Assim como todos os cães
podem ser mansos, também todos podem ser bravos, dependendo o seu comportamento
de razões genéticas e ambientais ou da soma das duas, quando vinculadas ao
particular psicológico, social e territorial dos indivíduos, que actuarão por instinto,
indução, potenciação, descontrolo, desleixo ou permissão. Nenhuma das actuais
raças caninas produz exclusivamente indivíduos dóceis ou agressivos, em todas
elas há duns e doutros, ainda que a probabilidade de encontrarmos cada um deles
varie de raça para raça (já vimos Labradores a morder “a torto e a direito” e
Rottweilers que só usavam os dentes para comer, Huskies a atacar à jugular e
Pastores Alemães a fugir dos figurantes). Mais
do que confiar numa raça, importa conhecer o indivíduo que temos pela frente.
Assim sendo, todos os donos e cães deverão ser educados, os primeiros para aprenderem
a controlar os seus cães e estes para aprenderem a respeitar os seus líderes,
cuidado que a sociedade muito agradece!
Tristemente surpreso foi
um pai que se viu obrigado a defender os seus dois filhos menores do Boxer da
sua namorada, que os atacou sem razão aparente, acabando os três muito
maltratados e socorridos no Hospital Ninewells, em Dundee/Escócia, vindo o cão
a ser esganado por um vizinho, segundo noticiou o “Mirror” no seu Website, no
passado dia 18 do corrente mês. Chamado a comentar o ocorrido, a Sr.ª Lorraine
Cumming, fundadora há 18 anos da “Boxer Welfare Scotland”, mostrou-se
surpreendida, dizendo que, nos 30 anos que leva a resgatar cães, nunca teve
notícia de nenhum ataque perpetrado por um Boxer sobre humanos. Das duas, uma:
ou Deus é escocês ou os boxers ali são alados como os serafins! Assim como
somos conhecedores da docilidade da esmagadora maioria dos boxers, também
sabemos que alguns deles não são para brincadeiras, porque experimentámos os
seus ataques e aquilatámos dos seus “estragos”, uma vez que a sua força de
impacto é tremenda (jogam-se que nem balas de canhão), sacodem amiúde e a sua
dentada, por serem prógnatas, resulta mais profunda e perigosa, não hesitando
alguns em amarinhar para procurarem a cara dos seus opositores.
É evidente que assiste
alguma razão à Sr.ª Cumming, porque são raríssimos os cães adoptados que não
são gratos e amistosos, qualidades que os transformam em excelentes cães de
família. Não estamos com isto a atribuir a culpa do sucedido exclusivamente ao
Boxer, porque desconhecemos os pormenores, sabemos do que as crianças são
capazes e ignoramos a causa ou causas daquele ataque (a polícia local também).
Sabemos que as crianças têm 7 e 9 anos idade e desconhecemos se elas causaram
algum dolo ao animal. Teria o cão reagido assim diante de abuso ou por ciúme?
Não sabemos! Mas duma coisa podemos estar certos: as crianças precisam de
aprender a conviver com os cães e a respeitá-los, porque devido ao seu tamanho,
instabilidade emocional e irreverência de comportamento, acabam por
constituir-se em alvos preferenciais para os cães. Cabe aos pais e às escolas
caninas fazê-lo. Discordamos do tratamento dado ao pai das crianças pelo
“Mirror”, ao considerar o Sr. Steve Deas um herói, porque independentemente do
que presidiu ao ocorrido, ao invés de salvaguardar os seus filhos, afastando-os
do animal, lesou-os e contribuiu para a morte cruel daquele cão (hoje em dia
não está fácil sê-lo neste mundo).
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