quarta-feira, 2 de setembro de 2015

QUEM NÃO SENTE NECESSIDADE DE PERDÃO, JAMAIS CONSEGUIRÁ PERDOAR

Nem de propósito, quando acabámos de escrever o texto anterior, encontrámos um pomerano de Rostock/Alemanha que se dedica há largos anos ao adestramento de cães, um homem simpático que sorrateiramente se acercou de nós, brando de linguagem e contido de expressões mímicas, espelhando um misto de humildade e curiosidade, como quem quer saber sem incomodar. Estivemos à conversa com ele cerca de 30 minutos, para além ficarmos a saber que era luterano, depois de alguma insistência nossa, debatemos com ele a questão da necessidade de inibição canina, pormenor que obteve a sua aprovação mas com uma ressalva: “quem não sente necessidade de perdão, jamais conseguirá perdoar”. Segundo ele e com carradas de razão, o estabelecimento da inibição não dispensa a paciência que induz ao perdão, para que o medo não fale mais alto e impeça a sua aceitação natural pelos cães, enquanto decorrência do amor dos seus mestres por eles. Indo mais adiante no seu raciocínio continuou: “um treinador inflexível só poderá ter dos seus cães duas respostas: o medo generalizado pela liderança ou a formação de cães assassinos (medo ou revolta), porque a correcção só surte efeito quando alcançada pela confiança em quem a opera, o que sempre estará ligado à certeza do perdão, manifesta na recompensa que induz ao acerto por mais tempo, já que o adestramento é para todos os efeitos um processo de adopção que se deseja feliz”. Não lhe tirámos o chapéu porque raramente o usamos e o céu estava encoberto.

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