quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

PARASITA HUMANO TRANSMITIDO POR CÃES QUE COMEM PEIXE

 

Uma nova pesquisa afirma que os esforços para erradicar uma doença parasitária humana estão a ser prejudicados por cães que comem peixes infectados. A doença do “VERME DA GUINÉ” (Dracunculiasis, também conhecida como Guinea-worm disease) é geralmente contraída quando se bebe água que contém pulgas d’água, micro-crustáceos que carregam as larvas do parasita. Os vermes acasalam dentro do corpo humano e após 10 ou 14 meses, o verme adulto com 1 metro de comprimento emerge dos braços ou das pernas para soltar as suas larvas de novo na água. Os programas de erradicação levados a cabo reduziram os casos humanos do Verme da Guiné de milhões por ano nos anos 80 para apenas 27 em 2020, o que tornaria o Verme da Guiné na segunda doença humana a ser erradicada depois da Varíola. Quando a sua irradicação parecia estar próxima, descobriu-se que os cães domésticos também abrigam o parasita. O controlo direccionado da doença descobriu em 2020 que 93% dos vermes da Guiné detectados em todo o mundo estavam em cães no Chade, na África Central.

Uma pesquisa da Universidade inglesa de Exeter, publicada anteontem na revista Current Biology, revelou uma nova via de transmissão do parasita - os cães que comem peixes e que carregam as larvas do parasita, o que significa que estes animais mantêm o ciclo de vida do parasita e podem transmitir a doença aos humanos. Os pesquisadores trabalharam durante um ano em várias aldeias das mais afectadas ao longo do rio Chari, no Chade, rastreando centenas de cães com etiquetas de satélite para analisar os seus movimentos e revelar as suas dietas ao longo do ano, usando a análise forense de isótopos estáveis no focinho dos cães. Grande parte dos peixes comidos pelos cães - geralmente tripas e peixes mais pequenos - é descartada pelos pescadores quando pescam no rio e nas suas lagoas.

O professor Robbie McDonald, do Instituto de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Exeter, que liderou o estudo, disse: "Os cães são agora o principal obstáculo para erradicar esta terrível doença humana. “O nosso trabalho mostra que a pesca e a facilidade de ingestão de peixes pelos cães contribuem provavelmente para a persistência do verme da Guiné no Chade. “O desafio agora é que eliminar este patogénico não só nas pessoas, mas também nos animais.” O presente trabalho foi patrocinado pelo The Carter Center, fundado pelo ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter e o trabalho no Chade foi apoiado pela Organização Mundial de Saúde e pelo Ministério de Saúde Pública do Chade. 

Sem comentários:

Enviar um comentário