terça-feira, 6 de junho de 2023

TERIA O NRP MONDEGO FALTA DE UM?

 

Estou a referir-me a um Labrador amarelo chamado Ike, designado como “cão de instalação” que vai juntar-se à guarnição do USS Wasp, um navio de guerra anfíbio da Marinha dos Estados Unidos, para melhorar a moral e a saúde mental do pessoal a bordo (marinheiros e fuzileiros navais). Um cão com estas funções dá muito jeito em qualquer navio seja de que marinha for, mas não resolveria os problema técnicos e a falta de segurança no NRP Mondego, navio da Armada Portuguesa atribuído à zona marítima da Madeira, onde ineditamente mais de uma dezena dos seus militares se negou a cumprir a missão que lhe foi confiada – acompanhar a passagem de um navio russo que passava a norte da Ilha de Porto Santo. Ao contrário da Marinha Portuguesa, que tem missões a mais para o material obsoleto que tem, a marinha norte-americana está em constante modernização. O USS Wasp, para onde vai o Labrador Ike, é um porta-aviões e um navio de assalto anfíbio, projectado especificamente para acomodar o novo Landing Craft Air Cushion (LCAC), próprio para movimentar rapidamente tropas sobre as praias, e o Harrier II (AV-8B), jactos de descolagem e aterragem verticais/curtos (V/STOL) que fornecem apoio aéreo aproximado para as forças de assalto (na foto abaixo).

Material bélico à parte, o Ike desde cachorro que treina no MUTTS WITH A MISSION, uma organização sem fins lucrativos que treina cães de serviço de classe mundial para veteranos com deficiência, bombeiros, socorristas e polícias a custo zero para os destinatários. Foi ali treinado para vir a ser colocado como um conselheiro de resiliência de implantação a bordo do Wasp. Questionada acerca das funções do cão, Brooke Corson, fundadora e treinadora de cães, disse a propósito: “O Ike (na foto seguinte) irá trabalhar ao lado do seu treinador para fornecer serviços como alertar sobre a ansiedade de outras pessoas e responder a tragédias a bordo em casos individuais. Existem tarefas para as quais ele é treinado para ajudar a aliviar a ansiedade, como quando os indivíduos precisam de relaxar e reorientar-se. Ele também pode aplicar pressão directa a alguém que está a ter um ataque de ansiedade e ajudá-lo a resolver isso."

O programa da Mutts With A Mission é recente. A organização acabou de instalar outro cão, o Sage, a bordo do USS Gerald R. Ford. O Wasp será o primeiro navio LHD (landing helicopter dock) a receber a bordo um cão de instalação enquanto o programa ainda está na fase piloto com a Marinha e o Departamento de Defesa. Embora Ike tenha treinado desde as 8 semanas de idade para ser um cão de serviço, só agora o labrador amarelo se qualificou para ser um cão de instalação, disse Corson. 

Os cães de serviço completam o mesmo programa rigoroso de treino dos cães de serviço. No entanto, em vez de ajudar um indivíduo com deficiência, eles ajudam várias pessoas a lidar após um evento traumático ou ambiente excessivamente stressante, de acordo com o site do Mutts With A Mission. “Não decidimos antes do fim se eles serão ou não um cão de serviço”, explicou Corson. "Queremos realmente garantir que eles consigam o emprego em que são melhores e [onde] são mais felizes." Está claro que Ike "adora estar a bordo do Wasp", informou a mesma treinadora. "Ele adora a energia do navio e estar sempre ocupado. Portanto, este é um ajuste perfeito para ele."

Um navio de assalto anfíbio é projectado para implantar e apoiar forças terrestres em terra, com capacidade para hospedar tanques, helicópteros, uma variedade de veículos de apoio e carga. A embarcação fez sua grande entrada na cidade de Nova York na semana passada no final do desfile cerimonial de navios da Fleet Week. O USS Wasp, que tem 843 pés de comprimento (256.9464m), pode transportar até 3.000 pessoas em plena capacidade. O Wasp abriga a "arma mais importante" dos militares dos EUA, que é o Corpo de Fuzileiros Navais e a Marinha, disse David Forster, presidente da Amphibious Warship Industrial Base Coalition, em entrevista à Fox News Digital. O "propósito pretendido" do navio é transportar os seus membros para servir em áreas específicas de necessidade, incluindo ajuda humanitária, protecção da pátria contra ataques anfíbios, segurança nacional e outras missões, explicou este especialista. Quando o navio de guerra multibilionário fez a sua grande entrada na cidade de Nova York, Ike pôde participar das festividades da Fleet Week, disse orgulhosa a treinadora Corson. 

Mais depressa do que se espera, também as nossas Forças Armadas virão a ter cães destes, cuja necessidade e proveito são mais do que evidentes. Ainda sobre o caso do NRP MONDEGO, para além material moderno, falta pessoal à nossa Marinha para assumir as suas missões. Eu não sei se aqueles sargentos amotinados foram heróis ou vilões, mas estou em crer que os seus serviços virão a ser brevemente solicitados (se já não foram). A culpa jamais será de quem anda no mar obrigado a improvisar, mas dos sucessivos governos que, incapazes de governar, têm vindo gradualmente a hipotecar a nossa soberania e o nosso mar.

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