519 anos depois, os descendentes dos judeus sefarditas expulsos no
reinado de D. Manuel I, aqueles que a si mesmos sempre se chamaram “filhos da
Nação Portuguesa”, que se escaparam ao baptismo à força e às fogueiras da
inquisição e que conservaram até hoje o ladino (língua para eles doce e
resultante da mistura entre português e o castelhano arcaico), para além
doutras tradições culturais de origem peninsular, podem retornar ao país dos
seus antepassados e adquirir finalmente a cidadania portuguesa, justiça que
lhes foi feita por aprovação da Assembleia da República em 2013 e que
transformou o dia 29 de Janeiro de 2015 num dia memorável para eles. Pelo
caminho ficaram muitos, que não tendo ao tempo cidadania portuguesa, foram
caçados em Amesterdão e Esmirna, vindo posteriormente a ser gaseados em
Auschwitz, às mãos do III Reich e ao abrigo da malfadada “solução final”.
Os pedidos de naturalização já estão a acontecer e os motivos são
diversos, variando entre aqueles que pretendem instalar-se em Portugal, os que
querem reaver a nacionalidade que lhes foi roubada e os que apenas desejam
um documento de entrada para a Europa. Apesar da tragédia que acompanhou os
seus antepassados, os que chegam não carregam ressentimento e Portugal acaba
por acolher os descendentes daquela gente ilustre, que no Séc. XV daqui expulsou,
mercê duma cláusula do contrato matrimonial entre o Rei português e a Infanta
de Espanha, que como é sabido, era filha dos Reis Católicos. Ao tomar esta
atitude, o governo português emendou um erro histórico que muito comprometeu o
país e o seu desenvolvimento, para além de fazer justiça àqueles que
injustiçou. Shalom!
PS: Será esta reintegração tardia desinteressada?
PS: Será esta reintegração tardia desinteressada?
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