O
CPA Bock, agora com 14 meses, apresenta uma divergência de mãos raramente
vista, provavelmente de origem congénita, que não lhe tira a alegria, mas que o
impede de saltar normalmente, sendo em simultâneo piegas e pouco dado a
desafios, dando a impressão de ser muito mais velho por querer e não poder (ser
ansioso) e cansar-se em demasia. O seu recurso ao gemer não provém de nenhuma razão
dolorosa, mas do facto de ser o primeiro cão dos seus donos, um casal sem
filhos, inexperiente e com muito amor para dar, que por desconhecimento, acabou
por instalar no animal este tipo de comportamento e manifestação, tornando-o simultaneamente
carente e dependente, associando à anomalia física, como seria de esperar, um
carácter pouco resiliente. Para agravar a situação, sempre teve a sua tigela de
comida no chão e raramente circulou em marcha com os seus donos como seria desejável
(neste caso imperativo), uma vez que não tinham propensão para isso e o animal
nunca os largava (compreende-se). O desaproveitamento da fase de maior
plasticidade anatómica do animal acabou por ratificar o seu problema
morfológico.
Diante
do que disse acima, uma pergunta de imediato se levanta: o que terá o
adestramento para lhe dar? Podia formular a questão de outro modo – o que fazer
com ele (o cão) – mas penso que a primeira questão é pedagogicamente mais
correcta e menos ofensiva. Do ponto de vista físico importa diminuir-lhe a desproporção
entre a espádua e a garupa; dotá-lo de maior mobilidade; robustecer a sua
marcha, trabalho que deverá ser feito em piso térreo para diminuir os impactos
ao solo; convidá-lo para vencer pequenas rampas e desafiá-lo para passagens
estreitas, onde será induzido a colocar as suas mãos correctamente para não
entrar em desequilíbrio (o Extensor de Solo opera maravilhas neste caso). A
recuperação absoluta da sua menos valia e incapacidade infelizmente já não é
possível, mas o condicionamento pode e deve suavizá-la. Quanto a saltos e
obstáculos, para não se agravar o problema e causar traumas, nunca deveremos
convidá-lo para valores acima dos naturais, a saber, verticais até 60cm de
altura e extensores até 180cm, feitos esporadicamente e nunca de modo
repetitivo.
As vitórias operadas pela melhoria da sua condição física levarão este cão a ser mais confiante e seguro, a vencer a instabilidade que o levava ao queixume (gemer), à aquisição de um porte próprio do seu género e ao natural desenvolvimento da sua territorialidade, melhorando assim e substancialmente o seu bem-estar, saúde e longevidade. O que o adestramento tem para dar ao Bock é vida!