Não estamos aqui a dissertar sobre nenhum rito iniciático mesoamericano, apesar do nome “Quetzal” ser relativo a uma ave dessas paragens, adorada por Maias e Astecas e tornada ave nacional da Guatemala. “Quetzalcóatl” é uma deidade desses povos que foi também venerada pelos Toltecas, significa serpente alada e resulta da aglutinação da palavra “Quetzal” com “Cóatl” (serpente). O nome é muitas vezes subentendido como “Pássaro Serpente da Guerra”. Ao que parece, Cortez teria sido identificado como sendo essa divindade por parte dos povos que subjugou, alcançando por causa disso surpreendente vantagem. O nosso Quetzal, responsável pela regra de ouro vigente entre nós, foi um cão CPA militar que ganhou esse nome por força da sua letra de série. Como qualquer quetzal, que morre quando privado da liberdade, o cão acabou civil e veio parar às mãos de gente conhecida.
Numa madrugada, enquanto os donos dormiam, o bicho não parava sossegado e raspava a porta da rua, apesar das reprimendas e dos apelos sucessivos ao sossego. A insistência do cão levou o dono a pensar que se encontrava “mal da tripa”, acometido de um distúrbio gastrointestinal súbito, porque normalmente não agia assim e a idade tinha-lhe aumentado as horas de sono. No meio da chinfrineira a sua dona dizia para o marido: “ eu é que sei, os cães estão bem é no canil!” O homem vestiu o robe e calçou os chinelos à pressa, pegou na trela e lá foram escadas abaixo. Assim que se apanhou na rua, o cão “meteu as ventas ao chão” e só parou três quilómetros adiante, numa charneca escondida da luz da lua, tornada abrigo para bezerros barregueiros. O insólito levou-os ao Posto da GNR mais próximo, onde o roubo dos bezerros já havia sido comunicado pelos seus legítimos donos, uns alentejanos do Pinhal Novo. Após o retorno ao local com os guardas, regressaram a casa e o cão adormeceu sem sobressaltos. Às 9 horas da manhã desse dia alguém bate à porta e porque a dona da casa se banhava, coube ao marido o atendimento. Era o dono dos bezerros, que tomado de alegria e gratidão, entregava um envelope com algumas notas de conto, dizendo à despedida: “ abençoado seja o cão!” A mulher alheia a isto tudo perguntava da casa de banho: “quem era, quem bateu à porta?” Foi o Pai Natal que veio trazer a prenda para o Quetzal, vinte notas de conto – respondeu-lhe o marido.
O sucedido com o Quetzal tem vindo a repetir-se com outros cães noutras situações, sem contudo serem ouvidos e para arrependimento dos seus donos. Tal foi o caso do Master que denunciou a presença dum ladrão na cozinha, do Kasan que surpreendeu um intruso no quintal e de tantos outros. O ladrar dos cães é sempre um aviso, particularmente entre aqueles bem instalados e comummente ajuizados, já que o ladrar sistemático é próprio dos carentes e dos insatisfeitos, sendo prole rara e incompreendida. Os procedimentos são estes: se o seu cão ladrar no quintal, levante-se da cama, pois mais vale levantar-se do que nunca mais acordar; se o seu cão sempre ladrar à mesma hora, suspeite que algo de anormal se passa; se depois do aviso fizer menção de ir à rua (tendo condições para isso), não hesite em acompanhá-lo, porque muitos assaltos já foram detectados e logrados a distâncias superiores a um quarteirão da habitação do cão. Os vizinhos, tal qual os donos que não dão ouvidos aos seus cães, detestam ouvi-los ladrar e manifestam o seu desagrado de várias maneiras, ignorando a mais-valia canina apostada também na sua segurança. Aos menos valentes (porque os heróis são geralmente condecorados a título póstumo) e em abono da integridade canina, aconselha-se a permanência do cão dentro de casa, porque avisa atempadamente, possibilita a defesa, detecta o intruso na rua, não é visto e intimida mais. Os ladrões cientes do seu ofício detestam surpresas, elaborando para isso planos minuciosos com base na minimização dos riscos e na certeza do sucesso. O cão sempre será para eles um factor dissuasor a considerar, mais uma barreira a transpor que os poderá levar ao afastamento ou à escolha de outros alvos. Sinteticamente, a regra Quetzal é esta: um cão nunca ladra ao acaso! Há “que estar a pau!”
Numa madrugada, enquanto os donos dormiam, o bicho não parava sossegado e raspava a porta da rua, apesar das reprimendas e dos apelos sucessivos ao sossego. A insistência do cão levou o dono a pensar que se encontrava “mal da tripa”, acometido de um distúrbio gastrointestinal súbito, porque normalmente não agia assim e a idade tinha-lhe aumentado as horas de sono. No meio da chinfrineira a sua dona dizia para o marido: “ eu é que sei, os cães estão bem é no canil!” O homem vestiu o robe e calçou os chinelos à pressa, pegou na trela e lá foram escadas abaixo. Assim que se apanhou na rua, o cão “meteu as ventas ao chão” e só parou três quilómetros adiante, numa charneca escondida da luz da lua, tornada abrigo para bezerros barregueiros. O insólito levou-os ao Posto da GNR mais próximo, onde o roubo dos bezerros já havia sido comunicado pelos seus legítimos donos, uns alentejanos do Pinhal Novo. Após o retorno ao local com os guardas, regressaram a casa e o cão adormeceu sem sobressaltos. Às 9 horas da manhã desse dia alguém bate à porta e porque a dona da casa se banhava, coube ao marido o atendimento. Era o dono dos bezerros, que tomado de alegria e gratidão, entregava um envelope com algumas notas de conto, dizendo à despedida: “ abençoado seja o cão!” A mulher alheia a isto tudo perguntava da casa de banho: “quem era, quem bateu à porta?” Foi o Pai Natal que veio trazer a prenda para o Quetzal, vinte notas de conto – respondeu-lhe o marido.
O sucedido com o Quetzal tem vindo a repetir-se com outros cães noutras situações, sem contudo serem ouvidos e para arrependimento dos seus donos. Tal foi o caso do Master que denunciou a presença dum ladrão na cozinha, do Kasan que surpreendeu um intruso no quintal e de tantos outros. O ladrar dos cães é sempre um aviso, particularmente entre aqueles bem instalados e comummente ajuizados, já que o ladrar sistemático é próprio dos carentes e dos insatisfeitos, sendo prole rara e incompreendida. Os procedimentos são estes: se o seu cão ladrar no quintal, levante-se da cama, pois mais vale levantar-se do que nunca mais acordar; se o seu cão sempre ladrar à mesma hora, suspeite que algo de anormal se passa; se depois do aviso fizer menção de ir à rua (tendo condições para isso), não hesite em acompanhá-lo, porque muitos assaltos já foram detectados e logrados a distâncias superiores a um quarteirão da habitação do cão. Os vizinhos, tal qual os donos que não dão ouvidos aos seus cães, detestam ouvi-los ladrar e manifestam o seu desagrado de várias maneiras, ignorando a mais-valia canina apostada também na sua segurança. Aos menos valentes (porque os heróis são geralmente condecorados a título póstumo) e em abono da integridade canina, aconselha-se a permanência do cão dentro de casa, porque avisa atempadamente, possibilita a defesa, detecta o intruso na rua, não é visto e intimida mais. Os ladrões cientes do seu ofício detestam surpresas, elaborando para isso planos minuciosos com base na minimização dos riscos e na certeza do sucesso. O cão sempre será para eles um factor dissuasor a considerar, mais uma barreira a transpor que os poderá levar ao afastamento ou à escolha de outros alvos. Sinteticamente, a regra Quetzal é esta: um cão nunca ladra ao acaso! Há “que estar a pau!”
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