Nesta persistente aura de
poesia e fatalismo que nos caracteriza e envolve, sobram-nos suspiros e
falta-nos pragmatismo, como se tudo estivesse já perdido e o futuro só a Deus
pertencesse, infortúnio que os ladrões sinceramente agradecem. Ainda bem que há
povos bem diferentes de nós, talvez sejam menos polidos, mais rudes e broncos,
bárbaros como outrora foram classificados. Mas por causa deles o mundo pula e
avança, porque são práticos e acabam por valer aos outros. Assim são também os
americanos quando comparados com os cidadãos das mais velhas nações europeias,
cuja maioria não sabe pegar num talher mas que têm revolucionado o viver global
pelo desenvolvimento de toda a sorte de experimentos. Nas prisões de vários
estados norte-americanos têm vindo a ser implementados programas e cursos de
adestramento destinados aos reclusos, medidas que têm contribuído para a sua
futura reinserção social, enquanto ferramenta, e que têm vindo a reforçar eficazmente
a segurança comunitária.
Num protocolo assinado
pela Universidade de Auburn (AL) com algumas prisões no Alabama, Flórida e
Geórgia, vários labradores têm sido entregues a reclusos para serem treinados
na detenção de bombas, homens-bomba e
componentes explosivos, mediante programas científicos vocacionados para o
sucesso. Graças a esta iniciativa, alguns cães já foram colocados e continuarão
a sê-lo na rede ferroviária norte-americana, no metro de Nova Iorque, nos
aeroportos, nos locais de inaugurações presidenciais, nos estádios onde se
realizam grandes eventos desportivos e nas metrópoles com elevada densidade
populacional. Idêntica iniciativa seria aqui fazível e bem-vinda, diante da
crescente ameaça terrorista que se abate sobre a Europa e da necessidade de
formação e reinserção social dos nossos reclusos. Haverá vontade política para
se realizar aqui uma experiência-piloto ou guardá-la-emos para 40 anos depois
como é nosso apanágio?
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