Ontem,
pela calada da noite e sem se avistar vivalma, direccionámos os nossos
trabalhos para exercícios de maior rigor técnico e de manifesta arte, tentando
com isso buscar a perfeita execução que induz ao despertar sentimental de quem
vê e ao prazer de quem executa (ainda temos muito caminho para andar). No GIF
acima vemos a Clarinda a “cruzar” com a CPA Luna, condutora chamada de
emergência para preencher o lugar do seu filho, o Pedro, que no decorrer das
suas actividades profissionais acabou por partir uma perna. A menos que o
queiramos fazer em passo de dança, o “cruza” obriga ao assentamento total dos
pés do condutor no solo, que deverá andar naturalmente e sem se embaraçar com o
movimento do cão. Não importa para o exercício qual a altura do dono, porque
todos os cães aprendem a rastejar antes de cruzar, desde que tenham saúde
articular para isso e não sejam sujeitos a abusos. A Clarinda pensava, porque
mede menos de 1,6 m de altura, que deveria executar o exercício em “passo de
ganso”, levantando as pernas para a frente e em demasia, o que seria
deselegante e não é preciso, para além de incómodo e obrigar a um equilíbrio
periclitante. No GIF seguinte vemos o Adestrador a lateralizar com a mesma
Pastora Alemã, que se viu obrigado a intervir face ao desacerto da condutora e
da pouca ou nenhuma vontade da cadela, mais interessada em se refugiar no seu
acidentado dono, que se encontrava à sua esquerda.
Numa fase ulterior do treino, com os cães invariavelmente fixados na pessoa dos seus donos, os comandos instalados pela linguagem verbal deverão passar a gestuais por razões de elegância, exigência de boas maneiras e acima de tudo de segurança, já que este modo de linguagem, quando demoradamente exercitado, torna-se imperceptível para quem nos cerca, o que pode livrar-nos de alguns amargos de boca e de uns quantos apertos. Considerando o montante dos comandos instalados num cão, só a linguagem gestual poderá garantir em absoluto a sua total eficácia e operacionalidade, sendo por isso um modo superlativo quando comparada com a linguagem verbal. A linguagem sonora presta-se bem para acções premeditadas e por isso mesmo condicionadas, sendo paticamente nula em evoluções inesperadas. Voltando ao “lateralizar”, o equivalente ao ladear dos cavalos, importa que os cães mexam em simultâneo os dois pares de membros. A sua tendência é só fazê-lo com os anteriores, pelo que deverão ficar condicionados a chegar primeiro com os membros posteriores à perna dos seus donos ou condutores. E, quando assim se procede, não demorarão muito a lateralizar anteriores e posteriores em simultâneo. O treino da evolução inicia-se à trela e deverá acontecer irrepreensivelmente tanto para o lado esquerdo como para o direito. Participaram nos trabalhos os seguintes binómio: Clarinda/Luna; João/Luna e Paulo Bohr, sendo os GIFs da autoria do último. Quero daqui felicitar a Clarinda por ter aprendido correctamente a “rodar” com a sua cadela em liberdade (cheira-me que pediu ajuda a alguém!).
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