Lá para os lados de Winchester, em Hampshire, no Sul de Inglaterra,
aconteceu há alguns dias atrás algo insólito, dois cães, um Jack Russel e um Staffordshire
bull terrier, comeram alguns órgãos vitais da sua dona, depois desta se
encontrar há já alguns dias morta. Ao que parece, a defunta faleceu de uma
overdose acidental de medicamentos, uma ex-joalheira de 61 anos de idade. O
corpo foi descoberto por um vizinho, que estranhando o desaparecimento daquela
senhora e não lhe abrindo esta a porta, optou por entrar pela porta das
traseiras, vindo a dar com o seu cadáver. Os cães foram imediatamente
apreendidos e posteriormente mandados abater pelo Conselho de Oficiais da
Polícia. Ao que tudo indica, pelos arranhões presentes no cadáver, os pobres
animais tentaram acordar ou reanimar a dona, não o conseguindo e a braços com a
fome, acabaram por lhe comer alguns órgãos, obrigados pelo instinto de
sobrevivência. Este episódio traz-nos à memória o fatídico “Voo 571 da Força
Aérea Uruguaia”, ocorrido a 13 de Outubro de 1972, quando um avião se despenhou
com 45 passageiros a bordo nos Andes, numa altitude de 3.600m, obrigando os
sobreviventes a consumirem parte dos cadáveres dos seus amigos e companheiros
de viagem mortos, por não lhes restar outra solução. Que se saiba nenhum deles
foi condenado ou cumpriu pena por antropofagismo, porque se compreendeu o acto
pela necessidade. Não seria justo e lícito entender a acção dos cães de igual
modo, uma vez que se encontravam na mesma situação? Serão os pets obrigados a
desprezar o instinto de sobrevivência e a desenvolver um carácter altruísta prá
além dele? São cães, não são? Deita abaixo!
Bem sabemos que os terriers foram originalmente criados para a matança e
que não são santos, contudo nunca vimos o diabo encarnado em nenhum deles, que
preferissem a carne humana em detrimento do seu repasto. Pela mesma
desconsideração temos condenado à extinção várias espécies animais. Será que a
partir daquele dia aqueles cães passariam a preferir a carne humana ou espreitariam
ocasião para a comerem? Lá vem outra vez a história do “Lobo Mau”! Os homens
tomados pelo medo são capazes de tudo e os cães não? Há quem viva muito bem à
conta do medo que provoca em pessoas e nos animais. Todavia, enquanto não
deixarmos de ser animais não teremos livre arbítrio (provavelmente teremos que
morrer para o alcançar).
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