Ontem
a Maria pregou-me uma partida, porque a pretexto de uma suposta dor num pé, não
passeou como devia o Dobby, coisa patente na recepção hostil que o Pastor Alemão
me dispensou. O facto de não ter passeado suficientemente na rua, obrigou o cão
a regredir, tal qual porca de volta para o seu chiqueiro. Quando não se cumprem
os trabalhos de casa, a tendência dos cães é voltar à estaca zero. Não tendo
outro remédio, vimo-nos obrigados a fazer no treino o que deveria ter sido
feito em casa pela sua sociabilização – uma caminhada de 5 km com o cão entre
as gentes e debaixo do buliço citadino. Iniciámos o trabalho num jardim e
depressa tivemos que suspendê-lo, porque ao invés de obedecer à dona, o CPA
Dobby preferia empoleirar-se nela, manifestando a insegurança própria de quem
chega a terra estranha. A foto acima reporta-se a um quadro tirado no jardim e
a seguinte mostra um momento da condução em liberdade do Dobby.
Num
jardim escondido da cidade, só conhecido por quem mora ao seu redor,
simultaneamente frequentado por crianças e cães (mais cães do que crianças),
para espanto nosso, descobrimos uma curiosa estátua de bronze com um adulto a
ensinar uma criança a andar de bicicleta. Como o Pastor Alemão ainda precisa de
afinar o “quieto” e importava ilustrar as actividades, juntou-se o útil ao
agradável e pusemos o Dobby a fazer parte daquela estátua.
Há
medida que os quilómetros iam avançando, avançava também a sociabilização do
Pastor Alemão, alteração que lhe possibilitou a retoma dos conteúdos de ensino anteriormente
instalados. O seu comportamento alterou-se de tal maneira que quis interagir
com um empregado de café, que dentro de dentro do balcão lhe estendeu a mão.
Ao
descermos uma avenida outrora muito bem frequentada, deparámo-nos com um lindo
e grande caracol de cerâmica encrustado num banco de azulejos e madeira. À distância
e mesmo sem ver, apostei comigo mesmo que já não deveria ter os olhos, o que
lamentavelmente se veio a verificar. Para não fazer propaganda a vândalos e encobrir
o belo caracol sem “cornichos”, solicitei à Maria que deitasse o seu cão ao
lado daquele mutilado molusco gastrópode, acção que serviu também para o Dobby
se acostumar ao afastamento da dona.
Debaixo
do mesmo propósito e de modo descontraído, também foi pedido ao Pastor Alemão
que permanecesse quieto, pelo tempo julgado conveniente, à sombra do reclame de
um supermercado aqui muito conhecido, com pessoas, trotinetas e ciclistas a
passar na sua frente junto a uma estação de comboios muito movimentada (o cão nem pestanejou de tão atento que estava).
Nestas andanças com cães, também “quando o mar bate na rocha quem se lixa é o mexilhão, neste caso o adestrador, que sem vir preparado, acabou a calcorrear calçadas por amor ao cão. A Maria deseja fazer do Dobby um cão de guarda, muito embora ele já tenha nascido para isso, mas carece de controlá-lo para evitar incidentes desnecessários que se afiguram seriamente dolosos. Neste momento parece mais fácil pôr o Dobby a tocar piano do que fazer a Maria cumprir as suas rotinas enquanto dona (melhores dias virão). No que diz respeito à instrução deste Pastor Alemão, ele está a terminar os rudimentos do curso de obediência para avançar depois para a habilitação que o tornará num zeloso e competente guardião.
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