Vamos
hoje divulgar o nosso parecer sobre o Akita Inu, um cão de origem japonesa,
pouco visto entre nós, com uma linha de criação americana distinta, sobre a
qual recai a nossa preferência, um excelente parceiro e óptimo guardião, aqui
pouco divulgado por ser silencioso e isso não agradar aos que procuram cães
para guarda, que entendem a voz de aviso como primordial para o serviço, o que
não é de todo verdade, porque cão que se denuncia compromete a sua salvaguarda.
A origem da raça aponta para uma selecção samurai e acabou destinada ao
Imperador. Existem Akitas americanos numa grande variedade de cores sólidas e
raiadas, o que os capacita para diferentes ecossistemas considerando a sua
camuflagem. Entre o Akita Japonês e o Americano são visíveis algumas diferenças
morfológicas, psíquicas e sensoriais, porque o japonês é mais pequeno, de
ossatura mais leve e de menor envergadura, é mais instintivo e fareja mais. O
americano é maior, mais poderoso, usa mais o ouvido e é notoriamente
territorial.
Dispensamo-nos
de maiores considerações sobre o seu estalão, porque elas encontram-se ao
alcance de qualquer um, o que nos liberta para a sua análise funcional e
unicidade prestativa. Usaremos como comparação o Cão de Pastor Alemão, raça
desde sempre utilizada para o ofício guardião e por isso mesmo mais conhecida,
para explicar as mais-valias presentes no Akita. Em termos cognitivos e
apreensão de conteúdos de ensino não existem diferenças significativas entre
ambos, porque uns e outros aprendem com facilidade, suportam bem a mecanicidade
das acções e respondem afirmativamente debaixo de pressão, ainda que alguns
akitas demonstrem alguma teimosia e desejo de autonomia, dificuldades
facilmente ultrapassáveis pelo recurso à sua memória afectiva.
Comparativamente, o Pastor Alemão assimila em média mais 15% dos comandos,
muito embora o Akita possa demonstrar igual capacidade quando treinado a partir
dos 4 meses.
No
que à biomecânica diz respeito as diferenças são acentuadas, ainda que a aprovação
seja idêntica, algo ligado às díspares angulações traseiras que fornecem
diferentes modos de execução e que influem na escolha do andamento natural
preferencial. Ambos marcham bem, muito embora o Pastor Alemão seja mais ruidoso
ao fazê-lo e o Akita pareça desenvolvê-lo com “pés de lã”, apesar de mais
pesado e recto de angulações traseiras. Nenhum deles apresenta dificuldades na
transição de andamentos e na transposição de obstáculos, apesar de procederem a
diferentes abordagens e modos de execução, porque o Akita reduz o galope antes
dos obstáculos e o Pastor ultrapassa-os numa perspectiva de continuidade,
aproveitando a extensão do galope, saltando o japonês mais tarde e para cima,
numa curvatura de salto a rasar os 45 graus. Ambos fazem a abordagem aos
aparelhos à vista, equilibram-se bem em qualquer plataforma, não apresentam
claustrofobia, toleram o fogo e resolvem obstáculos compostos ou intrincados
sem maior dificuldade.
Debaixo
de temperaturas até aos 28 graus celsius a sua prestação é idêntica e a resistência
do Akita é maior, sucedendo o contrário quando as temperaturas ultrapassam os
30 graus. O japonês suporta melhor os altos índices de humidade e acusa em
demasia os climas quentes e secos, que normalmente o induzem à indolência e
passividade. O Akita tem igual desempenho em diversos tipos de terreno e sai
mais rápido para o galope, o Pastor cobre mais terreno em marcha e enterra-se
nos pisos arenosos e irregulares. O Inverno não constitui para nenhum deles qualquer
tipo de problema, ambos são bons nadadores e o Pastor é mais célere dentro de
água, apesar de sair dela mais estoirado. Usam formas diferentes de propulsão:
o Cão Alemão usa mais a traseira e o outro a frente, um tira partido das
angulações e o outro das membranas interdigitais.
O
Akita, para além de silencioso, é mais difícil de subornar, porque não tira os
olhos do dono e é naturalmente reservado com estranhos, que não hesitará em
enfrentar perante insistência ou abuso. Ambos parecem ter nascido para a
disciplina de guarda, são próprios para os ataques lançados e rigorosos na
defesa dos donos. Nas capturas o Pastor tira partido do embalo e o Akita da
elevação, sendo mais fácil ensinar ao japonês o ataque a vários golpes, porque
é reactivo e espera o desequilíbrio do agressor, desferindo ataques superiores
tanto pela frente como pela retaguarda, geralmente de difícil defesa por serem
dissimulados. Acresce a isto o facto de partir da fixação para o ataque,
rosnando curto e sem voz de aviso, o que o torna excelente como cão de cerco e
assalto (acções ofensivas).
As três melhores qualidades do Akita passam por ser
extremamente leal, silencioso e veloz, que o tornam um guarda de créditos
firmados e um cão de companhia como poucos, porque quando chamado a intervir
faz-se presente, a sua presença dentro dum apartamento produz pouco ou nenhum
estrago e é praticamente inaudível, para além de ser muito ligado aos donos e
protector das crianças, robusto e decidido. A 30 metros de distância
conseguimos ouvir um Pastor Alemão que vem na nossa direcção e só daremos pelo
Akita quando estiver cara a cara connosco ou encavalitado nas nossas costas, o
que não deixará de ser uma terrível surpresa diante do seu porte e decisão. E
ainda há quem pense ser ele um cão de bonecas, como as aparências iludem! Será
que o tratam por “cão dos samurais” só por causa da sua origem? Verdade seja
dita, em termos de aptidão laboral, a raça ficou a dever mais aos americanos do
que aos japoneses.
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