quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

ALERTA VÍBORA: PROCEDIMENTOS ESCOLARES E DOMÉSTICOS

Entre 1998 e 2000, dois jovens foram mordidos por víboras em locais diferentes, na Serra de Sintra e na Serra da Arrábida, pertencendo um deles ao grupo de escuteiros da região. Oficialmente as víboras encontram-se extintas no litoral oeste, mas tal não corresponde à verdade, basta ver o caso da Tapada de Mafra, que dista do nosso centro 800 metros, onde a víbora cornuda (vípera latastei) é muito abundante e ao que dizem (www.tapadademafra.pt/fauna-repteis.html) pode ser mortal. Para além dela, outras víboras, cobras e serpentes estão a invadir os nossos parques e serras, as provenientes de cativeiro e que acabam indevidamente por ser abandonadas, constituindo um sério perigo e uma ameaça para a sobrevivência dos binómios.

Importa destacar que só existem antídotos para o veneno em Lamego, no Quartel dos Rangers e na Base Aérea da Ilha Terceira, nos Açores. Já aconteceu Lamego não ter o antídoto e ele só chegar 5 horas depois, com os riscos daí decorrentes para a saúde dos lesados. Assim, a disciplina de pistagem só deverá ser desenvolvida entre os meses de Novembro e Março, altura do ano em que as víboras se encontram em fase de hibernação. Nos restantes meses, havendo excursões escolares ao campo, devem observar-se as seguintes regras:

1.Todos os comandantes de esquadra devem ter consigo o número de telefone do CIAV (Centro de Intoxicação Anti-veneno) que funciona 24 horas por dia e é o 808250143.
2. Os percursos a bater devem evitar o habitat natural destes répteis (zonas abertas nos limites dos bosques e matos ou em bosques relativamente abertos com montados ou pinhais). Apesar dos substratos rochosos serem da preferência das víboras, eles não limitam a sua presença, habitando também a Oeste e a Sul, as dunas costeiras e areais. Estes trilhos devem ser evitados ou previamente batidos e reconhecidos.
3. Os percursos em encosta devem ser desenvolvidos pelos lados Este e Norte, quando não estiverem expostos à incidência da luz solar.
4. Na Primavera o horário aconselhável para as excursões é entre as 8 e as 10 horas e no Verão entre as 7 e as 9 horas. Em ambas as Estações os percursos nocturnos não acarretam qualquer risco.
5. Nos trilhos a classe escolar evolui “em frente por 2”, progredindo nos seus limites e dando aos cães o seu interior, desfilando a coluna do lado esquerdo com os cães à direita e a coluna do lado direito com os cães à esquerda.

6. Anulando a surpresa e perante ecossistemas duvidosos, cabe aos condutores da 3ª fila/1ª esquadra, fazer de batedores, indo adiante 25 metros e entregando os seus cães aos homens da 2ª fila da sua esquadra, que os conduzirão “à arreata”. Esta batida é feita de ambos os lados do trilho e segundo a progressão da classe que atrás segue.
7. Estes condutores deverão munir-se de varas com 2 metros de comprido e terminadas em fisga. A víípera lastatei só ataca o homem debaixo de provocação e o simples arrastar das varas é suficiente para a pôr em fuga.
8. Nos momentos de supercompensação e descanso devem evitar-se os penhascos, muros de pedra e superfícies rochosas, nichos de ocultação natural para as víboras.
9. Na recapitulação doméstica a caça às cobras está proibida, porque o cão não distinguir uma víbora de uma cobra e isso pode ser-lhe fatal.
10. Apesar do 1º socorro passar pela aspiração do veneno, pelo corte transversal dos 3 orifícios triangulares, tal não se recomenda a ninguém, muito menos a quem tem dentes cariados, gengivas sensíveis ou aftas.

11. Pese embora o incómodo daí resultante, recomenda-se aos condutores o uso de botas altas ou polainas na Primavera e no Verão, sempre que os passeios domésticos recaiam sobre outeiros, cabeços e ermos ou a excursão escolar evolua por matagais ou zonas florestais.
12. Nas áreas circundantes aos canis devem evitar-se os amontoados de pedras e proceder-se à plantação do Manjericão (Ocimum Basilicus), que é uma planta extremamente aromática e do desagrado das víboras, produzindo o seu afastamento. Esta planta tem sido amplamente testada e aprovada no Brasil. Deve ser semeada em viveiro entre Janeiro e Março e no lugar definitivo na Primavera (ver cuidados com o manjerico: luz média e terreno húmido. A planta é muito sensível à geada).
13. Tanto as evoluções escolares quanto as excursões domésticas, nas épocas primaveris e estivais, os percursos não devem distar mais de 50 metros das vias principais de acesso, para não dificultarem a evacuação das vítimas e o seu socorro mais pronto.
14. Nas estações do ano de risco (Primavera e Verão), a condução em liberdade deve ser evitada e substituída pela condução linear atrelada.

IDENTIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DA VÍBORA CORNUDA (VÍPERA LASTATEI)

1.Comprimento: até 70 cm.
2. Cabeça: bem definida, de contorno triangular
3. Dentes: os dentes inoculadores do veneno estão situados na parte anterior da boca, sendo móveis e caniculares.
4. Focinho: muito proeminente, com 3 a 7 escamas apicais que formam um apêndice típico da espécie (daí o nome cornuda).
5. Pupila: vertical com íris amarelada e com pigmentos escuros.
6. Corpo: grosso e dorsalmente coberto por escamas fortemente carenadas (com uma saliência longitudinal).
7. Cauda: curta e muito mais fina em relação ao corpo, com manchas amareladas, alaranjadas ou vermelhas.
8. Particularidades: na região vertebral aparece um ziguezague mais escuro com o bordo mais contrastante. Na parte posterior da cabeça existem duas manchas que formam uma espécie de “V” invertido.

DIFERENÇAS ENTRE A VÍBORA CORNUDA E A VÍBORA DE SEOANE (VÍPERA SEOANEI)

1. É menor que a anterior (de 50 a 60 cm de comprimento).
2. É nocturna nos meses mais quentes.
3. Não tem focinho.
4. Quase não tem cauda.
5. Está sempre enrolada de cabeça para cima, pronta a defender-se.
5. Pode ter uma coloração uniforme e sem ziguezagues, ser inclusive preta.
6. Vive em climas húmidos e frios.
7. Pode ser encontrada a 2.000 m de altitude.
8. É também conhecida por cobra negra, víbora ou víbora negra. Geralmente habita no norte da Península.
Estas são as víboras da fauna portuguesa, mas existem por aí outras mais e um sem número de cobras e serpentes descartadas. O comércio global também tem facilitado a proliferação de espécies exóticas e invasoras. Por serem tantas é impossível descrevê-las na sua totalidade. O que importa é o alerta e a prevenção, o respeito pelas normas que podem reduzir o número das vítimas. As víboras peninsulares apenas atacam 1% da população adjacente aos seus habitats naturais. Felizmente a maioria das pessoas viverá sem encontrar alguma delas. Ao mesmo tempo, importa proteger os cães e evitar a morte das víboras que são espécies protegidas.

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