segunda-feira, 20 de julho de 2015

GAIVOTAS: A MORTE QUE VEM DO MAR E PAIRA NO AR

Como se os corvos já não bastassem para aumentar o rosário de penas dos canicultores, agora temos as gaivotas à perna, aves marítimas que nas últimas décadas têm vindo a alterar os seus hábitos alimentares, talvez por haver menos traineiras a fazer-se ao mar e o peixe escassear na foz dos nossos rios e na orla marítima. Certo é que vemo-las cada vez mais distantes do mar, alimentando-se em lixeiras, ao redor de matadouros, debicando caixotes do lixo e atacando os animais domésticos ao seu alcance (patos, pintos, pombos, gatos e cães, entre outros).
 A alteração da sua dieta tem sido acompanhada pela procura de novos locais para nidificarem, fazendo agora ninhos nos lugares mais impensáveis e mais perto das nossas habitações (nos nossos quintais, em anexos, ao redor de janelas, telhados e chaminés), coabitação que tem levado algumas a atacar pessoas, por sentirem os seus ninhos e prole ameaçados (nos ataques sobre os humanos tendem a atacar o crânio e a face).
Pelo que nos tem sido dado a observar, nenhum lago, capoeira ou canil descobertos estarão a salvo do seu interesse e cobiça, caso se encontrem num raio de 50Km distantes do mar. Com facilidade e rara avidez comem pão e ração, restos de comida (batatas fritas e gelados inclusive), sobras de carne e bolos, não se escusando a debicar as carcaças de animais que encontrem. Os cães da sua predilecção são os cachorros e os toys, particularmente os que pesam abaixo dos 5kg, porque são-lhes fáceis de transportar, muito embora possam atacar, matar e comer outros maiores no local, quando em bando e sem oposição, o que tornará vulnerável qualquer cachorro por alturas do desmame. Como se deslocam a terra em grandes bandos, são capazes de se congregar para se defenderem e atacar milhafres, falcões e águias, facto que já presenciámos e que podem ser comprovados por várias fotos à disposição na internet.
Somente os corvos dão-lhes luta, porque avançam também em bando e disputam os mesmos “petiscos”, apesar de menos vistos nalgumas paragens. Os corvos, que causam os mesmos estragos, costumam levar vantagem no combate entre ambos, dividindo entre si os cadáveres dos seus opositores, apesar da luta ser renhida e da vitória depender do número de cada um deles. Quando o número das gaivotas é muito superior ao dos corvos, estes evitarão as hostilidades e esperarão que as gaivotas “saiam de cena”.
Alimentar as gaivotas pode ser uma opção de alto risco e resultar num tremendo disparate, porque a garantia do alimento levá-las-á a nidificarem mais perto de nós, a aguçar a sua argúcia, a pilharem o que quiserem e quando lhes der na gana, podendo atacar-nos a nós, aos nossos filhos, aos pets e às visitas lá de casa, por avidez de alimento ou por sentirem os seus ninhos ameaçados. Como se depreende porquê, quando têm crias no ninho, porque são territoriais e altamente protectoras, o seu apetite torna-se mais voraz e exigente, não hesitando em entrar na nossa casa e a roubar tudo o que encontrarem, o que para além do incómodo e da intromissão, resultará numa tremenda falta de higiene, já que defecam do ar e quando pousadas.
Apesar de ainda pouco frequentes entre nós mas com tendência para aumentarem, sendo mais incidentes durante o dia e no Inverno, os ataques das gaivotas sobre pessoas e animais não deverão ser encarados de ânimo leve, porque geralmente resultam em cabeças cortadas, abundante sangramento e quedas, podendo delas sobrar alguns ossos partidos e esporadicamente um acidente cardiovascular, porque atacam preferencialmente idosos e crianças (algumas delas já viram os seus lábios rasgados e abertos). Os cães mais pequenos raramente sobrevivem a um ataque de gaivota, porque entram rapidamente em choque hipovolémico, se não forem imediatamente socorridos. As gaivotas acostumadas a pedinchar comida, acabam por roubá-la das mãos das pessoas e a perseguir sacos de plástico e malas, não poupando também os carteiros. E tudo isto porquê? Porque a sua envergadura e peso permitem-lhes, quando ávidas ou raivosas, atingir-nos a uma velocidade de 65km/h, o seu dedo traseiro é uma verdadeira lanceta e o seu bico de 5cm funciona como uma navalha afiada.
Os ataques das gaivotas costumam acontecer em duas fases: uma primeira em que soltam um pio de alerta a dois metros de nós, seguida de um bombardeio de vómito e fezes que nos atingirá, e uma segunda iniciada por um pio de baixa frequência, a do ataque propriamente dito, em que acabam por nos atingir pela parte de trás da cabeça. Como prevenção, aconselham-se os canicultores a cobrirem os seus canis de rede, se tiverem cachorros ou forem criadores de cães miniatura, o que impedirá a entrada das gaivotas, garantirá a protecção dos cães e impedirá o roubo da ração. E como estamos no Verão, aconselhamos especial atenção para os proprietários caninos que diariamente circulam com os seus cães junto à orla marítima. Caso os seus companheiros de quatro patas sejam pequenos ou cachorros, melhor será optarem por outros percursos. Não havendo essa possibilidade, devem mantê-los a seu lado, em movimento ou ao colo e evitar que permaneçam parados para além de 3 minutos. Em simultâneo e a título de prevenção, porque as gaivotas há muito que perderam o respeito pelos humanos, os seus donos deverão sair ataviados com um panamá ou com outro tipo de chapéu.
 Obedecendo ao mesmo cuidado, os Restaurantes, Cafés, Esplanadas e Snack-Bares onde as gaivotas gozem de livre circulação e se encontrem a seu bel-prazer deverão ser evitados. Estamos hoje a pagar e mais pagaremos amanhã, por havermos destruído os habitats das espécies selvagens, que sem outras opções, disputam agora connosco o nosso espaço, família, animais e demais pertences, movidas pela sobrevivência que as induz à procura de abrigo e comida. Resta dizer que a vida das gaivotas na cidade permite-lhes uma taxa de sobrevivência de 95%, que poderão viver 40 anos e que a sua população poderá aumentar 20% anualmente.

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