Quem
me conhece sabe quais as disciplinas cinotécnicas que mais me fazem vibrar e onde
alcanço alguma notoriedade. Todavia, atendendo à novidade presente nos alunos
actuais, que são para mim verdadeiros discípulos e companheiros de viagem, sou
obrigado a dar maior ênfase à obediência que sustenta a exigível sociabilização
animal, porque a Lei assim o diz e os cães são hoje mais do que muitos. Debaixo
desta preocupação procedemos ontem ao “Jogo da Mesa” com os binómios em
exercício, porque os animais presentes são demasiado territoriais e zelosos dos
donos, chegando ao ponto de impedirem que sejam cumprimentados e de prontamente
varrerem quem deles se aproximar. O jogo da mesa consiste em colocar dois cães
sentados frente-a-frente à volta de uma mesa, aproximando-se os seus donos em
simultâneo, cada um para o cão do outro, sentando-se ao seu lado, sem que nenhum
animal faça menção de agredir o dono que não lhe pertence. Perante a resposta
afirmativa dos cães, numa segunda fase, os donos cumprimentar-se-ão e abraçar-se-ão
antes de se sentarem ao lado dos animais, para que gradualmente aceitem o
cumprimentar dos donos como parte do seu quotidiano.
Como
o exercício de aproximação é repetido várias vezes, sem contudo atingir a
saturação de donos e animais, o que a ninguém serviria, a fase seguinte – a terceira
- passa por cada dono pegar na trela do cão do seu companheiro de classe depois
de se sentar ao seu lado, sem que o animal faça qualquer menção de o agredir.
Para facilitar o sucesso neste trabalho, os condutores deverão evoluir sempre
em simultâneo.
Depois
de donos e cães se familiarizarem uns com os outros, cada condutor pegará no
cão que é alheio e fá-lo-á passar por debaixo da mesa ou no espaço compreendido
entre ela e os bancos ao seu redor, manobra que visa dar a supremacia dos
verbais comandos utilizados e que ao mesmo tempo protege os condutores de alguma agressão inusitada. Depois disto poder-se-á circular com os cães, cada
um em seu sentido, ao redor da mesa, manobra que ontem também executámos mas
que dela não temos qualquer registo fotográfico.
Com o uso dos comandos necessários para o efeito, o jogo da mesa mostra ser de fácil alcance e de extrema utilidade para o controlo dos cães mais territoriais e possessivos, que sem ordem manifesta para tal, tendem a atacar sem pré-aviso quem se acerca deles e dos seus donos, independentemente da sua apresentação, comportamento, raça, sexo ou idade. Concluir este jogo uma vez será suficiente para a resolução do problema? É óbvio que não! Porque os cães tendem a “esquecer” facilmente o que é contrário à sua herança genética e particular individual.
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