quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

O REGRESSO DOS “FILHOS DA NAÇÃO” (519 ANOS DEPOIS)

519 anos depois, os descendentes dos judeus sefarditas expulsos no reinado de D. Manuel I, aqueles que a si mesmos sempre se chamaram “filhos da Nação Portuguesa”, que se escaparam ao baptismo à força e às fogueiras da inquisição e que conservaram até hoje o ladino (língua para eles doce e resultante da mistura entre português e o castelhano arcaico), para além doutras tradições culturais de origem peninsular, podem retornar ao país dos seus antepassados e adquirir finalmente a cidadania portuguesa, justiça que lhes foi feita por aprovação da Assembleia da República em 2013 e que transformou o dia 29 de Janeiro de 2015 num dia memorável para eles. Pelo caminho ficaram muitos, que não tendo ao tempo cidadania portuguesa, foram caçados em Amesterdão e Esmirna, vindo posteriormente a ser gaseados em Auschwitz, às mãos do III Reich e ao abrigo da malfadada “solução final”.
Os pedidos de naturalização já estão a acontecer e os motivos são diversos, variando entre aqueles que pretendem instalar-se em Portugal, os que querem reaver a nacionalidade que lhes foi roubada e os que apenas desejam um documento de entrada para a Europa. Apesar da tragédia que acompanhou os seus antepassados, os que chegam não carregam ressentimento e Portugal acaba por acolher os descendentes daquela gente ilustre, que no Séc. XV daqui expulsou, mercê duma cláusula do contrato matrimonial entre o Rei português e a Infanta de Espanha, que como é sabido, era filha dos Reis Católicos. Ao tomar esta atitude, o governo português emendou um erro histórico que muito comprometeu o país e o seu desenvolvimento, para além de fazer justiça àqueles que injustiçou. Shalom!
PS: Será esta reintegração tardia desinteressada?

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