca se agradou de músicos, foi também colocado com o Paulo ao redor daqueles, Paulo que retornou com os seus shorts da ordem a que há muito nos acostumou.
No
caminho para outro lugar de desafios, o binómio Catarina/Titã cruzou-se com um
tocador de gaita-de-foles de rua, indivíduo esganiçado que surge disfarçado de
escocês e que invariavelmente toca sempre as mesmas melodias ao cair da noite.
Quando o frio invade o breu, este “escocês” de cabeleira pintada socorre-se de uns
collants pretos que usa debaixo do kilt.
Entretanto,
a Catarina apanhou uma boleia na bicicleta de bronze de uma senhora bastante
bojuda, ficando a Titã na expectativa de ver a sua dona cair. Este momento de
descontracção serviu para aliviar a possível tensão provocada pelos trabalhos
anteriores e ajudar na abordagem dos seguintes.
Finalmente
chegou a hora do trabalho em equipa. O primeiro trabalho consistiu em fazer
evoluir em simultâneo dois binómios em direcções diferentes, para que os cães
se acostumem a atentar para as ordens dos seus donos e não obedeçam às de
estranhos, mesmo que elas sejam iguais e tenham idêntica entoação e sinalética.
A
segunda tarefa nesta área procurou o controlo absoluto dos cães, no sentido de
tornar o comando de “quieto” pronto e inabalável, para mais tarde poder ser
válido nas mais diversas situações, inclusive naquelas que envolvem a
sobrevivência dos animais. Como estávamos também apostados na sociabilização,
juntámos os dois propósitos e pusemos um cão a saltar sobre outro escondido, exactamente
aquele a quem importava fortalecer o “quieto” (Titã).
Concluímos
o trabalho de equipa com os cães a andar em paralelo sobre um banco circular de
alvenaria. O cão mais adiantado (CPA Bohr) pela superfície mais estreita (10
cm) e a SRD sobre o assento. Escolhemos este trabalho para desenferrujar o
Pastor Alemão e para vencer os atritos que a SRD tende em manter com os
Pastores Alemães em particular. Devido à desconfiança, a Titã atrasava-se e o
Bohr, por impropriedade posicional do Paulo, terminava o percurso antes de tal
lhe ser ordenado. Por estas e outras razões, o acerto demorou a chegar.
Sempre
que possível, na sua própria defesa e por requerida lisura de comportamento, irei
pôr a Titã a trabalhar em conjunto com os Pastores Alemães, quiçá até que se
julgue um deles. Como o cão fila-guia de uma escola é também um importante
agente de ensino para os outros cães e o nosso é o CPA Bohr, é mais do que
desejável que a Titã crie laços afectivos com ele. Debaixo desta preocupação
juntei-os o mais possível num canteiro de jardim, soltos e a alguma distância
dos donos.
Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: Catarina/Titã; Clarinda/Luna; Paulo/Bohr e Pedro/Kaila. As fotos e a sua edição são da autoria do Adestrador; a Família Rodrigues viu-se obrigada a sair mais cedo e o sol não nos abandonou. O Jorge Filipe ficou mais uma vez preso à bancada; o Plano de Aula foi cumprido e sentimos saudades da Maria, que naquela hora estava a dar formação na cidade do Porto (será que levou consigo o Dobby?). O tempo voa e já se ouve o esvoaçar de regresso do bando da Pomba Mansa.
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