sexta-feira, 24 de abril de 2015

AKITA INU (秋田犬): LEAL, SILENCIOSO E VELOZ

Vamos hoje divulgar o nosso parecer sobre o Akita Inu, um cão de origem japonesa, pouco visto entre nós, com uma linha de criação americana distinta, sobre a qual recai a nossa preferência, um excelente parceiro e óptimo guardião, aqui pouco divulgado por ser silencioso e isso não agradar aos que procuram cães para guarda, que entendem a voz de aviso como primordial para o serviço, o que não é de todo verdade, porque cão que se denuncia compromete a sua salvaguarda. A origem da raça aponta para uma selecção samurai e acabou destinada ao Imperador. Existem Akitas americanos numa grande variedade de cores sólidas e raiadas, o que os capacita para diferentes ecossistemas considerando a sua camuflagem. Entre o Akita Japonês e o Americano são visíveis algumas diferenças morfológicas, psíquicas e sensoriais, porque o japonês é mais pequeno, de ossatura mais leve e de menor envergadura, é mais instintivo e fareja mais. O americano é maior, mais poderoso, usa mais o ouvido e é notoriamente territorial.
Dispensamo-nos de maiores considerações sobre o seu estalão, porque elas encontram-se ao alcance de qualquer um, o que nos liberta para a sua análise funcional e unicidade prestativa. Usaremos como comparação o Cão de Pastor Alemão, raça desde sempre utilizada para o ofício guardião e por isso mesmo mais conhecida, para explicar as mais-valias presentes no Akita. Em termos cognitivos e apreensão de conteúdos de ensino não existem diferenças significativas entre ambos, porque uns e outros aprendem com facilidade, suportam bem a mecanicidade das acções e respondem afirmativamente debaixo de pressão, ainda que alguns akitas demonstrem alguma teimosia e desejo de autonomia, dificuldades facilmente ultrapassáveis pelo recurso à sua memória afectiva. Comparativamente, o Pastor Alemão assimila em média mais 15% dos comandos, muito embora o Akita possa demonstrar igual capacidade quando treinado a partir dos 4 meses.
No que à biomecânica diz respeito as diferenças são acentuadas, ainda que a aprovação seja idêntica, algo ligado às díspares angulações traseiras que fornecem diferentes modos de execução e que influem na escolha do andamento natural preferencial. Ambos marcham bem, muito embora o Pastor Alemão seja mais ruidoso ao fazê-lo e o Akita pareça desenvolvê-lo com “pés de lã”, apesar de mais pesado e recto de angulações traseiras. Nenhum deles apresenta dificuldades na transição de andamentos e na transposição de obstáculos, apesar de procederem a diferentes abordagens e modos de execução, porque o Akita reduz o galope antes dos obstáculos e o Pastor ultrapassa-os numa perspectiva de continuidade, aproveitando a extensão do galope, saltando o japonês mais tarde e para cima, numa curvatura de salto a rasar os 45 graus. Ambos fazem a abordagem aos aparelhos à vista, equilibram-se bem em qualquer plataforma, não apresentam claustrofobia, toleram o fogo e resolvem obstáculos compostos ou intrincados sem maior dificuldade.
Debaixo de temperaturas até aos 28 graus celsius a sua prestação é idêntica e a resistência do Akita é maior, sucedendo o contrário quando as temperaturas ultrapassam os 30 graus. O japonês suporta melhor os altos índices de humidade e acusa em demasia os climas quentes e secos, que normalmente o induzem à indolência e passividade. O Akita tem igual desempenho em diversos tipos de terreno e sai mais rápido para o galope, o Pastor cobre mais terreno em marcha e enterra-se nos pisos arenosos e irregulares. O Inverno não constitui para nenhum deles qualquer tipo de problema, ambos são bons nadadores e o Pastor é mais célere dentro de água, apesar de sair dela mais estoirado. Usam formas diferentes de propulsão: o Cão Alemão usa mais a traseira e o outro a frente, um tira partido das angulações e o outro das membranas interdigitais.
O Akita, para além de silencioso, é mais difícil de subornar, porque não tira os olhos do dono e é naturalmente reservado com estranhos, que não hesitará em enfrentar perante insistência ou abuso. Ambos parecem ter nascido para a disciplina de guarda, são próprios para os ataques lançados e rigorosos na defesa dos donos. Nas capturas o Pastor tira partido do embalo e o Akita da elevação, sendo mais fácil ensinar ao japonês o ataque a vários golpes, porque é reactivo e espera o desequilíbrio do agressor, desferindo ataques superiores tanto pela frente como pela retaguarda, geralmente de difícil defesa por serem dissimulados. Acresce a isto o facto de partir da fixação para o ataque, rosnando curto e sem voz de aviso, o que o torna excelente como cão de cerco e assalto (acções ofensivas).
As três melhores qualidades do Akita passam por ser extremamente leal, silencioso e veloz, que o tornam um guarda de créditos firmados e um cão de companhia como poucos, porque quando chamado a intervir faz-se presente, a sua presença dentro dum apartamento produz pouco ou nenhum estrago e é praticamente inaudível, para além de ser muito ligado aos donos e protector das crianças, robusto e decidido. A 30 metros de distância conseguimos ouvir um Pastor Alemão que vem na nossa direcção e só daremos pelo Akita quando estiver cara a cara connosco ou encavalitado nas nossas costas, o que não deixará de ser uma terrível surpresa diante do seu porte e decisão. E ainda há quem pense ser ele um cão de bonecas, como as aparências iludem! Será que o tratam por “cão dos samurais” só por causa da sua origem? Verdade seja dita, em termos de aptidão laboral, a raça ficou a dever mais aos americanos do que aos japoneses. 

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