Segundo hoje tornou público a agência
noticiosa canadiana CBC através do seu site, em Winnipeg, Capital da Província multicultural
de Manitoba/Canadá e farta em praias fluviais, pela confluência dos rios Red e Assiniboine
com grandes vales ao redor, uma matilha de lobos, constituída por 3 machos e 1
fêmea, matou 3 cães de grande porte e deixou um em muito mal estado, nos lugares
de Hillside Beach e Albert Beach, de acordo com as declarações de Stewart
MacPherson, Chefe da Polícia de Victória Beach. Segundo a mesma fonte, os lobos
usaram de uma estratégia até ali desconhecida, usando uma loba para cativar e
afastar os cães de casa, caindo-lhes depois o resto da alcateia em cima. Até ali
os ataques de lobos a cães grandes eram raríssimos, acontecendo só e
esporadicamente sobre cães pequenos e gatos. Que conclusões práticas podemos
tirar desta notícia, enquanto adestradores de cães para guarda?
Antes de respondermos à pergunta que
formulámos, importa dizer que a coabitação entre lobos e animais domésticos não
tem sido fácil naquelas paragens, quiçá por ausência de alimento e invasão do
território dos lobos, razões bastantes para a alteração da sua dieta e
comportamento. Uma vez dito isto, passemos às conclusões práticas do ocorrido,
segundo o ofício que abraçámos e o nosso propósito de bem servir. Como em
Portugal é raríssimo avistar-se um lobo, cães e donos podem dormir tranquilos,
muito embora o que adiantamos para os cães de guarda seja também válido para os
guardadores de rebanhos. Apesar dos nossos “lobos” serem outros, valem-se da
mesma estratégia, quando os ladrões usam uma cadela com o cio para distraírem
os cães de guarda, prática antiga e que infelizmente ainda hoje resulta.
Para evitar que os “lobisomens” sejam
bem sucedidos e o nosso património venha a ser depauperado, sempre que haja
essa possibilidade, aconselhamos um casal de cães para a guarda de uma casa ou
moradia, porque a cadela residente bem depressa expulsará a invasora, desde que
tenha o porte e o tamanho adequados para lhe fazer frente e não se encontre
castrada, motivando o seu companheiro de vigília a secundá-la nesse propósito,
o que não será difícil, porque a invasora ao pôr-se em fuga, constitui-se
automaticamente em presa. O treino dos machos para resistirem a este apelo
natural acontece no treino, que uma vez condicionados a obedecerem aos donos, resistem
às cadelas em cio, o que os fará abandonar os rituais de acasalamento e
aumentará o seu desinteresse. Se os cães forem castrados não correm esse risco,
mas a maioria dos eunucos, ao perderem a virilidade, perdem também alguma
tenacidade e a constância nas guardas. Assim, as cadelas em cio, longe de serem
um impedimento, são mais do que bem-vindas às classes de adestramento colectivo
pelo serviço que prestam.
E quando
se trata de constituir uma matilha funcional para guarda há que ter o mesmo
cuidado, o de nela fazer constar machos e fêmeas de características díspares, o
que facilitará o seu escalonamento, serviço de cada um e unidade, para além de
enriquecer o seu desempenho colectivo. Constituir uma matilha funcional só com
machos é um tremendo disparate, porque sendo-lhes apresentada uma fêmea com o
cio, longe de a escorraçarem e guardarem a casa, bem depressa guerrearão uns
contra os outros pela sua posse e favores. Para os nossos leitores menos
acostumados aos termos em uso na cinotecnia, adiantamos que o termo “matilha
funcional” reporta-se ao conjunto de dois ou mais cães treinados que executam
em simultâneo e em conjunto o mesmo serviço (sempre que o perímetro duma
propriedade é maior que a velocidade do som (343 m/s), subsiste a necessidade
de uma matilha funcional). Dificilmente uma loba nos entrará pela casa adentro
ou no quintal seduzindo os nossos cães, mas não é impossível que uma cadela com
o cio o faça a mando dum “lobisomem”.
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