O American Kennel Club
(AKC) reconheceu recentemente mais 3 raças caninas, são elas: o Lagotto
Romagnolo, o Berger Picard e o Miniature American Shepherd, que a partir de
agora terão o seu registo no livro de origens e poderão participar, a partir do
próximo mês, nos shows, exposições e outros eventos organizados por aquele
clube de canicultura norte-americano, de reputação e aceitação internacional. O
Lagotto Romagnolo (cão de lago da Romagna) é um retriever italiano originário
da região administrativa Emilia-Romagna no Nordeste italiano, cuja capital é
Bolonha. Para além das características que o tornam um excelente retriever, se
for educado desde novo, pode tornar-se num exímio prospector de turfas. Cão
lanudo, muito idêntico aos cães de água portugueses e espanhóis, com os quais
denota uma origem comum, não se estranhando ser tratado pelos alemães de “Wasserhund
der Romagna”, já que originalmente proliferou nas planícies de Comacchio e pântanos de Ravenna.
O seu estalão adianta para os machos de 45 a 48cm de altura, com um peso entre
os 13 e 16kg. As fêmeas têm uma altura entre os 41 e 46cm e o seu peso varia
entre os 11 e 14kg. O padrão original da raça foi lavrado em 1988 pelo CIL
(Clube Italiano do Lagotto), entidade filiada no ENCI (Kennel Club Italiano).
Trata-se de um cão dócil e de fácil sociabilização entre iguais, indicado
também como cão de família, que adora fazer buracos, de manto impermeável, que
tanto pode ser uniforme como malhado, nas cores branco e castanho e nas
interacções cromáticas delas resultantes (branco com castanho, laranja ou
ruão).Tem uma esperança média de vida de 16 anos e presta-se a recuperar
lebres, perdizes e outras aves selvagens, tudo tendo para vir a ser um
extraordinário cão de salvamento.
O Berger Picard,
originário da Picardia/França, um dinossauro no panorama das raças caninas e
por detrás da formação de muitos cães pastores na França, Holanda, Bélgica e
Alemanha, facto comprovado pela existência do Laekenois e pela contribuição de
cães pastores de pêlo de arame (cerdosos) para a formação do Cão de Pastor
Alemão, ainda hoje é pouco numeroso e a sua procura é diminuta. A sua escassez
resulta da sua quase extinção que ocorreu por ocasião das duas Guerras Mundiais
que flagelaram a Europa e que não pouparam o seu território endémico (Nordeste
de França), já que foi ali que aconteceu a guerra de trincheiras do Somme. A
sua menor procura fica a dever-se ao facto ser por demais rústico, pouco
apelativo e lembrar um mestiço, uma hibridação em tudo igual à verificada entre
um podengo e um cão de água ou entre este e um spitz. Com os avanços da ciência
e a contribuição do ADN, estamos em crer que a importância do Picard para a
formação dos diferentes pastores será revelada. Trata-se de um cão rectangular,
bem musculado, com o crânio e o focinho de igual comprimento, com o chanfro nasal abatido, de orelhas erectas com alta
implantação, de coxas mais longas que as pernas, cuja cauda atinge o jarrete,
mais claro nas patas e no ventre. A sua cor é similar à dos jovens corsos
(cinzenta-avermelhada) e apresenta uma multivariedade de sombras. Os machos
medem entre 60 a 65cm e as fêmeas entre 55 a 60cm, pesando entre 23 e 32kg. A
sua esperança de vida oscila entre os 12 e 14 anos. O Berger Picard é um cão
alegre, leal, com uma excelente capacidade de aprendizagem, obediente e atento,
próprio para a parceria e para trabalhar o dia inteiro, que apesar de suave e
tranquilo, é de natureza protectora, sendo por isso reservado com estranhos, o
que obrigará à sua sociabilização, continuando a ser usado como cão de guarda e
pastoreio.
O Miniature American
Shepherd, também conhecido pela sigla “MAS”, é um pequeno cão muito similar ao
Pastor Australiano, cujo peso oscila entre os 9 para os 18kg, variando em
altura entre 33 e 45cm (de 35 a 45cm para os machos; de 33 a 43cm para as
fêmeas), um cão versátil que se presta a quase tudo, inclusive ao resgate e
salvamento. Portador de uma agilidade, força e resistência pouco vistas, ele
adequa-se a todo o tipo de terrenos e ecossistemas, podendo transformar-se num
excelente cão familiar, caso se despreze a sua utilidade e parceria como pastor
e atleta.
Com o reconhecimento
oficial destas três raças e ao dar resposta às aspirações dos seus criadores, o
AKC realçou mais uma vez o seu carácter pragmático e a procura pelos cães de
utilidade, contribuindo de sobremaneira para a valorização e divulgação destas
raças. Este arejamento norte-americano, que mais valoriza o uso que a estética
e procura a inovação, quiçá pela acção do anticiclone dos Açores, tarda em
chegar à Europa, o que se lamenta mas que bem serve aos americanos, a quem todos,
mais cedo ou mais tarde, se verão obrigados a comprar-lhes cães, considerando a
qualidade e o uso dos exemplares inscritos nos seus livros de origem. Ficámos
muito felizes pelo Picard (cão que muito apreciamos) e os amantes do Lagotto
também têm razões para isso. Os americanos partem geralmente na frente e
raramente se atrasam! E se os chineses ao invés de comerem cães, passarem a
exportá-los, o que será de nós? Passaremos nós a comê-los? Alguns suíços já
estão acostumados!
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