Celebra-se
amanhã a Revolução do 25 Abril de 1974, que começou com cravos e nos lançou aos
cardos, que amanheceu com cantorias e anoiteceu com lamentos, um momento ímpar
na nossa história, que nos devolveu a liberdade de expressão, o retorno aos
erros do passado e à pobreza que sempre nos acompanhou, não sendo por isso de estranhar
ser o fado património cultural da humanidade. O que celebraremos amanhã? A
perca da Soberania Nacional? A incapacidade de nos governarmos? O aumento de cidadãos no limiar da pobreza? O
endividamento, o desemprego, a fome, o roubo das pensões ou a fuga dos nossos
filhos para a estranja? Decididamente amanhã é dia de luto nacional, não porque
houvesse morrido alguma individualidade destacada mas porque o País está
moribundo, a esperança virou desgraça e o desalento impera. Como sempre,
far-se-ão actos solenes e paradas militares, oxalá desta vez não hasteiem o
Estandarte Nacional de pernas para o ar, à imagem do País que se encontra de
pantanas.
Melhor
seria que hasteassem a Bandeira Republicana a meia-haste e os parlamentares
trouxessem na lapela, ao invés de um cravo vermelho, um negro, o que seria
justo e faria todo o sentido, diante do prometido que não foi cumprido, das expectativas
goradas e das penas imputadas, obra de banqueiros gananciosos e políticos
petulantes, mercenários de velhos inimigos e fratricidas do seu próprio povo,
apostados no seu próprio desenrasque e de malas sempre prontas para partir.
Seremos
capazes de enveredar por uma solução “à finlandesa”? Vontade não nos falta mas
teremos gente para isso? O que nos impede de colocar estes banqueiros e políticos
(sem excepção) na prisão? Será que nos virá algum bem das ditas “Comissões
Parlamentares de Inquérito”? Se da fome ninguém nos tira e da miséria ninguém
nos livra, de que estaremos à espera para fazer outra revolução? De legar aos
outros um País sem gente e pronto a habitar? Deixem lá estar o D. Sebastião,
todos temos arregaçar as mangas e lutar pelo nosso pão, pela nossa
sobrevivência e futuro dos nossos filhos. Esta malfadada 3ª República já deu tudo
o que tinha para dar e já nos tirou tudo o que tinha para roubar, mercê de
políticas genocidas encobertas e suportadas pela pobreza envergonhada.
Até
quando nos envergonharemos de ser portugueses e nos conformaremos com a
desgraça? Quando levantaremos a cabeça e diremos basta? Seria bom que o fizéssemos
antes de morrer e, morrer por morrer, mais fazê-lo a lutar! Diz-se que o “calado
vence tudo” mas também se ouve que “quem cala, consente”, em que pé é que
ficaremos, a rosnar uns para os outros pelas migalhas ou unidos a lutar pelo
que é nosso? Nós optámos por não nos calarmos, na esperança de encontrarmos outros
como nós, decididos a dar outro rumo ao País e às suas gentes, que não se
conformam com o estatuto de refugiados dentro da sua própria Nação. Outros
terão razão para celebrar, os mesmos que tentarão, como sempre o fizeram, pôr-se
na vanguarda duma possível mudança. Portugal tem solução e ela começa em cada
um de nós.
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