Já
não sabemos quantas vezes o dissemos: os sons e os odores estão para os cães
como as imagens e as palavras estão para nós. Também realçámos repetidas vezes
que os comandos verbais deverão ter diferentes entoações visando a orientação e
a salvaguarda dos cães, procurando desenvolver em cada um dos nossos condutores
uma voz clara, potente e modelada, conteúdos de ensino directamente ligados à
história do Kellar, um English Springer que nasceu cego e que aqui vamos sucintamente
narrar. Sem experiência prévia em cães com esta deficiência, os seus donos
tiveram que aprender por conta própria como interagir e o educar o Kellar, que
hoje procura uma bola e brinca com ela como faria qualquer cão da sua idade ,
valendo-se do faro e das ajudas verbais dos seus donos para o fazer, que usando
indicações que lembram uma conhecida brincadeira de crianças, lhe dizem
“quente” ou “frio”, consoante se encontre mais perto ou mais afastado do
objecto a procurar. O amor tem destas coisas e o Springer teve muita sorte,
porque nas mãos de outros donos seria rapidamente descartado ou eliminado. Sim,
também os cães cegos podem ser ensinados e transformar-se em excelentes animais
de companhia e brincadeiras. O vídeo do Kellar, que é relativamente recente e
foi feito algures nos States, já foi visto por mais de 1,2 milhões de pessoas.
Lembramos
aos nossos alunos em particular e elucidamos os nossos leitores em geral, que
quanto a entoação e natureza dos comandos eles podem ser: imperativos, determinativos,
específicos, irrefutáveis e cúmplices, requerendo cada grupo deles uma entoação
própria de acordo com a salvaguarda, recompensa e serviço dos cães. Dar vozes a
um cão não deverá ser uma ladainha atónica ou uma cantilena própria para
adormecer anjinhos de tenra idade, devendo cada comando ser solto como o estímulo
necessário para despoletar a acção ou a resposta dos animais. Em simultâneo,
nenhum comando deverá ser repetido, porque só atrasará o seu cumprimento, que
deverá ser pronto e imediato, como imediato deverá ser o travamento de um cão
em perigo ou em vias de perecer.
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