sexta-feira, 24 de julho de 2015

BLÁ, BLÁ, BLÁ!

Assim como todos os cães podem ser mansos, também todos podem ser bravos, dependendo o seu comportamento de razões genéticas e ambientais ou da soma das duas, quando vinculadas ao particular psicológico, social e territorial dos indivíduos, que actuarão por instinto, indução, potenciação, descontrolo, desleixo ou permissão. Nenhuma das actuais raças caninas produz exclusivamente indivíduos dóceis ou agressivos, em todas elas há duns e doutros, ainda que a probabilidade de encontrarmos cada um deles varie de raça para raça (já vimos Labradores a morder “a torto e a direito” e Rottweilers que só usavam os dentes para comer, Huskies a atacar à jugular e Pastores Alemães a fugir dos figurantes). Mais do que confiar numa raça, importa conhecer o indivíduo que temos pela frente. Assim sendo, todos os donos e cães deverão ser educados, os primeiros para aprenderem a controlar os seus cães e estes para aprenderem a respeitar os seus líderes, cuidado que a sociedade muito agradece!
Tristemente surpreso foi um pai que se viu obrigado a defender os seus dois filhos menores do Boxer da sua namorada, que os atacou sem razão aparente, acabando os três muito maltratados e socorridos no Hospital Ninewells, em Dundee/Escócia, vindo o cão a ser esganado por um vizinho, segundo noticiou o “Mirror” no seu Website, no passado dia 18 do corrente mês. Chamado a comentar o ocorrido, a Sr.ª Lorraine Cumming, fundadora há 18 anos da “Boxer Welfare Scotland”, mostrou-se surpreendida, dizendo que, nos 30 anos que leva a resgatar cães, nunca teve notícia de nenhum ataque perpetrado por um Boxer sobre humanos. Das duas, uma: ou Deus é escocês ou os boxers ali são alados como os serafins! Assim como somos conhecedores da docilidade da esmagadora maioria dos boxers, também sabemos que alguns deles não são para brincadeiras, porque experimentámos os seus ataques e aquilatámos dos seus “estragos”, uma vez que a sua força de impacto é tremenda (jogam-se que nem balas de canhão), sacodem amiúde e a sua dentada, por serem prógnatas, resulta mais profunda e perigosa, não hesitando alguns em amarinhar para procurarem a cara dos seus opositores.
É evidente que assiste alguma razão à Sr.ª Cumming, porque são raríssimos os cães adoptados que não são gratos e amistosos, qualidades que os transformam em excelentes cães de família. Não estamos com isto a atribuir a culpa do sucedido exclusivamente ao Boxer, porque desconhecemos os pormenores, sabemos do que as crianças são capazes e ignoramos a causa ou causas daquele ataque (a polícia local também). Sabemos que as crianças têm 7 e 9 anos idade e desconhecemos se elas causaram algum dolo ao animal. Teria o cão reagido assim diante de abuso ou por ciúme? Não sabemos! Mas duma coisa podemos estar certos: as crianças precisam de aprender a conviver com os cães e a respeitá-los, porque devido ao seu tamanho, instabilidade emocional e irreverência de comportamento, acabam por constituir-se em alvos preferenciais para os cães. Cabe aos pais e às escolas caninas fazê-lo. Discordamos do tratamento dado ao pai das crianças pelo “Mirror”, ao considerar o Sr. Steve Deas um herói, porque independentemente do que presidiu ao ocorrido, ao invés de salvaguardar os seus filhos, afastando-os do animal, lesou-os e contribuiu para a morte cruel daquele cão (hoje em dia não está fácil sê-lo neste mundo).

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