Sempre
senti maior animosidade dos portugueses contra os espanhóis do que o contrário,
algo também presente no aforismo que diz: “ de Espanha nem bom vento nem
casamento”. Julgo que muitos dos nossos provérbios populares, longe de serem
lições de vida atemporais, são reflexo de episódios históricos já ultrapassados
e produto de julgamentos a que o chauvinismo e a ignorância popular não são
alheios. Exemplo disso foi também a nossa criação do verbo “judiar”, geralmente
usado como sinónimo de troçar, escarnecer, ridicularizar e zombar, substituindo
também por vezes o verbo “maltratar” (fazer judiarias). Apesar da relutância
histórica de alguns, parece que ainda temos muito a aprender com os espanhóis,
até porque no País vizinho não há um só povo mas um conjunto de povos, por
vezes bem diferentes entre si dos pontos de vista étnico e etnológico, abrigados
debaixo da mesma bandeira. E nesta trica entre portugueses e espanhóis, sempre
me considerei galego, um português de Espanha ou um galego de Portugal,
atendendo a minha origem e nome familiar, porque sou bisneto dum que,
abandonando a Galícia, assentou primeiro arraiais no Norte e desceu até Lisboa.
Talvez por causa disto, sempre abominei fronteiras, tolero imigrantes e sinto-me
em casa nos países de cultura celta. E se porventura precisasse de um
padroeiro, que dispenso, inclinar-me-ia mais para Santiago do que para Santa
Maria.
quarta-feira, 1 de abril de 2015
BOM VENTO DE ESPANHA
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