Grande número de vereadores municipais espanhóis do pelouro do ambiente
anda preocupado com a saúde pública por conta dos proprietários caninos que não
apanham os dejectos dos seus animais nos passeios e espaços públicos, tudo
fazendo para que a situação se altere e os prevaricadores mudem de atitude por
via de pesadas coimas, o que implicará em surpreendê-los em flagrante delito.
Em Colmenar Viejo, uma cidade e município com cerca de 44.000 habitantes,
localizada na Comunidade de Madrid, Espanha, a 30 quilómetros ao norte da
Capital espanhola e pertencente à comarca
de Cuenca Alta del Manzanares, os
autarcas, para além de já se terem valido doutros cães apetrechados com cameras
para filmarem os donos em contravenção com a lei, contratou este ano um detective
particular para obrigar os donos em falta à apanha dos dejectos. Para o próximo
ano, o dito detective vai passear incógnito pelas ruas daquela cidade
histórica, filmando os prevaricadores e entregando esses registos à polícia,
que aplicará aos infractores uma multa de 750€, montante que até não é
exagerado, considerando que em Madrid e Barcelona essa multa pode ascender até
aos 1.500€ (em Lisboa o valor máximo é de 727€). Nos arredores de Madrid, nos
municípios de Alcalá de Henares (onde se come muito bem) e de Leganés, essa
fiscalização é feita por polícias à paisana, ao contrário do que sucede em Móstoles,
que possui uma linda igreja em estilo mudéjar (La Iglesia de Nuestra Señora de
la Asunción), onde a tarefa é assumida por cidadãos voluntários recrutados na
vizinhança.
Procurando solução para o mesmo problema, em Tarragona, na Catalunha,
cidade costeira mediterrânica com 135.000 habitantes e onde existem mais de
2.800 cães, está em projecto uma parceria entre a universidade local e a
autarquia para se criar um banco de dados de ADN dos cães registados, que
permitiria a sua identificação pelos dejectos abandonados e por conseguinte,
também, a dos proprietários, que para além de pagarem a multa, se veriam
obrigados a pagar o teste de ADN. Idêntico plano foi recentemente abandonado
pela autarquia de Getafe, cidade ao sul de Madrid, das mais povoadas da região
e que é considerada o centro geográfico da Península (40º18’17’’N 3º43’52’’W).
A campanha mais agressiva e que melhores resultados deu no combate ao abandono
dos dejectos a céu aberto foi levada a cabo pela autarquia de Brunete, uma
pequena cidade com pouco mais de 10.000 habitantes, situada 20 milhas a oeste
de Madrid. Durante essa campanha foram usados 20 voluntários que entabulavam
conversa com os proprietários caninos desleixados, ficando assim a saber o nome
dos cães, a raça a que pertenciam e o nome dos seus proprietários. Depois, os
dejectos eram recolhidos pelos funcionários camarários e enviados em caixas de
cartão, com as insígnias da cidade, para o domicílio daqueles donos,
avisando-os que seriam multados diante de reincidência. A partir daí houve uma
melhoria em 70% dos casos. O que se passa em Espanha sempre transborda para
Portugal, país onde o respeito pelos outros é por vezes muito pouco. Se tem por
hábito obsequiar os outros com a trampa do seu cão, deixe-se disso, porque se o
respeito pelos outros não o demover, certamente o aumento das multas o
convencerá na ausência de vergonha.
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