quarta-feira, 23 de setembro de 2015

DÊEM-LHES MÚSICA!

Se entendermos a música como uma combinação de ritmo, harmonia e melodia, também como uma organização temporal de sons e silêncios (pausas), produzidos pela voz humana e pelos instrumentos, capaz de transmitir sentimentos e despertar emoções, facilmente compreendemos da importância desta arte para o bem-estar dos cães, animais mais dados a emoções e a estados anímicos, que entendem o mundo à sua volta e respondem pela associação de sons e odores. Graças a este particular é que conseguimos ensiná-los mediante comandos verbais, cuja entoação deverá ser apropriada (diferenciada) segundo o carácter das respostas que deles esperamos, para facilitarmos a sua apreensão e livrá-los do stresse. Pequenos trechos musicais podem funcionar como ordens explícitas e despoletar neles diferentes acções, desde que treinados assim, sucedendo o mesmo com os militares em relação ao toque do clarim. Os cães bem treinados que fazem parte das forças que se dedicam ao protocolo e honras do Estado, por força do hábito, reagem aos toques militares em simultâneo com os seus tratadores, dispensando inúmeras vezes outro tipo de ordem ou o seu reforço.
Há muito que sabemos dos benefícios que a música oferece aos cães, tanto que sempre a usámos nos cachorros recém-chegados a casa, depois da separação da mãe e dos seus irmãos, para se acalmarem e não se sentirem sós, usando para isso um rádio nas primeiras noites. Hoje a terapia musical está em voga no mundo canino, nos países mais evoluídos chega até a ser usada nas associações que se dedicam a recolha de cães abandonados. Nas clínicas e hospitais veterinários a música faz-se presente para acalmar pacientes e convalescentes, minorando aversões e ajudando na recuperação, enquanto veículo que transmite ânimo, calma, tranquilidade, relaxamento e felicidade. Segundo uma pesquisa realizada pela Dr.ª Deborah Wells, da Queens University de Belfast, na Irlanda do Norte, uma reputada especialista em comportamento animal, os cães gostam realmente de música e a preferência dos cachorros vai para a música clássica, que os mantém serenos e relaxados, não sucedendo o mesmo quando sujeitos a música pop ou a shows. Em complemento, outros etólogos descobriram que a música clássica soa aos cães como uma conversa humana e que, se a esse tipo de peças musicais se juntar o ladrar de um cão e o chilrear dos pássaros, tanto melhor. Ao que tudo indica, a harpa é o instrumento musical que os cães mais apreciam.
É por demais evidente, se juntarmos música à algazarra do treino, que a capacitação dos cães mais frágeis será mais fácil e que os mais equilibrados renderão mais; que as classes terão menor saturação, maior disponibilidade e melhor desempenho, a sociabilização canina será facilitada e a constituição da matilha heterogénea escolar acontecerá sem maiores delongas e percalços. Não há dúvidas: está na hora de dar música aos cães, de a fazer presente nas sessões de treino e de usufruir das suas vantagens, que também se estenderão aos adestradores, condutores e demais agentes de ensino. A isto se chama inovar e o adestramento progride pelo avanço das ciências que o sustentam. Dêem-lhes música que eles agradecem! E já agora, ao sair de casa para o trabalho, deixe um rádio ligado como companhia para o seu cão, verá que resulta! E se resulta ali, muito mais resultará nos canis.

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