Segundo
noticia hoje o site da agência 9news da Austrália, em Osborne, nos subúrbios de
Adelaide, na passada segunda-feira, uma menina de 2 anos, Alurah Walker, foi
atacada na cabeça pelo Boerboel da família, sendo levada à pressa para o
hospital, onde foi sujeita a uma cirurgia devido aos ferimentos no rosto e no
braço (na foto seguinte com o pai). O seu pai disse que ela está a evoluir
satisfatoriamente, mas que poderá vir a permanecer no hospital até se recuperar
do ataque.
O
cão, chamado Joop (na foto abaixo), foi entregue ao Port Adelaide Enfield
Council e ali continuará até que sejam concluídas as investigações,
ignorando-se por isso qual o seu futuro, que possivelmente não será o mais
auspicioso. Este incidente suscitou pedidos para que a sua raça fosse banida do
Sul da Austrália, onde penso não ser muito numerosa.
Comecemos
por falar da raça canina Boerboel, um molosso oriundo da República da África do
Sul, onde foi criado para defender fazendas a partir do seu forte sentimento
territorial, força de mandíbula e porte ameaçador. Ao invés de ser um
perseguidor nato (não tem genética nem morfologia para isso), o Boerboel
prefere permanecer perto dos donos e defendê-los no seu reduto, pelo que é um
guardião mais defensivo do que ofensivo, como aliás acontece com a maioria dos
molossos deste tipo, muitas vezes mais interessados em atacar os seus oponentes
pelas costas do que pela frente, o que os torna imprevisíveis e altamente
perigosos. Em relação aso demais cães do seu grupo somático, o Boerboel é mais
elástico, célere e disponível, o que não impede que deteste ser incomodado, ver
o seu território invadido ou dividir os seus pertences.
Pelas suas características, seria um cão destes o companheiro ideal para uma criança de tenra idade? Sinceramente penso que não, atendendo à possibilidade de incidentes destes! Sê-lo-ia se escolhido a partir dos mais mansos, se o seu convívio com a criança só acontecesse na presença dos pais e se estes conseguissem por todos os meios afastá-la do território e pertences do cão, que também merece o seu espaço próprio e o seu raio de acção. A opção dos papás por um cão destes resultou num tremendo disparate, que poderia até vir a ter piores consequências, não por causa do cão em si mesmo, que nas fotos da notícia aparenta ser humilde e submisso (vale a pena ver a postura da sua cauda ao entrar para a box de detenção), mas porque a ausência de sentido de responsabilidade da criança alvitrava desde logo alguma desgraça, por desconhecer os seus limites e ultrapassar os estipulados pelo cão. Quando tudo aconteceu, onde estavam os pais da criança? Estariam presentes?
Se porventura quisesse aquele cão liquidar a criança, tê-lo-ia feito com grande facilidade. Todavia, não foi esse o caso. Tudo indica que a agressão resultou de alguma intromissão, de uma manifestação de ciúme ou de uma defesa hierárquica (nenhum cão gosta de ser despromovido), atendendo ao estatuto abusivo que o animal tinha no seio daquela família, imediatamente abaixo do seu líder. Face à estupidez que por aí grassa, estou perfeitamente convencido, caso tal fosse permitido, que muitos pais escolheriam leopardos, leões, panteras ou tigres para companhia dos seu bebés! Perante o que aqui afirmei, o cão não é o verdadeiro culpado do incidente, mas poderá vir a ser sentenciado à morte apenas por ser cão! A propósito: foi ele que se apresentou naquela casa ou foram buscá-lo? Na esmagadora maioria destes incidentes cruéis, se não em todos, os verdadeiros culpados são os responsáveis pelas crianças (pais e outros parentes próximos), que por negligência acabam por condená-las ao dolo, à mutilação e à morte, o que evidencia a sua ignorância e despreparo, o descontrolo das suas emoções e imaturidade.
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