sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

BOCK: UM GRANDE BERBICACHO

 

O CPA Bock, agora com 14 meses, apresenta uma divergência de mãos raramente vista, provavelmente de origem congénita, que não lhe tira a alegria, mas que o impede de saltar normalmente, sendo em simultâneo piegas e pouco dado a desafios, dando a impressão de ser muito mais velho por querer e não poder (ser ansioso) e cansar-se em demasia. O seu recurso ao gemer não provém de nenhuma razão dolorosa, mas do facto de ser o primeiro cão dos seus donos, um casal sem filhos, inexperiente e com muito amor para dar, que por desconhecimento, acabou por instalar no animal este tipo de comportamento e manifestação, tornando-o simultaneamente carente e dependente, associando à anomalia física, como seria de esperar, um carácter pouco resiliente. Para agravar a situação, sempre teve a sua tigela de comida no chão e raramente circulou em marcha com os seus donos como seria desejável (neste caso imperativo), uma vez que não tinham propensão para isso e o animal nunca os largava (compreende-se). O desaproveitamento da fase de maior plasticidade anatómica do animal acabou por ratificar o seu problema morfológico.

Diante do que disse acima, uma pergunta de imediato se levanta: o que terá o adestramento para lhe dar? Podia formular a questão de outro modo – o que fazer com ele (o cão) – mas penso que a primeira questão é pedagogicamente mais correcta e menos ofensiva. Do ponto de vista físico importa diminuir-lhe a desproporção entre a espádua e a garupa; dotá-lo de maior mobilidade; robustecer a sua marcha, trabalho que deverá ser feito em piso térreo para diminuir os impactos ao solo; convidá-lo para vencer pequenas rampas e desafiá-lo para passagens estreitas, onde será induzido a colocar as suas mãos correctamente para não entrar em desequilíbrio (o Extensor de Solo opera maravilhas neste caso). A recuperação absoluta da sua menos valia e incapacidade infelizmente já não é possível, mas o condicionamento pode e deve suavizá-la. Quanto a saltos e obstáculos, para não se agravar o problema e causar traumas, nunca deveremos convidá-lo para valores acima dos naturais, a saber, verticais até 60cm de altura e extensores até 180cm, feitos esporadicamente e nunca de modo repetitivo.

As vitórias operadas pela melhoria da sua condição física levarão este cão a ser mais confiante e seguro, a vencer a instabilidade que o levava ao queixume (gemer), à aquisição de um porte próprio do seu género e ao natural desenvolvimento da sua territorialidade, melhorando assim e substancialmente o seu bem-estar, saúde e longevidade. O que o adestramento tem para dar ao Bock é vida!

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