segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

O NATAL DOS KAMLEITNER NÃO VAI SER O MESMO

 

Quando ao adestramento se tirar a preocupação com a sobrevivência dos cães, este não passará de uma mera actividade circense sustentada pela vaidade e profundamente especista. No município meridional austríaco de Grafenstein, no estado de Kärnten, o Natal deste ano da Família Kamleitner não vai ser igual ao dos anos anteriores, porque o cão de casa, um Vizla de 6 anos chamado Bruno, morreu envenenado na passada quinta-feira, depois de alguns dias de sofrimento atroz e de ter sido sujeito a uma cirurgia de emergência. O veneno que vitimou o tão amado bracóide húngaro deverá ter sido colocado no primeiro fim-de-semana deste mês, dias 4 e 5, entre as localidades de Haidach e Replach. Como o animal não mostrou a princípio qualquer alteração ou sintoma, quando piorou, na 3ª feira seguinte, já era tarde mais para valer-lhe, mesmo sendo operado. Sandra Kamleitner, sua inconsolável dona, comenta assim o sucedido: “O Bruno nunca fez mal a ninguém. Estamos completamento desesperados. A dor é insuportável. Vai ser um Natal muito triste!”

Sabemos a falta que fazem os cães detectores de engodos ou iscas venenosas, só agora implementados em alguns países europeus e por enquanto inexistentes na sua maioria. Mas mesmo que os houvesse em todas as nações, seriam manifestamente insuficientes para valer aos cães em todo o lugar considerando o seu número e expansão territorial. Lamentavelmente, este aumento do número de cães não tem sido pacífico, tem sofrido as mais variadas oposições e tem sido também acompanhado com o aumento dos envenenamentos (nem todos gostam de cães, há quem os deteste e quem não hesite em matá-los). Apostado em que tenha sempre um Natal Feliz, passo a adiantar alguns protocolos preventivos para evitar a morte prematura do seu cão por envenenamento, medidas que possibilitarão que receba ano após anos as prendas que tem para lhe dar.

Comecemos pelas PROTOCOLOS DE PREVENÇÃO DOMÉSTICA a observar pelo AGREGADO FAMILIAR, que poderão em parte ou no seu todo ser abandonadas por parecer médico em contrário: 1 _ Ainda que várias pessoas possam confeccionar a sua comida ou comprar a sua ração, só uma deverá distribuí-la ao animal – o seu líder; 2 _ O cão deverá comer num bebedouro e comedouro reguláveis 5cm abaixo da sua altura à cernelha ou garrote (para se desacostumar a comer do chão e para não danificar a sua morfologia); 3 _ O animal só deverá comer debaixo de ordem expressa para esse fim (para condicioná-lo a esperar pela ordem); 4 _ O comedouro do cão obedecerá a um lugar fixo, alimentando-se só ali o animal; 5 _ Não permitir que coma a comida que joga para o chão (volte a metê-la no comedouro).

6 _ Retire o comedouro com as sobras do penso quando as houver, para que o animal aprenda a saciar-se; 7 _ Não mude constantemente de ração ou penso diário (não queremos um animal guloso); 8 _ Os procedimentos relativos ao comedouro deverão estender-se também ao bebedouro (regras 1ª; 4ª e 5ª;), que deverá ser mantido exemplarmente limpo e munido de água fresca. 9 _ Não permitir que o cão se aproxime do local onde a sua comida está a ser confeccionada (para que aguarde ordem); 10 _ Mantenha-o afastado das mesas familiares de refeições (para que não peça comida ou coma alguma que caia acidentalmente); 11 _ Não o deixe aproximar do balcão da cozinha, do frigorífico, do micro-ondas e principalmente do caixote do lixo (para que fique condicionado a evitá-los) e 12 _ Quando acabar de comer não deixe o animal lamber-lhe as mãos.

Em simultâneo, os PROTOCOLOS DE PREVENÇÃO DOMÉSTICA estendem-se também às pessoas que nos visitam. Assim: 13 _ Crianças e adultos estão proibidos de dar de comer ao animal (na impossibilidade de fazer vigorar esta proibição, há que isolar o cão das visitas); 14 _ Manter as crianças debaixo de olho, principalmente se estiverem a comer algo, que normalmente desleixam parte, abandonam por toda a parte ou deixam cair no chão. Para além de estarem assim a contribuir para o envenenamento dos animais, podem também matá-los com algumas das suas guloseimas; 15 _ Após a saída das visitas, o cão deverá ser confinado e ser efectuada uma busca minuciosa à casa e às suas dependências para eliminar a presença de eventuais restos de comida.

Antes de falar dos PROTOCOLOS PREVENTIVOS PARA OS PASSEIOS EXTERIORES quero adiantar que a prevenção mais segura contra as iscas é ataviar o cão de um açaime que o impeça de comer. Vamos aos protocolos: 16 _ Não coma quando está com o seu cão no exterior; 17 _ Não dê e não consinta que dêem comida ou guloseimas ao seu cão nos passeios ao exterior (para que não se acostume a comer fora); 18 _ Evite parar ou deter-se junto de talhos, restaurantes, cafés e outros estabelecimentos que fornecem comida, assim como perto de pessoas a comer e de caixotes do lixo, o que se constituiria numa tentação para o animal.

19 _ Se porventura optar por soltá-lo num determinado local, não o faça sem bater prévia e minuciosamente a sua área (mais vale valer-se da trela extensível); 20 _ Evite passear em locais muito concorridos por cães, porque a probabilidade de encontrar engodos tóxicos é muito maior; 21 _ Nas brincadeiras exteriores use os brinquedos próprios do animal e não aquilo que encontrar ou o que a natureza lhe tiver para dar, para não o acostumar a abocanhar tudo o que tiver pela frente; 22 _ Não lhe distribua brinquedos comestíveis, porque são verdadeiros percursores e indutores à procura e consumo de iscas envenenadas; 23 _ Impeça-o de perseguir outros animais (cabras, coelhos, gaivotas, galinhas, gatos, ovelhas, patos, pombos, etc.) para que o instinto de caça não lhe abra o apetite.

Estes 23 protocolos podem salvar a vida do seu cão, que pode ainda ser melhor protegida com o ensino da “RECUSA DE ENGODOS” numa escola canina, aptidão que deverá ser ciclicamente reavaliada e reconfirmada atendendo ao que está em causa. Tenha um “Bom Natal” na companhia do seu cão, os Kamleitner infelizmente não o terão!

PS: Já agora, não o deixe comer os enfeites de Natal e afaste-o decididamente dos chocolates. 

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