sábado, 12 de setembro de 2015

BORZOI DAS ESTEPES: O CÃO DOS COSSACOS

Desde que tive conhecimento deles sempre me apaixonaram. Estou a referir-me aos Cossacos, povo livre e guerreiro, de exímios cavaleiros por detrás da formação da Ucrânia e da Rússia. Depois de alguma pesquisa, porque não os estava a ver sem cão, vim a descobrir qual deles os acompanhava na caça a cavalo: o Borzoi das Estepes, um galgo pertencente genericamente à categoria dos wolfhounds, muito embora seja um típico sigthound (caçador à vista), menos conhecido que o Borzoi por não estar associado à realeza, um lebrel mais rápido do que resistente, de uso popular, capaz de avistar a caça até aos 300m e possuidor de um arranque inigualável, de pelagem dupla, curta e grossa, também de herança tártara e muito idêntico ao Sloughi (galgo do Norte de África), desfilando ordinariamente com a cauda abatida e entre as pernas, nas estepes compreendidas entre as Montanhas do Cáucaso e os rios Volga e Don. A sua selecção continua a efectuar-se pelo abate dos menos aptos e os cães mais novos são capacitados pela parceria com outros mais velhos e experientes. O termo russo “Borzoi” aplica-se a todo e qualquer wolfhound (cão de caça ao lobo).
Por vezes o Borzoi das Estepes é tratado como “South Russian Steppe Hound” devido à distribuição geográfica dos cossacos, nas estepes da Ucrânia e do Sul da Rússia. Para todos os efeitos estamos na presença de um galgo descendente dos seus pares do Médio-Oriente, um sigthound com um quociente de envergadura 2.3 parar os machos (71cm/34ks) e de sensivelmente 3 para as fêmeas (61cm/20.5kg). A raça não é muito fecunda e as suas ninhadas oscilam entre os 3 e os 6 cachorros, número que aponta para a selecção natural e que desnuda pouca ou nenhuma interferência humana. Este cão, que exige poucos cuidados de limpeza (grooming), é um animal leal, rústico, próprio para a tarefa, pouco protector, com uma energia acima da média, de fácil sociabilização com crianças, outros cães e demais animais domésticos, que exige e necessita de muito exercício físico, apesar de ser calmo dentro de casa. A raça apresenta uma grande variedade de cores, sendo cada uma delas sólida nos seus exemplares. Por demais negligenciado nas aldeias onde é comum ver-se vadio, aparecer faminto e subnutrido, o Borzoi das Estepes sofreu maior cuidado, incremento e melhoramento a partir de 1952, altura em que o “All-Union Cynological Congress” o considerou digno de preservação.
Estamos na presença de um “parente pobre” do Borzoi mas mais apto e saudável do que ele, podendo caçar até aos 12 anos de idade. O cão dos cossacos foi e continua a ser usado para dar caça ao lobo, acompanha o dono a cavalo e tanto pode trabalhar em parceria com um falcão como em matilha, sendo por excelência um cão de campanha. Pouco se sabe sobre o cão seu ancestral, se o “Canis Familiaris Leineri” ou outro, como não se sabe se todos os galgos provêm da mesma origem, muito embora ninguém duvide que nalgum momento da antiguidade galgos e podengos tiveram um ancestral comum. Quem diria que um cão de origem árabe, provavelmente introduzido pela “Rota da Seda” iria parar às gélidas estepes ucranianas e russas, adquirir pelo duplo e acompanhar cavaleiros cossacos, rutenos e eslavos. Realmente o Mundo é muito pequeno! Como os cossacos e os galgos nasceram para ser livres, a máxima “cara de um, focinho do outro” ganha neles maior sentido.

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